Tribunal de Contas reprova contrato de OS que executa exames nos Hospitais Estaduais de São Paulo

Tribunal de Contas reprova contrato de OS que executa exames nos Hospitais Estaduais de São Paulo

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Recentemente mostramos aqui no Ataque aos Cofres Públicos que a Organização Social (OS) Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo em Diagnóstico por Imagem (FIDI), responsável pela execução de exames de diagnóstico no Hospital Guilherme Álvaro (HGA), em Santos, não alcançou as metas de procedimentos prevista no contrato com a Secretaria de Estado da Saúde.

O levantamento foi divulgado após a página solicitar informações à Secretaria, com base na Lei de Acesso à Informação. Saiba aqui os detalhes.

Um fato novo mostra que as divergências entre o que foi contratado e o que foi executado, não só no HGA como em todos os hospitais do SUS onde a FIDI atua, também estão são motivo de alerta no Tribunal de Contas do Estado (TCESP).

Na última terça-feira (20/10), o Tribunal TCESP divulgou que entre os recursos que julgou mantendo posicionamento de reprovação de contas está o contrato que tem a FIDI como beneficiária. A rejeição diz respeito a um convênio firmado com a OS em janeiro de 2009, por R$ 25.068.000,00. Também foram rejeitados o Termo Aditivo celebrado no mesmo mês, além dos Termos de Retirratificação celebrados em abril e agosto de 2009.

A FIDI entrou com recurso e o Tribunal rejeitou todas as alegações, mantendo a irregularidade do convênio. Dentre os problemas apontados estão: falta de demonstrativos técnicos evidenciando quais seriam as supostas vantagens econômicas para a coletividade e a inexistência de parâmetros objetivos acerca do valor ajustado.

Em relatório que detalha os argumentos para a reprovação do contrato, o TCESP ainda cita que “não há nos autos indicação clara de quais as atividades desempenhadas pela Conveniada com materiais e equipamentos dos hospitais públicos, e quais seriam executados com equipamentos próprios da Fundação. Não há estudo acerca da demanda reprimida e das necessidades operacionais de cada hospital, tampouco indicação do quantitativo respectivo ofertado, o que reflete na inexistência de metas quantitativas e qualitativas no Plano de Trabalho”.

E ainda: “a configuração peculiar do Convênio, totalmente “abastecido” pelos Termos Aditivos seguintes, evidencia o total descontrole da Origem quanto aos parâmetros objetivos do ajuste (…) Também quanto aos Termos Aditivos, a inexistência de transparência impossibilita qualquer análise técnica acerca do considerável aporte financeiro nas parcelas mensais devidas no exercício de 2010, em comparação com o exercício de 2009”.

Chama ainda a atenção o resumo fundamentando a medida do TCESP: “a inexistência de quase todos os requisitos dos incisos do art. 116, §1º, da Lei nº 8.666/93 descaracteriza o convênio como tal, tornando temerário o repasse dos recursos públicos”.

Veja aqui o relatório do processo e o voto

 

SISTEMA FRAUDULENTO ORGANIZADO PARA LUCRAR ÀS CUSTAS DO ESTADO

Organizações Sociais (OSs), Oscips, ONGs e outros tipos de entidades “sem fins lucrativos” recebendo dinheiro público nada mais são que empresas com redes de atuação muitas vezes bem organizadas e sofisticadas para lucrar burlando os mecanismos de controle de gastos em áreas públicas e fraudando o estado. Quase sempre atuam em vários municípios de mais de um estado da federação.

Conforme documento da Frente em Defesa dos Serviços Públicos, Estatais e de Qualidade, “OSs e oscips somente se interessam em atuar em cidades e em serviços onde é possível morder sobretaxas nas compras de muitos materiais e equipamentos e onde pode pagar baixos salários. O resultado é superfaturamento em todas as compras (o modelo dispensa licitação para adquirir insumos e equipamentos), a contratação sem concurso público de profissionais com baixa qualificação e, por vezes, falsos profissionais.

O dinheiro que é gasto desnecessariamente nos contratos com estas empresas sai do bolso do contribuinte, que paga pelos serviços públicos mesmo sem utilizá-los e acaba custeando o superfaturamento e os esquemas de propinas para partidos e apadrinhados políticos”.

Santos está caminhando nesta direção desde o final de 2013, quando o governo municipal criou o projeto de lei das OSs e os vereadores a transformaram em lei sem qualquer discussão com a população.

A primeira unidade a ser terceirizada será a UPA que substituirá o PS Central. O contrato deve ser assinado nesta semana e os trabalhos da Fundação ABC, escolhida para tomar conta da unidade, começam 45 dias depois. Há a intenção do governo em firmar contratos no Hospital de Clínicas (antigo Hospital dos Estivadores) e também em unidades e programas da área da Cultura, Educação, Esporte e Assistência Social.

Para saber mais sobre esse verdadeiro golpe em andamento leia a cartilha Santos, Organizações Sociais e o Desvio do Dinheiro Público.

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