Todos os gestores que defendem as Organizações Sociais de Saúde justificam que eficiência e menos burocracia fazem a dobradinha do sucesso. Balela! Voltamos a falar de Ubatuba, onde moradores continuam com dificuldades para marcar consultas. Na unidade, que passou a ser gerida por uma OSS há dois meses, os agendamentos estão suspensos por falta de – pasmem – secretária.
E não dizem que o serviço público é que é engessado e demora para contratar por conta da exigência de concurso público? A insatisfação popular acabou virando assunto de uma reportagem do G1. Veja abaixo ou acesso o link com reportagem e vídeo aqui:
Moradores têm dificuldade para marcar consultas em Ubatuba, SP
Em março, organização assumiu gestão da saúde na cidade. Espera para marcação de consulta chega a cinco meses.
Moradores de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, estão insatisfeitos com a saúde pública.
Eles reclamam da falta de médicos pra atender nos postos de saúde e que a espera para marcação de consulta chega a cinco meses.
O problema teria começado depois que mudou a gestão da saúde na cidade. Em março, uma organização social assumiu os serviços. Na entrada da UBS do Estufa 2, por exemplo, um cartaz informa que não é possível agendar consultas por falta de secretárias pra fazer as marcações.
A faxineira Adelina da Silva não consegue uma consulta para o filho. “Eu to com um filho de 1 ano e 8 meses, tenho que fazer os exames dele, já passou [o prazo], acho que vou ter que pegar outro papel [de encaminhamento]. Tem muita criança aqui precisando de pediatra, disse.
Ela contou que também precisou de atendimento e foi ao posto de saúde, mas teve que procurar outra unidade. “Chegou lá, contou que não tinha pessoa atualizada para medir a pressão”, disse. E essa falta de profissionais tem aumentado o movimento no pronto atendimento da Santa Casa. “Todo dia tem muita gente, pouco atendimento médico e muita população necessitando destes agendamentos”, disse o jardineiro Marcelo Santos.
Em média, 680 pessoas passam pela Santa Casa, diariamente. Segundo a direção, a maioria dos casos não é emergencial e deveria ser atendida nos postos de saúde. “Com certeza, 80% teriam que ser atendidos na unidade básica, isso sobrecarrega nosso atendimento aqui. Isso tudo gera, toda uma [demanda] por outra estrutura. Ele tem que ser medicado, acolhido”, disse o provedor da Santa Casa, Silvio Bonfiglioli.
Outro lado
Até o ano passado, a prefeitura tinha um convênio com a Santa Casa, que era responsável pela contratação dos profissionais de saúde que atuavam nas unidades básicas do município, mas em janeiro, esse contrato foi rompido. O contrato custava R$1,3 milhão por ano ao município.
Por isso, a administração municipal contratou uma nova empresa pra fazer a gestão dos postos de saúde. A empresa ficou responsável também pela manutenção dos prédios. “Contrato de gestão do serviço, gestão das unidades, enfim, toda gestão é com essa organização para ter mais agilidade nos serviços à população”, disse o secretário de saúde Ronaldo Jesus dos Santos.
O secretário de saúde nega a falta de médicos nos postos, mas reconhece que ainda há algumas falhas por conta das mudanças na gestão. “Nós mantivemos o mesmo número de médicos, são 23 médicos e não há indicação que faltem médicos. Hoje estamos com um problema pontual e estamos resolvendo esse problema”, afirmou.
A organização social Bio Saúde, que assumiu a saúde na cidade, não quis gravar entrevista, mas disse que a nova gestão está em fase de transição pra melhorar os serviços. E que, por isso, é normal ter esse tipo de problema. Ainda segundo a prefeitura, a organização tem até maio pra finalizar as adaptações.
Sobre a falta de secretária no posto do Estufa 2, a prefeitura informou que colocou uma recepcionista no local. Ela vai fazer os agendamentos de consultas às terças e quintas.