Em delação, operador da quadrilha na terceirização da saúde diz que governador da Paraíba pediu “ajuda” em troca da expansão das OSs

Em delação, operador da quadrilha na terceirização da saúde diz que governador da Paraíba pediu “ajuda” em troca da expansão das OSs

Sindserv 28 anos (58)

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Na semana passada, mais trechos de áudios do delator Daniel Gomes, na Operação Calvário, foram divulgados à imprensa, pelo Ministério Público.

Daniel é apontado como operador da quadrilha que por meio da OSs Cruz Vermelha e outras OSs, desviou milhões dos cofres públicos da Paraíba.

Em um dos áudios divulgados, o empresário da Cruz Vermelha Brasileira comenta como conheceu o então candidato ao governo do Estado (atual governador) João Azevêdo, em 2018.

Ele disse que foram apresentados pela ex-secretária de Administração e também delatora do esquema, Livânia Farias, durante uma reunião, e que Azevêdo, por saber quem ele era por ouvir Ricardo Coutinho falar, teria pedido uma ajuda para a campanha em troca de expandir o esquema das Organizações Sociais no Estado.

Na ocasião, Livânia teria pedido R$ 1 milhão com urgência para pagamento de despesas da campanha, porém, de acordo com Daniel, ele só teria R$ 900 mil e que este dinheiro teria que ser pego no Rio de Janeiro.

Este valor seria o que foi entregue em caixas de vinho ao assessor de Livânia Farias, Leandro Nunes, por uma funcionária da Cruz Vermelha e que foi filmado pelas câmeras de vigilância de um hotel na orla do Rio, em agosto daquele ano.

As informações são do site Paraíba Online e o trecho da delação, divulgado pela Rádio Campina FM, pode ser ouvido aqui.

O Escândalo das OSs na Paraíba

A Operação Calvário foi desencadeada em dezembro de 2018 com o objetivo de desarticular uma organização criminosa infiltrada na Cruz Vermelha Brasileira, filial do Rio Grande do Sul, além de outros órgãos governamentais. A operação teve oito fases, resultado na prisão de servidores e ex-servidores de alto escalão na estruturado governo da Paraíba.

A ex-secretária de administração do Estado da Paraíba foi presa suspeita de receber propina paga pela Cruz Vermelha, que administrava o Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa. A ex-secretária Livânia Farias teria recebido, por mês, propina na ordem de R$ 80 mil paga pela Cruz Vermelha.

O secretário executivo de Turismo, Ivan Burity, foi preso na quinta fase da operação, apontado como recebedor de propinas, em delação premiada feita pelo ex-assessor da secretaria de administração do estado, Leandro Nunes Azevêdo. A influência dele ocorreria tanto em contratos da saúde, quanto da educação, com destaque para esta última.

Aléssio Trindade, secretário de Educação do estado, foi alvo de um mandado de busca e apreensão. Além dele, o ex-executivo da pasta, José Arthur Viana Teixeira de Araújo também foi alvo da operação. De acordo com o Ministério Público, a investigação sobre eles ocorre por causa das suspeitas sobre inexigibilidade de licitações nos contratos suspeitos. O procedimento teria sido a porta de entrada para as irregularidades

O que a operação investiga
A investigação identificou que a organização criminosa teve acesso a mais de R$ 1,1 bilhão em recursos públicos, para a gestão de unidades de saúde em várias unidades da federação, no período entre julho de 2011 até dezembro de 2018.

A estimativa, no entanto, é inferior ao valor real do dano causado ao patrimônio público, já que só foram computadas as despesas da CVB-RS com uma pequena parcela de fornecedores que prestam serviços em unidades de saúde do município e do Rio de Janeiro, não alcançando os desvios de recursos públicos decorrentes da atuação da organização criminosa na Paraíba, que vem conseguindo centenas de milhões de reais desde o ano de 2011.

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