O Ambulatório de Especialidades Médicas (Ambesp) da Região Central de Santos será gerenciado pela mesma organização social (OS) que comanda o Hospital dos Estivadores: o Instituto Social Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Com isso, a OS que já faturou R$ 217 milhões desde que assumiu o equipamento, vai receber mais R$ 25,8 milhões por ano referentes à gestão do ambulatório. E não é só. Está previsto no contrato, cujo prazo é de cinco anos, um valor de “investimento inicial” de até R$ 1,9 milhão para “equipamentos e mobiliários”, outro valor de até R$ 1,3 milhão para investimento em “equipamentos” e por fim um investimento para “identidade visual” de R$ 72 mil.
A OS que concentrará a maior parte da parcela da saúde santista em regime de gestão terceirizada tem sido alvo de críticas. Aqui no Ataque aos Cofres Públicos já fizemos matérias mostrando casos em que familiares de pacientes denunciaram casos suspeitos de negligência e erro médico.
O mais recente foi publicado no site no último dia 15. A família de Clodualdo de Jesus, de 77 anos, conta que após ele ficar internado em dezembro, por 11 dias no Hospital, recebeu alta precocemente. Tanto que em casa piorou e teve de buscar atendimento na UPA da Zona Noroeste uma semana depois. Mais detalhes aqui.
Na mesma semana, só que no dia 13, mostramos também que uma moradora da Zona Noroeste de Santos, cujo pai estava internado no Hospital dos Estivadores, resolveu pedir ajuda no Facebook para preservar a vida do idoso.
Julyana Tavares Apolinário detalhou os motivos de sua preocupação na página Zona Noroeste.
Para ela, o tratamento dado a Antonio Marcos Apolinário foi insuficiente e só se agravou desde que ele deu entrada no hospital, em 23 de dezembro de 2019. A família conta que ele entrou andando, com queixas de dores fortes no lado esquerdo do peito, perto do ombro. Agora está totalmente debilitado, sem sequer conseguir comer sozinho.
A possibilidade de um princípio de infarto foi descartada. Para Julyana, houve uma remoção precipitada do pai da UTI para o setor de clínica médica. Além disso, só duas semanas depois de ingressar no Hospital os médicos descobriram que o marca passo do pai está contaminado e que seria necessária uma cirurgia.
E a demora ocorreu apesar da família ter avisado sobre a existência do marca passo no primeiro dia de internação. Até o último dia 13, ela aguardava pela operação de retirada do dispositivo. Mas essa cirurgia só poderia ser feita na Santa Casa de Santos. Saiba mais aqui.
Logo que foi selecionada para gerenciar o Hospital Municipal, a OS Instituto Social Hospital Alemão Oswaldo Cruz foi questionada na Justiça por não ter a experiência mínima de três anos, exigida em lei municipal. Na época em que foi qualificada como OS, a empresa tinha sido criada há 14 meses e não possuía no currículo nem mesmo um dia de gestão em serviço público.
Abaixo listamos mais matérias envolvendo denúncias de ineficiência na gestão do Hospital dos Estivadores pela OS Instituto Social Hospital Alemão Oswaldo Cruz:
OS que comanda Estivadores não cumpre todas as metas no Hospital
Mãe que perdeu bebê no Hospital dos Estivadores pede investigação criminal no Ministério Público
Mãe relata drama após ter seu bebê no Hospital dos Estivadores
Gestantes denunciam práticas na Maternidade dos Estvadores
Pai vai à imprensa para denunciar falta de estrutura no Hospital dos Estivadores
Hospital dos Estivadores: advogado entra com representação criminal contra OS e Prefeitura
Mais um parto traumático no Hospital dos Estivadores, em Santos
Terceirizar sai mais caro e é mais arriscado
A despeito das altas somas financeiras gastas com reforma, aparelhagem e com o contrato de terceirização da gestão do Ambesp, a caríssima publicização do serviço também tende a ser notícia negativa nos jornais em breve.
Estudo publicado em 2018 por várias universidades chegou à conclusão de que as Organizações Sociais custam 2,4 vezes mais caro do que a administração direta, sem garantir ganho em eficiência.
Saiba mais nos links abaixo:
Hospitais terceirizados gastam 2,4 vezes mais do que se fossem geridos pelo poder público
OSs fazem menos, atacam o SUS e ainda custam mais caro para o Estado
Relatório do Tribunal de Contas de São Paulo comprova: terceirização de hospitais custa mais caro