Mais uma região do Estado do Rio sofre com a precarização na saúde pública terceirizada pelas organizações sociais (OSs).
Nos hospitais estaduais Roberto Chabo (HERC), em Araruama, e Estadual dos Lagos (HEL), em Saquarema, os trabalhadores relatam que os salários estão em atraso há dois meses.
As duas unidades são administradas pela Organização Social (OS) Cruz Vermelha, pivô de escândalos de corrupção na Paraíba, como mostramos aqui no Ataque aos Cofres Públicos em diversas oportunidades. Sem pagamento, funcionários, técnicos e enfermeiros ameaçam entrar em greve, caso a situação não seja regularizada.
As denúncias dos terceirizados dão conta de que nem o vale-transporte foi pago, o que está causando dificuldades para os profissionais comparecerem ao trabalho.
Conforme noticiou a imprensa local, tem até funcionário que mora em Bacaxá, área distante, indo trabalhar de bicicleta, por não ter mais como arcar nenhum outro meio de transporte.
Segundo as denúncias, todos os setores do hospital de Araruama estão sem receber, com exceção da empresa responsável pela higiene, o que gera ainda mais questionamento entre os servidores.
Paralelamente, na unidade de Saquarema, os trabalhadores se queixam que além do atraso no pagamento, enfrentam sobrecarga física e emocional. Por causa da precariedade e falta de condições de trabalho, alguns médicos pediram demissão do hospital.
A Cruz Vermelha Brasileira até o presente momento não se pronunciou sobre o destino dos trabalhadores.
Por que a terceirização é nefasta
Os contratos de terceirização na Saúde e demais áreas, seja por meio de organizações sociais (OSs), seja via organizações da sociedade civil (OSCs) são grandes oportunidades para falcatruas pelo encontro de intenções entre administradores dispostos a se corromper e prestadores que montam organizações de fachada para estruturar esquemas de ganhos ilegais para ambas as partes.
As fraudes proliferam pela existência de corruptos e corruptores, em comunhão de objetivos, mas também pela facilidade que esta modalidade administrativa propicia para a roubalheira. Gestões compartilhadas com OSs e termos de parceria com OSCs não exigem licitações para compras de insumos. As contratações de pessoal também tem critérios frouxos, favorecendo o apadrinhamento político.
A corrupção, seja de que tipo for, é duplamente criminosa, tanto pelo desvio de recursos públicos já escassos quanto pela desestruturação de serviços essenciais como o da saúde, fragilizando o atendimento da população em pleno período de emergência sanitária.
Reafirmamos…
Todos estes anos de subfinanciamento do SUS, de desmantelamento dos demais direitos sociais, de aumento da exploração, acirramento da crise social, econômica e sanitária são reflexos de um modo de produção que visa apenas obter lucros e rentabilidade para os capitais. Mercantiliza, precariza e descarta a vida humana, sobretudo dos trabalhadores. O modelo de gestão da Saúde por meio das Organizações Sociais é uma importante peça desta lógica nefasta e por isso deve ser combatido.
Não à Terceirização e Privatização da Saúde Pública! Em defesa do SUS 100% Estatal e de Qualidade! por isso deve ser combatido.