Trabalhadores da organização social Associação Goiana de Integralização e Reabilitação (Agir) estão mobilizados contra redução salarial, retirada de diversos direitos e sucateamento de unidades de saúde onde prestam serviço.
Ontem os trabalhadores do Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), administrado pela OS, fizeram uma paralisação para mostrar a revolta com situação da unidade de saúde. Uma das profissionais filmou o ato e lembrou que alguns profissionais estão de braços cruzados para exigir dignidade.
“A cozinha está parada, o processamento está parado, os maqueiros… Os pacientes vão ficar sem comer, porque reduziram os nossos salários”, narrou.
De acordo com a trabalhadora, foram retirados da folha a assiduidade e o triênio, e diminuíram a insalubridade. “Estamos trabalhando dobrado, o plano de saúde foi retirado de nós, os equipamentos estão sucateados”, denunciou a cinegrafista, que também acusou a retirada da creche das mães. “A maioria, aqui, são mães solteiras que sustentam a casa”, disse.
Cerca de 300 trabalhadores do Centro de Reabilitação e Readaptação Dr Henrique Santillo (Crer), outra unidade administrada pela OS Agir, também protestaram na manhã desta segunda-feira (1). As mesmas denúncias e reivindicações deram o tom da manifestação.
As medidas foram classificadas pela OS como necessárias para suportar a revisão dos contratos em função uma crise nas finanças estaduais. Se os cortes se manterem, a estimativa é que os trabalhadores perderão cerca de 30% em seus salários.
O Governo do Estado, por sua vez, lava as mãos. Conforme o Jornal Mais Goiás, por meio de nota, a Secretaria de Estado da Saúde informou que está sendo finalizada a revisão do contrato entre a pasta e a Agir com o objetivo de adaptar alguns pontos contratuais, com redução de custos e ampliação das metas de serviços oferecidos na unidade.
Em relação aos cortes de benefícios, a pasta afirmou que a decisão é da própria organização social, sem nenhuma interferência contratual da Secretaria.
Por esses e outros motivos fica cada dia mais claro que terceirização é sinônimo de precarização dos serviços. Além de implicações sobre os cofres públicos, como a falta de transparência e fiscalização no uso de milhões pelas OSs, a qualidade do atendimento é diretamente prejudicada sempre que as empresas se vêem ameaçadas a diminuir as margens de lucro. Nessa hora, arrocho salarial, diminuição do quadro de funcionários e desabastecimento de insumos são os primeiros atos para compensar o cenário de crise, de forma a manter os ganhos econômicos de meia dúzia de diretores de entidades.
Demora no atendimento, procedimentos não realizados por falta de material básico são os primeiros sintomas sentidos pela população. E a coisa sempre piora, até ficar insustentável. Quando a pressão popular aumenta, os governos apenas trocam as OSs, mantendo o mesmo modelo de gestão caro, ineficiente e propício a fraudes e desvios. Muitas vezes as empresas que entram só têm CNPJs diferentes, mas estão ligadas aos mesmo grupos de saqueadores do SUS.