Recebemos denúncias de que na manhã desta quinta-feira (28) a UPA da Zona Noroeste, inaugurada há 10 dias e cuja gestão foi entregue pela Prefeitura para a empresa SPDM, ficou sem oxigênio.

Uma das pessoas que entrou em contato com a página disse que os pacientes da ZN com quadro emergencial e atendidos pelo SAMU não puderam ser levados para a UPA da região. Pelo menos até 12h30 desta quinta-feira a orientação é que fossem para a UPA Central, que fica na Rua Joaquim Távora, na Vila Mathias.

Além deste problema, também tem causado dificuldades aos socorristas que atuam no Serviço Móvel de Urgência a falta de colchões nas macas da unidade.

Relatos de usuários e familiares nas redes sociais também dão conta de que a falta de oxigênio prejudicou a prestação de serviços como, por exemplo, inalação.

Uma semana após o prefeito de Santos cortar as fitas de inauguração do prédio, as críticas ao atendimento conduzido pela organização social SPDM só crescem, a despeito das tentativas do governo de enaltecer o modelo de gestão e de colocar a culpa pela demora e pela desorganização da OS no número de pessoas que vem de outras cidades.

Na audiência pública sobre as Finanças da Saúde, realizada nesta quarta-feira (27), na Câmara, o secretário de Saúde, Fábio Ferraz, disse que mais de 40% das pessoas que estiveram no serviço nas 24 horas anteriores eram de fora de Santos, especialmente de São Vicente.

Sempre o mesmo discurso! Historicamente os equipamentos da Zona Noroeste e também os demais têm entre 30% e 35% de atendimentos vindo de fora do Município. Isso sempre foi assim, não só em Santos mais em outras cidades polo de regiões metropolitanas do Brasil. Nesta semana, na UPA da ZN, o número pode até ter sido um pouco maior que o normal. É natural, diante da abertura do prédio novo.

Vale lembrar que Santos recebe mais verba de Média e Alta Complexidade (MAC) exatamente por ter esse perfil de cidade polo. Repetimos: pessoas das cidades com menos recursos procurarem atendimento na cidade polo de uma determinada área é algo absolutamente esperado. Por isso a cidade polo recebe mais na verba MAC.

Importante dizer que uma das premissas do SUS é o acesso universal. Alguém que mora em Santos e estiver do outro lado do país pode e deve ser atendido na rede pública desta outra localidade como se fosse um habitante daquela área.

Também se faz necessário ressaltar que a maior parte das pessoas que utilizam a saúde de Santos sem ter residência fixa na Cidade o fazem porque trabalham e passam a maior parte de seus dias na cidade polo da Baixada Santista.

Essas pessoas deixam diariamente seu suor, ou seja, depositam sua força de trabalho, em empresas estabelecidas em Santos, que por sua vez geram arrecadação de tributos e circulação de recursos em Santos. Se essas pessoas produzem valor com seus braços valor, se elas geram a riqueza em Santos e apenas dormem nas áreas periféricas e cidades vizinhas (até porque morar às margens custa menos), por que raios elas não podem ser tratadas em Santos.

Por que as autoridades, inclusive o senhor prefeito Paulo Alexandre Barbosa, o secretário de Saúde, Fábio Ferraz, e a maioria dos vereadores amigos do prefeito continuam reproduzindo esse discurso de fundo preconceituoso? Por que eles apontam que são os moradores do entorno que trazem problemas para a saúde santista? Por quem não dizem a verdade, ou seja, que o grande problema é a ineficiência da gestão terceirizada e o subfinanciamento do SUS como um todo?

Com paciente de fora ou não, a UPA da ZN é mais um engodo na Saúde de Santos. Depois da UPA Central, que é campeã de reclamações e que conta com uma OS ficha suja ganhando rios de dinheiro, o ciclo da irresponsabilidade administrativa ganha fôlego novo com a UPA da ZN, também terceirizada para outra OS ficha suja.

Mais incompetência, mais dinheiro aplicado sem transparência, mais discursos enganosos tentando justificar o injustificável!

Veja abaixo os comentários extraídos do post sobre mau atendimento, da página Zona Noroeste, no Facebook: