Não é segredo que o serviço de urgência e emergência que atende a população da Zona Leste de Santos é insatisfatório e que o sistema vem sendo sucateado por anos pelos governos que se revezam no poder. Porém, o que é ruim vai piorar ainda mais! E já nas próximas semanas!
Depois de terceirizar o PS Central, transformando-o em uma UPA gerida por uma em- presa repleta de irregularidades no currículo, e de entregar a gestão do Hospital dos Estivadores para uma Organização Social (OS), o Governo de Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) começa a fazer o mesmo com o Pronto Socorro da Zona Leste.
A Prefeitura gastará milhões para demolir o atual prédio e construir um outro no mesmo lugar e todo esse investimento será entregue de presente para uma OS administrar, em troca de gordos repasses de dinheiro.
Esta OS certamente contratará outras empresas fornecedoras de mão de obra, que por sua vez também lucrarão com o dinheiro que o santista paga em impostos. A futura empresa gestora poderá usar toda a estrutura e equipamentos custeados com dinheiro público sem investir um centavo. E terá carta branca para comprar com verba do SUS todo o tipo de material e medicamentos.
Tudo isso sem licitação, pelo preço que quiser e de quem quiser e sem estar sujeita a fiscalização quanto à qualidade do serviço e quanto ao uso dos recursos! Esse é o negócio dos sonhos para qualquer empresário. Não precisa investir, não tem riscos e ainda é possível economizar na qualidade para aumentar os ganhos. Até que isso aconteça, a população que depende do atendimento do PS da ZL vai pagar com muito sofrimento. É que por pelo menos 18 meses (tempo estimado para a construção do novo imóvel onde funcionará a UPA) o povo vai precisar buscar atendimento em um outro local menor e sem estrutura.
Os servidores que atuam na unidade não se conformam em ser remanejados para um prédio sem condições de trabalho. Muitos se sentem obrigados a prestar um atendimento improvisado. Vários serviços serão suspensos e as pessoas terão de procurar atendimento em outros locais, peregrinando para passar pelo traumatologista, fazer um Raio X, uma imobilização ou mesmo para conseguir um leito.
Na última sexta-feira (11), sábado (12) e também nesta segunda (15), os trabalhadores exigiram explicações da Secretaria de Saúde e, no dia seguinte, entregaram uma carta aberta à população denunciando tudo o que está acontecendo. Veja abaixo:
Leia a carta na íntegra:
VOCÊ PRECISA SABER DISSO!
Agosto de 2016
A POPULAÇÃO DE SANTOS ESTÁ SENDO ENGANADA E NO FUTURO SERÁ LESADA
O Pronto Socorro da Zona Leste / Macuco, que fica na Afonso Pena, atende o seu bairro e os bairros mais populosos da Cidade: Ponta da Praia, Aparecida, Boqueirão, Embaré, Macuco, Estuário e Encruzilhada, aproximadamente 130 mil habitantes. Além de atender essa população atende pessoas de Guarujá, São Vicente e Cubatão, aqueles que não encontram atendimento nessas cidades.
Esse Pronto Socorro (PS) tem Sala de Emergência com 4 leitos, Repouso com 16 leitos (8 femininos e 8 masculinos), além de equipamento de Raio X, Gesso e sala para Medicação. Tem 170 funcionários (Médicos, Enfermeiros, Auxiliares e Técnicos de Enfermagem, Técnicos de Imobilização Ortopédica, Administrativo e Operacional). Atende, em média, 330 pessoas/dia em Pediatria, Ortopedia, Clinica Geral e Odontologia.
Há anos a população desses bairros aguarda por obras de ampliação e melhorias na estrutura e no atendimento. Ao invés disso, para justificar a entrega desse PS para empresas de terceirização, as administrações sucatearam a unidade – faltam funcionários, material médico, macas, carros e ambulâncias, medicamentos, entre outros.
Logo vão apresentar a “solução mágica”: entregar para empresas que levam muita grana dos cofres das cidades e arrasam o atendimento, como aconteceu em Bertioga e está acontecendo em Cubatão. A terceirização para as Organizações Sociais, há anos, vem causando enormes prejuízos à população atendida, ao imposto pago pelos munícipes e aos servidores. No início o atendimento é “bonitinho”, depois vira um caos.
O próprio Tribunal de Contas do Estado de São Paulo demonstrou em relatório que o número de mortes nos hospitais terceirizados é muito maior que nos hospitais administrados pelos governos, e o custo dos serviços privatizados é muito maior.
O prefeito de Santos (agora candidato à reeleição) já entregou o Pronto Socorro Central e o Hospital dos Estivadores para essas empresas duvidosas e agora quer fazer o mesmo com o PS que atende o seu bairro. Mas uma parte da maldade começa antes: O atual Pronto Socorro será demolido para a construção de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Enquanto isso, querem retirar todos os profissionais e serviços do atual PS da Afonso Pena e socar, por pelo menos 15 meses, apenas uma parte dos atendimentos em um imóvel (alugado por R$ 25.000,00 mensais e mantido fechado desde 2015, com reforma que já consumiu R$ 136.169,37), que não tem sequer autorização do Corpo de Bombeiros (AVCB) para funcionar.
Ou seja, a unidade que já está estrangulada vai ficar ainda mais precária e oferecendo mais riscos para pacientes e funcionários.
Esse “quebra-galho” perigoso terá somente 4 leitos para o repouso e 2 para a sala de emergência. Perde atendimentos de Raio X, Gesso, Ortopedia e Pediatria, o que causará sérios transtornos aos munícipes que precisarem de atendimento de emergência. O empurra-empurra será a nova maneira de tratar os desafortunados doentes
Toda essa reviravolta está sendo feita sem conhecimento prévio da população residente nos bairros atendidos por esse PS, sem informação para os profissionais que atendem diretamente a população, causando muita apreensão, visto que no “quebra-galho” não cabem os funcionários e muito menos os equipamentos que permitem atender as emergências.
E, após tudo isso, a nova UPA será benevolentemente “leiloada” para outra Organização Social, ou seja, a população paga a conta dos atendimentos já precários. Antes que isso chegue ao fim, essa mesma população será maltratada e, no futuro, verá o dinheiro que paga na forma de impostos ser apropriado por empresários inescrupulosos e amigos dos prefeitos.
VOCÊ PAGA O SALÁRIO DO PREFEITO, PAGA OS SERVIÇOS DE SAÚDE E, POR ISSO, MERECE MAIS RESPEITO. NÃO ACEITE POUCO CASO COM SUA VIDA E COM O USO DO SEU DINHEIRO.