Sindicato dos médicos denuncia Governo do Amazonas por qualificar OS problemática em Minas Gerais

Sindicato dos médicos denuncia Governo do Amazonas por qualificar OS problemática em Minas Gerais

Sindserv 28 anos (144)

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O Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam) denunciou à imprensa a nova Organização Social (OS) qualificada pelo Governo do Estado para firmar contratos de gestão de serviços públicos.

A qualificação, que foi publicada por meio de decreto, beneficia o Instituto Brasileiro de Políticas Públicas (Ibrapp). Segundo o Simeam a entidade está envolvida em casos suspeitos de corrupção em Minas Gerais.

Em nota oficial emitida neste final de semana, o Simeam também cobrou intervenção federal na saúde do Amazonas e, em trecho da nota, afirma que a nova secretária de Estado de Saúde, Simone Papaiz, tem ‘ligações com políticos e empresas do setor de medicamentos, além de atuar firme na implantação de Organizações Sociais (OSs), modelo de gestão hospitalar que lidera casos de corrupção em várias cidades do País”.

Segundo o Sindicato, a prefeitura de Frutal (MG) está tentando romper contrato de gestão hospitalar  com a OS Ibrapp. A administração municipal sustenta que a empresa não cumpriu o contrato firmado.

O processo tramita na segunda instância do Tribunal de Justiça de Minas Gerais sob o número 1.0000.20.005640-6/001 . No entanto, o recurso da prefeitura foi negado pelo desembargador Corrêa Junior, que manteve decisão de proibir o rompimento do contrato.

Segundo relatório nos autos do processo, a prefeitura de Frutal alega ter demonstrado a “afronta ao interesse público”, em virtude das diversas irregularidades técnicas cometidas pela entidade. Diz também que solicitou diversas vezes informações quanto ao cumprimento do contrato e à prestação dos serviços pactuados, mas as solicitações não foram respondidas.

Conforme publicou o site do Diário do Amazonas, a despeito do descumprimento das metas contratuais pela contratada, a Prefeitura de Frutal se encontra plenamente adimplente com as suas obrigações do contrato de gestão.

“O autor (Ibrapp) assinou de livre vontade o contrato de gestão em questão e a necessidade de restabelecimento do equilíbrio econômico financeiro não foi demonstrado. A prefeitura se encontra plenamente adimplente com as suas obrigações do contrato de gestão”.

Mais problemas

A reportagem do Diário do Amazonas ainda cita situações duvidosas envolvendo a OS no estado do Rio de Janeiro.

“Em matéria do jornal ‘O Globo’ de 2011, é citado que o prefeito da cidade de Piraí, no interior do Rio de Janeiro, cometeu duas vezes crime de improbidade administrativa, ao contratar, sem licitação, em abril de 2005 e janeiro de 2006, o Instituto Brasileiro de Políticas Públicas (Ibrapp) para prestar serviços de assessoria técnica nas áreas de administração financeira, controle e gestão. Foram gastos R$ 168 mil por serviços inerentes à administração municipal e que deveriam ser desempenhados por servidores concursados ou contratados temporariamente, em caráter excepcional, de interesse público”.

É importante lembrar que o Estado do Amazonas ainda tenta se recuperar de um grave escândalo de corrupção sem precedentes envolvendo a terceirização dos serviços de saúde via organizações sociais, em especial a OS Instituto Novos Caminhos (INC).

Por conta dos ilícitos descobertos, a Polícia Federal criou uma operação especial, batizada de Operação Maus Caminhos. Em quase três anos várias fases foram deflagradas.

Em fevereiro último, a Justiça Federal condenou 11 réus em ação penal decorrente da Operação Maus Caminhos por organização criminosa, sendo três deles também condenados por obstrução de investigação.

O grupo foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) em 2016, por envolvimento em um esquema de desvio de recursos públicos destinados à pasta de saúde no Amazonas.

Além das multas individuais em dinheiro, que somadas ultrapassam R$ 3,2 milhões, as penas de prisão aplicadas variam de quatro a nove anos e quatro meses.

Na sentença, a Justiça ressalta diversas situações e diálogos entre os réus que comprovam a associação e atuação coordenada entre eles para superfaturar contratos e desviar recursos públicos que deveriam ser aplicados em unidades de saúde, destruir e adulterar provas e atrapalhar os trabalhos de fiscalização dos órgãos de controle.

Entre os condenados nessa nova sentença estão empresários, gestores do Instituto Novos Caminhos (INC) e de unidades de saúde envolvidas no esquema.

Ao destacar, em diversos trechos da sentença de condenação, a extravagância ostentada pelos membros da organização no uso do dinheiro desviado dos cofres públicos, a Justiça destaca duas situações em especial, reveladas durante as investigações, que demonstram na prática tal comportamento.

Em uma delas, o médico e empresário Mouhamad Moustafa, apontado pelo Ministério Público como o principal articulador da organização criminosa, conta por telefone que distribuiu aleatoriamente R$ 100 mil na rua, em pacotes de mil reais, durante o Natal de 2015. Na outra, o médico narra os gastos milionários que tem para sustentar seus familiares e com bens de alto valor como apartamentos, lancha e automóveis de luxo.

De acordo com o MPF, entre 2014 e 2016, a organização criminosa, por meio do Instituto Novos Caminhos (INC) e de seus fornecedores, cometeu crimes de licitação, peculato e lavagem de dinheiro, provocando prejuízo aos cofres públicos de, no mínimo, R$ 50 milhões.

Mouhamad Moustafa e outros três réus que faziam parte do núcleo principal do esquema criminoso foram condenados pela Justiça em maio de 2018, também por organização criminosa, em ação à parte que foi desmembrada do processo agora sentenciado.

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