Entrega de hospital de campanha para OS sem licitação está sendo investigada

Entrega de hospital de campanha para OS sem licitação está sendo investigada

Sindserv 28 anos (113)

arenadunas

Em muitos estados  estão sendo anunciados hospitais de campanha para enfrentamento da pandemia de Covid-19. A notícia é importante, a ação é necessária. O problema é a forma como os governos estão viabilizando. Estão entregando a gestão desses hospitais para organizações sociais de saúde, por quantias astronômicas, em contratos bastante frágeis e tudo sem licitação.

Tanto é assim que a situação tem chamado a atenção de alguns órgãos de investigação, como o Ministério Público.

É o caso do Estado do Rio Grande do Norte. Lá o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), ligado ao MP-RN, abriu inquérito para apurar indícios de irregularidades na contratação de uma OS para comandar uma unidade de campanha na Arena das Dunas, por R$ 37 milhões.

Os promotores querem que seja investigada a legalidade do “chamamento emergencial”.  Entre os argumentos que embasam o pedido dos promotores, constam que a publicação só ganhou efetiva
publicidade no dia 2 de abril, visto que a edição extraordinária do Diário Oficial do Estado só foi publicada na noite do dia anterior.

Os promotores destacam que o prazo de entrega da proposta de preços, que é até às 17h desta sexta-feira (3), é muito exíguo entre a publicação do Chamamento Público e o prazo para apresentação de
proposta.

Também nos argumentos para apurar o contrato, os promotores afirmam que as “Organizações
Sociais ou Instituições Filantrópicas que quiserem participar do Chamamento Público teriam
grandes dificuldades para apresentarem uma proposta de preço em prazo tão exíguo”, o que, no entendimento dos promotores, “pode denotar um possível direcionamento para alguma Organização Social ou Instituição Filantrópica”.

Além disso, os promotores também avaliam que o “Chamamento Público Emergencial não deu publicidade a nenhum estudo de viabilidade e adequabilidade da construção de um Hospital de Campanha na Arena das Dunas”, e “não deu publicidade aos motivos pelos quais a SESAP optou por construir um Hospital de Campanha na Arena das Dunas ao invés de utilizar/ampliar Hospitais públicos (especialmente de gestão estadual)”.

Também neste dia 2 de abril, o Ministério Público Federal, através do Núcleo de Combate à Corrupção e a Outros Ilícitos (NCC), determinou abertura de procedimento para acompanhar o caso. O procurador da República Fernando Rocha de Andrade justificou o acompanhamento pela “necessidade que referido chamamento público deva obedecer aos parâmetros legais e constitucionais para garantir a impessoalidade, economicidade e probidade administrativa, evitando dano ao erário público”.

Em nota, o Governo do Estado reafirmou que a estrutura ampliará de forma substancial o número
de leitos na capital para fins de Covid-19 e que faz parte do Plano de Contingência elaborado pela
Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) e “atende a uma lógica de evolução da epidemia”.
Segundo o Executivo, as ações em curso, via Plano de Contingência, se concentraram
prioritariamente em expandir novos leitos em prédios hospitalares próprios do estado, conforme
havia sido questionado pelos promotores. Contudo, de acordo com o Governo, essas estruturas
foram consideradas insuficientes para atender a demanda de curtíssimo prazo que as projeções
apontam. Daí a necessidade de agregar novos leitos. “Nesse contexto se insere o hospital de
campanha”.

O contrato será por tempo determinado, de no máximo 180 dias, e o valor previsto, de acordo com
o Governo, tem como base pesquisa de preço elaborada por profissionais da área.

A modalidade foi escolhida porque, de acordo com o Executivo, “não há equipamentos, insumos ou mão de obra disponíveis para suprir a demanda premente”.

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