A Prefeitura de São Paulo já pagou R$ 3,3 milhões para o custeio de uma UPA comandada por uma organização social sem que a unidade tenha sido aberta para os usuários.
O valor foi repassado pela Secretaria Municipal da Saúde, entres os meses de maio e junho, para o funcionamento da Unidade de Pronto Atendimento Tatuapé, bairro da Zona Leste. O mais impressionante é que o serviço sequer tem data para começar o atendimento.
A OS contratada para realizar a assistência a casos de média complexidade é a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), a mesma que atua na UPA da Zona Noroeste de Santos.
Além do valor de custeio, mais R$ 3,5 milhões foram depositados na conta da OS para custear despesas de “investimento”. Assim, o total já abocanhado pela empresa é de pouco mais de R$ 6,8 milhões.
A denúncia foi feita pelo Jornal Agora. Na semana passada, a reportagem foi até o local apontado como a futura UPA, na avenida Celso Garcia, e constatou que o prédio está de portas fechadas, com uma placa de “aluga-se”. No estacionamento há sacos de areia e latas de tinta. Quatro pessoas trabalhavam no local, além de seguranças.
No imóvel ficava uma unidade da Unimed. O aluguel do prédio, segundo contrato, é de R$ 90 mil. Veja o que diz a matéria:
A planilha orçamentária do contrato de aditamento discrimina todos os gastos de custeio da unidade, prevista para ser aberta a partir de junho, com salário de funcionários e seus benefícios (incluindo 13º, férias, cesta básica e convênio médico e odontológico), suprimentos hospitalares, medicamentos, limpeza predial e até mesmo as despesas básicas como água, energia, telefonia e gás.
O orçamento indica, ainda, repasse de R$ 45 mil para pagamento de aluguel em maio e R$ 90 mil, em junho. O termo aditivo detalha o quadro de funcionários necessário (284 agentes, no total) para colocar em prática diversas atividades da unidade de saúde, desde administrativas até o atendimento médico propriamente dito.
O Agora conversou com uma integrante do Conselho Gestor de Saúde da região Aricanduva-Carrão-Formosa, que não quis se identificar. Ela confirmou que a UPA é necessária para desafogar o atendimento na AMA (Assistência Médica Ambulatorial) 24h que funciona dentro do Hospital Municipal Dr. Cármino Caricchio, que é conhecido como Hospital Municipal do Tatuapé.
Em agosto do ano passado, o Agora mostrou que a Prefeitura de São Paulo havia pago R$ 3 milhões para Casa de Saúde Santa Marcelina para despesas da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Tito Lopes, em São Miguel Paulista (zona leste), quando o local ainda não tinha sido inaugurado. A unidade de saúde acabou aberta para os usuários somente no fim de setembro.
Por meio de nota, a a Secretaria Municipal da Saúde não deu prazo para abertura, não respondeu porque já repassou quase R$ 7 milhões da OS, mas informou que o prédio está passando por diversos serviços para reforma para o funcionamento da futura UPA Tatuapé.
Ainda segundo a nota, os funcionários serão contratados pela organização social SPDM após a conclusão das adequações. A SPDM não respondeu aos questionamentos.