SPDM é obrigada na Justiça a manter médicos em Hospital do Rio

SPDM é obrigada na Justiça a manter médicos em Hospital do Rio

pedro-segundo

Tal é o descalabro no Hospital Pedro II e na Coordenadoria Regional de Emergência (CER) de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, que nem mesmo uma liminar na Justiça foi capaz de garantir atendimento digno às pessoas.

A ordem judicial que obriga a prefeitura do Rio e a Organização Social SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina) a garantir o atendimento médico à população no Hospital e na CER), que funciona no hospital, não surtiu efeito.

A decisão do desembargador de plantão Paulo Baldez, concedida no último sábado (22), indicava que a gestão da unidade deveria alocar profissionais, especialmente clínicos e pediatras, já no fim de semana. Mas, no último domingo (23), pouca gente conseguiu atendimento.

O Jornal Extra entrevistou usuários. Um deles é a dona de casa Fernanda Santos de Oliveira, de 30 anos, que diz não ter conseguido um pediatra para examinar o filho de 7 anos, que queimou a perna direita com óleo fervente.

Na parte de ortopedia, mais problemas. “Têm pacientes aqui desde às 8h (já passava das 16h30) esperando o médico. Dizem que só tem um ortopedista, mas que ele está na cirurgia. Isso é um absurdo. Estamos largados”, contou para a reportagem, a doméstica Amanda Valéria.

A Secretaria municipal de Saúde disse em nota que ainda não recebeu a notificação: “A ordem judicial será cumprida, ainda que caibam recursos. A SPDM recebeu a notificação da liminar, que deve ser cumprida num prazo de 72 horas a contar do último sábado, e busca profissionais para contratação”.

A nota da SMS diz ainda que pacientes em estado grave estão sendo atendidos e casos de menor gravidade estão sendo direcionados para outras unidades.

A liminar é resultado de uma ação da Defensoria Pública do Rio de Janeiro. De acordo com a decisão do desembargador de plantão Paulo Baldez, a gestão da unidade deverá alocar profissionais, especialmente clínicos gerais e pediatras, já neste fim de semana, sob pena de multa diária de R$ 8 mil para a secretária municipal de Saúde, Ana Beatriz Busch, e para o diretor-presidente da OS, Ronaldo Ramos Laranjeira.

A Defensoria encontrou problemas em vistoria realizada em abril, foi motivado pelo desligamento de profissionais que cumpriram aviso prévio.  A coordenadora de Saúde e Tutela Coletiva da Defensoria Pública, Thaísa Guerreiro explicou que na sexta-feira (21) não tinham plantonistas, nem clínicos e nem pediatras, que são as especialidades com o maior déficit. “O CER, onde estão localizadas as salas amarela e vermelha, é a porta de entrada do Hospital Pedro II. E é ali que está a superlotação e é onde acontecem altas prematuras. Recentemente um rapaz que estava com tuberculose recebeu alta e faleceu logo depois em uma UPA”, disse.

No pedido feito pela Defensoria Pública ao Plantão Judiciário nesta sexta-feira, o órgão destacou que em vistoria realizada no Hospital Pedro II, no dia 17 de abril, observou déficit de 25 médicos, 33 enfermeiros e 100 técnicos de enfermagem para o quadro profissional de ambas as unidades (hospital e CER). Na sala amarela, com capacidade para 21 leitos, a Defensoria Pública encontrou 82 pacientes internados, o que representa 390% da capacidade do setor.

Do total de pacientes, 43 são clínicos, 13 da Cirurgia Vascular, 07 da Cirurgia Geral e 04 da Ortopedia. “Inicialmente prevista para funcionar com um leito em cada “box”, o setor está repleto de leitos extras, incluindo macas de transporte, absolutamente inadequadas à permanência de pacientes internados, e até mesmo poltronas, nas quais os pacientes permanecem internados por dias. Durante a vistoria, a equipe identificou paciente internado e acomodado há quatro dias em poltrona”, afirma trecho da ação do órgão.

Já na sala vermelha, eram 46 pacientes em um local com capacidade para apenas 11 leitos — 418% de ocupação. “Não fosse o bastante, a equipe identificou pacientes acomodados em cadeiras de rodas, cadeiras (inclusive idosos) e em três macas de ambulâncias do Hospital Municipal Rocha Faria, do SAMU e do Corpo de Bombeiros, por falta de macas para sua acomodação, fato que inopera tais viaturas pela falta de maca para transportes de outros pacientes”, escreveu o órgão, que ainda destaca: “Por fim, o fato mais grave identificado no momento da vistoria às instalações do setor: não havia leito disponível para primeiro atendimento e estabilização de paciente grave, como caso de parada cardíaca”.

 

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