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2018: RETRATOS DE UMA CÂMARA QUE VIVE DE FLASHS E HOMENAGENS

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“Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi”, diz a música tema de todo fim de ano. Usando a canção clichê como parâmetro, podemos dizer que em 2018, na Câmara de Santos, os momentos foram muito mais de risos e tapinhas nas costas do que de embates e enfrentamentos para cobrar e propor soluções aos problemas históricos da Cidade.

Teve choro? Teve, de emoção, por exemplo, na transição da Mesa Diretora para o novo biênio. Teve congraçamento? Sim, os laços entre Legislativo e Executivo continuaram estreitos e harmônicos. Não faltaram os votos favoráveis necessários a todos os projetos governistas. Como sempre.

Em abundância nesta retrospectiva de 2018 destacamos também os holofotes conquistados em eventos de homenagens e entrega de títulos e medalhas a personalidades. Não por acaso, os momentos renderam bons espaços nas colunas sociais locais. Contamos este ano pelo menos 57 aparições ou citações de vereadores nesse tipo de mídia, em eventos internos ou externos, onde a população não se vê representada. Gostaríamos de reproduzir uma a uma as publicações, mas é impossível.

A frivolidade da Câmara também aparece nos números de sessões solenes. Foram 54 ao longo do ano. Sessões ordinárias e extraordinárias, onde, em tese, deveriam ser discutidas e decididas políticas para melhorar a qualidade de vida dos moradores, foram ao todo 86.

Isso significa que para cada 10 sessões realizadas, 4 tiveram o objetivo de entregar diplomas, títulos, placas ou medalhas, principalmente para empresas ou expoentes do mundo empresarial e político. Tivemos até empresa implicada em investigações de trabalho escravo recebendo os parabéns do parlamento municipal.

Este ano também foram aprovados 28 projetos de decretos legislativos para outorga de homenagens como a de “Cidadão Santista”, “Cidadão Emérito de Santos”, Medalha de “Honra ao Mérito Brás Cubas”, entre outros. Até o então candidato ao Governo do Estado, João Dória (PSDB), que nada fez por Santos, foi alvo de projeto de homenagem.

Felizmente, em 2018, o número destas iniciativas parlamentares inúteis foi menor do que no ano anterior, quando foram registrados 53 trabalhos deste tipo. Os números excessivos em 2017 e no 1º semestre deste ano foram alvos de matérias nesta página e também de muitas críticas nas redes sociais, o que talvez explique o decréscimo desse tipo de projeto.

Render homenagens com chapéu alheio (os contribuintes pagam essa conta) custou relativamente caro. É o que mostra o Portal da Transparência da Câmara, onde constam três contratos para fornecimento de diplomas em pergaminho animal, placas e medalhas em aço escovado, além de 20 mil convites para as tais sessões solenes. Juntos eles somam R$ 74.600,00.

O próximo período é pré-eleitoral. Continuaremos acompanhando os passos de cada mandato.

Vereadores de Santos, para quem eles trabalham?