Coronavírus: Idoso morre em UPA terceirizada do Rio por falta de UTI; Médicos recusam contratos precarizados na unidade

Coronavírus: Idoso morre em UPA terceirizada do Rio por falta de UTI; Médicos recusam contratos precarizados na unidade

Sindserv 28 anos (204)

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A falta de vagas para pacientes com coronavírus em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) no Rio de Janeiro fez uma mais uma vítima e foi na UPA da Tijuca, unidade terceirizada para a organização social Unir Saúde.

A vítima faleceu no fim da madrugada desta terça-feira (28). Pedro Bezerra Costa, de 63 anos, morreu na unidade da Zona Norte, com sintomas de Covid-19, porque não conseguiu ser transferido para um leito.

Como relata o jornal Extra, o idoso deu entrada no local nesta segunda-feira (27) relatando sintomas como falta de ar e tosse. O pulmão dele também estava comprometido. Apesar da gravidade do caso, ele não obteve atendimento adequado. Isso porque a UPA não tinha um local adequado para receber casos suspeitos de Covid-19.

Sem qualquer respaldo da OS e do poder público, por conta própria médicos e enfermeiros improvisaram um espaço de isolamento para o paciente aguardar a transferência para uma UTI. A vaga não veio a tempo.

Enquanto a Secretaria Estadual de Saúde não explicou ainda oficialmente os detalhes da morte de Pedro Bezerra da Costa, o jornal Extra apurou que, atualmente só há vagas de UTIs no Hospital Zilda Arns Neuman, em Volta Redonda, que fica a 120 quilômetros da capital fluminense.

Precarização e falta de segurança

Outro problema da UPA terceirizada que na pandemia fica muito mais evidente é a precarização da força de trabalho no local, a  falta de condições de trabalho para lidar com a pandemia e a falta de EPIs. Por conta destes três fatores, médicos recusam contrato na UPA da Tijuca, diz o Extra.

Veja trechos da reportagem que o veículo divulgou nesta terça (28):

Localizada em uma região estratégica do bairro, a UPA da Tijuca, que é gerida pelo Estado, atende mais de 500 pacientes diariamente, muitos deles de outros bairros. No entanto, esse número tem crescido nos últimos dias por conta da Covid-19. Enquanto isso, a unidade vê o número de médicos diminuírem. O motivo é que a contratação dos profissionais é realizado por Pessoa Jurídica (PJ) e esses profissionais, caso peguem a doença, não teriam direito a nenhum auxílio do governo estadual. Por isso, a recusa para trabalharem na instituição.

Segundo fontes do hospital, atualmente existem apenas cinco médicos atuando na UPA. O Sindicato dos Médicos do Rio informou que esse número deveria ser o dobro. Na última semana, um profissional atendeu sozinho mais de 100 pacientes.

– O que está acontecendo na UPA da Tijuca é muito grave. As contratações são por Pessoa Jurídica e muitos médicos estão recusando a proposta porque caso peguem a doença estarão desamparados – relata o médico Alexandre Telles, presidente do sindicato. – Ali existe uma procura muito grande de pacientes e os médicos não estão dando conta – afirma.

Falta de EPIs

Por falta de estrutura básica para receber pacientes com sintomas de coronavírus, os próprios profissionais decidiram criar um espaço para receber e atender pessoas com algum tipo de síndrome gripal. No entanto, a falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) também preocupa os profissionais.

– Vemos com muita preocupação tudo o que está acontecendo na UPA da Tijuca. Existe uma falta de EPIs. Os médicos e os outros profissionais recebem o material, que é contado. Um médico não pode ficar com um EPI por mais de 24 horas. Por isso, está havendo um desgaste físico e emocional desses profissionais – explica Telles. – Eles estão expostos duas vezes: com a falta de profissional e não tem condições de trabalho. E para piorar, eles não estão conseguindo salvar as pessoas. Existe uma apreensão muito grande e muitos deles estão com medos.

 

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