Uma conquista histórica da cidade de Cubatão, o Hospital Municipal Dr. Luiz de Camargo da Fonseca e Silva, está prestes a ser entregue à privatização. Foi o que sinalizou o prefeito Ademário Oliveira (PSDB), em reportagem desta quinta-feira (20), do Jornal A Tribuna.
Depois de anos sendo explorado pelo modelo de publicização (gestão por organizações sociais), depois de anos de terceirização drenando os recursos do SUS e sucateando a estrutura física, o Hospital está sendo rifado para a iniciativa privada. Está sendo colocado à disposição dos empresários do setor hospitalar que quiserem lucrar com ele.
Ademário já havia sinalizado antes que pretende ceder parte do prédio e alguns setores a médicos a empresas ligadas a planos de saúde. Isso não é salvar o hospital, como prometido em campanha. Isso é enterrá-lo de vez!
No mesmo local onde muitas vidas foram salvas sem que fosse preciso analisar a condição socioeconômica do paciente, pode começar a se criar uma divisão física e qualitativa no atendimento. Os que não puderem pagar usarão apenas uma parte das instalações e serviços. Os que puderem pagar terão acesso a condições melhores. Se isso de fato acontecer, será um retrocesso sem igual na política de saúde.
Na melhor das hipóteses vai continuar havendo o acesso a todos, mas com algumas áreas sendo comandadas por empresas remuneradas pelo município. Ou seja, muito similar ao sistema anterior, das OSs, que tantos prejuízos causaram por serem mais caras, pouco eficientes e nada transparentes.
O termo usado durante reunião com empresários, em um evento patrocinado por uma empresa de comunicação, é um eufemismo: “parcerias com a iniciativa privada”, foi dito. “O hospital pode ser superavitário”, foi falado. Superavitário para quem? Daremos o nome certo: PRIVATIZAÇÃO. Uma privatização custeada com recursos do Sistema Único de Saúde (SUS).
O SUS existe para garantir que o acesso à saúde de qualidade seja um direito de todos (universalidade e equidade) e que seja gratuito (100% público).
Abrir as portas do Hospital MUNICIPAL de Cubatão, convidando empresas hospitalares para ocupar parte do prédio e dos serviços, é fechar a porta do SUS na cara de quem mais precisa dele: os mais pobres, que não podem pagar plano de saúde ou consultas particulares.
O prefeito Ademário diz que “Não foi eleito para ser mais um, mas para fazer a diferença”. Que faça a diferença iniciando a difícil, mas, necessária, tarefa que é devolver o hospital à administração direta, abrindo concursos públicos para as atividades-fim (médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem etc) e deixando a terceirização para as atividades-meio, como limpeza e afins. Está na Constituição Federal, tão ignorada pelos prefeitos de Cubatão e de outras cidades: Saúde é direito do cidadão e dever do Estado”
Veja abaixo a matéria do Jornal A Tribuna, na íntegra. E aqui você confere outra matéria do mesmo jornal, onde o prefeito Ademário fala em firmar parceria com empresa de plano de saúde ligada à Usiminas, a Fundação São Francisco Xavier.