Em Campinas (SP), foi necessária uma grande operação do Ministério Público Federal e da Polícia Militar ser deflagrada, na semana passada, para a Prefeitura enxergar o óbvio: não vale a pena colocar organizações sociais (OSs) e demais entidades para tomar conta de serviços essenciais como saúde.
Segundo o Governo da maior cidade do interior do Estado de SP, a gestão do Hospital Ouro Verde, que até então estava sob o comando da OS Vitale, passará a ser municipalizada.
A suspensão do contrato entre o Executivo e a empresa foi publicada no Diário Oficial, nesta segunda-feira (4), após investigação do Ministério Público apontar que houve desvio de aproximadamente R$ 4 milhões da unidade, incluindo superfaturamento e propina.
De acordo com o presidente da comissão de intervenção do Ouro Verde, Marcos Pimenta, que também é presidente do Hospital Mário Gatti – a verba que seria destinada à Vitale – teto mensal de R$ 10,9 milhões – será repassada aos funcionários para o pagamento dos salários.
Suspensão da greve
Também nesta manhã os funcionários, enfermeiros e médicos da unidade decidiram em votação pela suspensão da greve. A maioria dos trabalhadores escolheu dar um voto de confiança para a Prefeitura, que prometeu o pagamento dos salários e férias para esta quarta (6).
De acordo com o decreto publicado no Diário Oficial do Município nesta segunda, a comissão terá que definir o plano de trabalho, levantar informações necessárias para a transição, convocar servidores para participar dos trabalhos e autorizar os pagamentos para manter o hospital em funcionamento.
Segundo o Governo, a municipalização será permanente. Os membros da comissão – formada por dois representantes da Secretaria de Saúde e dois do Hospital Municipal Dr. Mário Gatti – terão acesso a todos os órgãos da administração direta e do complexo.
Em entrevista à EPTV, afiliada da TV Globo, Marcos Pimenta, responsável pela presidência da comissão, disse que a gestão será unificada entre os dois hospitais. “Na realidade, são dois hospitais municipais. A municipalidade está assumindo a gestão do Hospital Ouro Verde. Essa gestão será unificada junto com a gestão do Mário Gatti”.
Os crimes investigados envolvendo a Vitale
Noticiamos na semana passada que a Operação Ouro Verde teve como alvo diretores da Vitale e também um servidor público incumbido de analisar a prestação de contas da OS. No total quatro pessoas foram presas. Foram realizados ainda mandados de busca e apreensão em outras seis cidades do Estado. Além de carros de luxo, os policiais e promotores apreenderam R$ 1,2 milhão na casa de um servidor responsável pela análise das contas da Vitale.
As investigações continuam e há suspeitas que os valores desviados ultrapassem os R$ 4 milhões já detectados.