PORQUE A TERCEIRIZAÇÃO DO HOSPITAL DE CAMPO LIMPO POR BRUNO COVAS ESTÁ SENDO INVESTIGADA

PORQUE A TERCEIRIZAÇÃO DO HOSPITAL DE CAMPO LIMPO POR BRUNO COVAS ESTÁ SENDO INVESTIGADA

Sindserv 28 anos (694)
 cpolimpoo
 De forma unilateral, o Governo de Bruno Covas (PSDB), na capital de São Paulo, tentou entregar 80% do Hospital de Campo Limpo para a Organização Social Albert Einstein. O processo surpreendeu o Conselho Gestor e foi feito sem sequer chamamento público.

A situação fez com que o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) instalasse um inquérito civil na última quinta-feira (20) para investigar o contrato, no valor de R$ 114,4 milhões entre a Prefeitura e a empresa.

O promotor do MP-SP Arthur Pinto Filho, da área da Saúde, se baseou para a abertura do inquérito em duas representações feitas pelo Fórum de Saúde do Campo Limpo e pelo Sindicato dos Servidores Municipais de SP (Sindsep).

Além disso, o caso também é alvo de investigação pelo Tribunal de Contas do Município (TCM). Na última terça-feira (18), o órgão determinou nova suspensão de assinatura de contrato para terceirização até que o tribunal analise possíveis irregularidades como a falta de chamamento público e “fabricação de emergência” no contrato. Como mostrou o site G1, o fato da OS do Einstein seguir mesmo assim no local mesmo após a suspensão provocou confusão com servidores.

O Governo tentou se justificar, alegando que iniciou a terceirização para suprir  falta de profissionais. Mas não explicou porque vem deixando, ano após ano, que esse déficit aumente sem tomar qualquer providência como, por exemplo, abrir concurso público.

A resposta apresentada pela Secretaria Municipal de Saúde foi de que os acordos foram firmados para suprir o déficit de profissionais da saúde, garantir a assistência aos cidadãos e ampliar o atendimento ambulatorial e realização de cirurgias, mas que a unidade continuaria sob gestão municipal e que nenhum servidor teria seu dia e horário de trabalho alterados. Mas as informações foram contestadas pelo Conselho Gestor do Hospital e pelo sindicato que representa dos funcionários da unidade, o Sindsep.

 “Ante do exposto, tendo em vista o lapso temporal deste o recebimento da representação inaugural, é imperioso instaurar inquérito civil para apurar as situações supracitadas, uma vez que é responsabilidade do Poder Público garantir a qualidade e suficiência de serviços de saúde para os cidadãos”, afirmou o promotor na portaria que instaurou o inquérito.

O documento também foi encaminhado para a Promotoria de Defesa do Patrimônio, “posto que, em tese, há improbidade administrava”, segundo o promotor Arthur Pinto Filho.

 Situação de emergência produzida 
 A terceirização do hospital está na mira do Tribunal de Contas do Município (TCM), com base em um processo que investiga possíveis irregularidades no contrato como ausência de chamamento público, possível “emergência fabricada” para permitir a terceirização dos atendimentos e falta de documentos que comprovem vantagem da prefeitura no processo.

Na visão do tribunal, “a reposição de pessoal e as obras de reforma estrutural não são demandas que nascem emergenciais, mas assim se tornam no decorrer do tempo, pela falta de ação do administrador”. No caso, a própria prefeitura.

 O fato é que mesmo após a prefeitura suspender o contrato de terceirização do Hospital do Campo Limpo, com base em recomendação feita pelo TCM, a Organização Social Sociedade Beneficente Israelita do Hospital Albert Einstein continuou gerindo as áreas do hospital.
De acordo com o sindicato dos servidores, na quarta-feira (19) houve uma reunião com a direção do hospital, que fez a proposta de administração compartilhada entre os funcionários da OS e os servidores do hospital. A proposta não foi aceita pelos trabalhadores diretos da Saúde.

Em nota enviada também na quarta, a Organização Social Sociedade Beneficente Israelita do Hospital Albert Einstein afirmou que permanecerá no local, e alega que tal decisão foi tomada em conjunto com a Prefeitura.

“De acordo com alinhamento feito com a SMS e a direção do Hospital do Campo Limpo, o Einstein manterá as atividades que haviam sido pactuadas para evitar a descontinuidade repentina do atendimento, assegurando a assistência à população até a resolução da questão”, disse nota da OS.

Servidores mobilizados  

Os trabalhadores da rede municipal da Saúde estão organizados na resistência à terceirização do Hospital, desde julho, quando a prefeitura anunciou que passaria a administração do hospital à Entidade Beneficente Albert Einsten.

cpolimpo

A ideia do Governo era entregar à OS já em agosto o Pronto-Socorro, UTI Adulto e Pediátrica, Centro Cirúrgico, clínicas Ortopédica e Médica, gestão de atividades de apoio e leitos da internação e atendimentos ambulatoriais.

 O acordo, no entanto, seria feito por meio de um aditivo no valor de R$ 114,4 milhões a um contrato já existente com a entidade relacionado à administração da Unidade de pronto Atendimento (UPA) anexa ao hospital, sem abertura de nova licitação.

Desde então, os trabalhadores, organizados, têm feito atos para denunciar os riscos que essa “privatização/terceirização” representa.

Equipamentos retirados

Nesta terça (25), mais confusão. Funcionários do Hospital Campo Limpo relataram que a OS Albert Einstein retirou equipamentos e médicos da entidade privada até abandonaram uma cirurgia. Segundo os relatos, médicos concursados tiveram que assumir cirurgia no meio do procedimento. Saiba mais aqui.

Além disso, o Conselho regional de Enfermagem disse que vai levar o caso ao Ministério Público, pois pacientes ficaram desassistidos com a remoção de itens como respiradores e outros. A OS diz que retirou apenas equipamentos dela. A Prefeitura defendeu o Einstein e disse que a empresa até deixou alguns equipamentos para serem usados pelo hospital.

Deixe um Comentário

Você precisa fazer login para publicar um comentário.