Vítimas fatais na saúde chegam a 16 na Capital de SP

Vítimas fatais na saúde chegam a 16 na Capital de SP

Sindserv 28 anos (165)

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Pelas contas do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep) são pelo menos 16 mortes confirmadas de profissionais de Saúde causadas pelo Covid-19.

Destes 14 trabalhavam na rede municipal, administrada por Bruno Covas (PSDB), e dois pertenciam ao quadro do governo estadual, gerido por João Doria (PSDB). As informações foram coletadas por meio dos registros de colegas, amigos e familiares, nas redes sociais e em veículos de imprensa.

O balanço foi feito até o último dia 12, quando o Sindicato fez um protesto na Avenida Paulista, para chamar a atenção da população sobre a falta de EPIs para os profissionais e para a falta de transparência nas infirmações relativas aos casos entre os trabalhadores do setor.

Reportagem do G1 desta quarta (22) traz números diferentes, fornecidos pela prefeitura. Segundo a administração Covas, seriam 12 óbitos de trabalhadores, mas isso apenas na saúde municipal.

Segundo o secretário municipal de Saúde de São Paulo, a capital paulista tem até está terça-feira (21) 3.336 profissionais de saúde afastados por suspeitas de coronavírus. Desse total, 532 foram confirmados com a Covid-19

O Jornal Folha de S. Paulo desta quarta (22) destaca que as autoridades já não estão conseguindo encontrar médicos, fisioterapeutas e enfermeiros para atuar nas UTIs em virtude do alto percentual de adoecimento.

Médico de 32 anos

Causou comoção e apreensão a morte de um médico de apenas 32 anos nesta segunda-feira (20), ao que tudo indica, por Covid-19.

Frederic Jota Silva Lima, de 32 anos, que trabalhava na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Itaquera, na Zona Leste, e também na UPA do Rudge Ramos, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.

Frederic estava internado no hospital Emílio Ribas, na região central da capital, com suspeita de coronavírus e morreu na noite de segunda.

Foi bastante rápida a evolução do quadro. A irmã do rapaz, Eva Tolvana, que vive no Pará, contou à imprensa que chegou a conversar com ele no domingo (19), pouco antes de ele morrer.

“Ele estava apresentando tosse. No domingo de madrugada, ele teve falta de ar e foi para o hospital. Consegui falar com ele por mensagem no domingo pela manhã. Ele falou que estava ruim e já não visualizou mais minhas outras mensagens. Em 50 minutos não estava mais online. E quando foi meio do dia, um amigo dele me ligou dando a notícia. Ele se sentiu mal, tentaram entubar, mas ele teve uma parada e não resistiu”, conta a irmã.

De acordo com a secretaria de saúde municipal, 63,3% dos pacientes infectados com o coronavírus na capital paulista tem menos de 50 anos.

Fica o alerta para os que defendem o isolamento vertical, com apenas as pessoas do grupo de risco em isolamento.

O secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, falou sobre isso. “Evidente que o histórico da doença na Europa e na Ásia mostra que as pessoas idosas estão mais suscetíveis a ter a doença. Mas 100% da população é suscetível à doença. Isso que nós precisamos entender. De uma maneira ou de outra, parte expressiva da população vai ter a doença, vai ser contaminada, parte dela vai precisar de algum serviço médico, um contingente que não é pequeno vai precisar de um leito de UTI, sobretudo no Sistema Único de Saúde, então, portanto, essa questão de que apenas atinge apenas as pessoas acima de 60 anos, cada vez mais não se demonstra”.

Improviso e medo

O site The Intercept Brasil mostrou em reportagens da semana passada a rotina de medo dos profissionais que estão na linha de frente do combate à pandemia sem proteção adequada para lidar com o inimigo invisível. Numa das reportagens, o título extraído do relato de uma enfermeira é chocante:

“ESTOU SENDO EMPURRADA PARA A MORTE’: 62% DOS SERVIDORES DO GRUPO DE RISCO PARA CORONAVÍRUS TRABALHAM SEM PROTEÇÃO EM SP”.

As fotos da matéria, que pode ser conferida aqui, igualmente impressionam. EPIs como máscaras e aventais são feitos pelos próprios profissionais de forma improvisada e não atendem os requisitos exigidos pela Anvisa na nota técnica que contém os protocolos para o enfrentamento do novo Coronavírus.

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Ainda segundo o The Intercept, o Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo entrou com uma ação civil pública para obrigar o estado de São Paulo a fornecer os equipamentos de proteção.

No dia 7 de abril, a juíza Alexandra Fuchs de Araujo afirmou em uma liminar que o empregador que desrespeita a legislação e não fornece os equipamentos de proteção aos funcionários pode ser advertido e multado. Na decisão, disse ainda que o estado conhece as consequências do não fornecimento de EPIs e que, diante da crise, os enfermeiros do grupo de risco devem ser preservados porque o trabalho com vítimas contaminadas sem EPIs “equivale à prática de dirigir embriagado ou de olhos vendados”.

“O Estado que exige isto do servidor não pode exigir do servidor, por outro lado, que permaneça no trabalho. Seria o mesmo que exigir de um ser humano que permaneça na frente de um carro enquanto o condutor está com vendas nos olhos, submetendo-se voluntariamente ao muito provável resultado morte. Não é uma conduta exigível, do ponto de vista ético”, escreveu a juíza.

Capas de Chuva em Praia Grande

Em Praia Grande, como noticiamos nesta terça (21), os trabalhadores do Hospital Irmã Dulce se recusaram a trabalhar quando souberam que mesmo na UTI não teriam os aventais para proteção.

A organização social SPDM, que recebe por ano R$ 136 milhões da Prefeitura, passou a fornecer capas de chuva para tentar remendar a situação, sem muito sucesso.

O caso acabou tendo repercussão até em cadeia nacional de TV, no Programa Encontro, da jornalista Fátima Bernardes, como mostrou a página Boca no Trombone PG. Veja aqui.

fatima

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