MPT quer impedir Governo do Piauí de contratar Organizações Sociais para hospitais

MPT quer impedir Governo do Piauí de contratar Organizações Sociais para hospitais

Para o Ministério Público do Trabalho (MPT) é pacífico o entendimento que Organizações Sociais (OSs) administrando hospitais e unidades públicas contrariam a Constituição Federal.

Tanto é assim que o  MPT do Piauí protocolou, na última sexta-feira (23), uma petição na Justiça do Trabalho requerendo que o Estado seja impedido de promover a terceirização de atividades finalísticas, por meio da contratação de Organizações Sociais para prestar serviços públicos de saúde nos hospitais estaduais.

Uma das investidas do Governo do Estado rumo à privatização da saúde pública ocorreu no Hospital de Picos, onde trabalhadores e ativistas pró-SUS fizeram atos nas últimas semanas para tentar resistir.

hosp_picos_ato

Na ação o MPT pede que, em caso de descumprimento, a multa seja de R$ 1 milhão de reais, mais R$ 10 mil por dia de vigência da contratação irregular e ainda R$ 1 mil reais por trabalhador encontrado em situação jurídica irregular.

O procurador do Trabalho José Heraldo de Sousa, responsável por protocolar a medida, disse que a medida precisou ser tomada porque houve o descumprimento de um Termo de Conciliação Judicial, assinado em 2011, em que o Estado se comprometeu a não terceirizar nenhuma atividade na área de saúde. “Trata-se de uma violação de acordo. O Estado descumpriu o que foi acordado na medida em que já firmou contrato com uma organização social para gestão administrativa do Hospital Regional Justino Luz, em Picos”, alertou o procurador.

Para o MPT, essa contratação fere a Constituição Federal e configura fraude nas relações de trabalho, pois o Estado pretende contratar, por meio de terceiros, novos trabalhadores para desempenhar atividades próprias da administração pública. A OS apenas assinaria as carteiras do empregados, mas o Estado do Piauí é que continuará bancando os salários.

Da forma como o contrato está sendo firmado, o Estado está transferindo para a OS toda a estrutura do Hospital Justino Luz, com equipamentos e insumos, como também o pagamento dos profissionais a serem contratados. “O valor anual do contrato é de R$ 37.200.000,00 e o Estado irá financiar todos os custos de funcionamento do hospital. Isso não é terceirização. É uma tentativa de burla da lei”, afirma José Heraldo.

De acordo com posicionamento oficial do MPT, a terceirização só é cabível, em tese, se o contrato da organização social ocorresse para complementar, em uma instituição privada, os serviços já prestados pelo Hospital Justino Luz, o que não está previsto no contrato firmado pela Secretaria Estadual de Saúde com a OS Instituto de Gestão e Humanização. “Se a Justiça do Trabalho não impedir, o que de fato irá acontecer é o Estado se desvencilhando da contratação direta de pessoal, mascarando o vínculo de emprego por meio da OS”, finalizou o procurador do Trabalho.

Saiba mais sobre a polêmica da terceirização no Hospital de Picos (PI)

Servidores do Hospital de Picos fazem protesto contra Organização Social

Deputados pedem apuração sobre contrato de terceirização de hospital no Piauí

Justiça suspende terceirização de Hospital no Piauí

Deixe um Comentário

Você precisa fazer login para publicar um comentário.