Passadas as eleições a vida de amargura dos terceirizados da Saúde do Rio de Janeiro está igual ou ainda pior.
Enquanto o estado ultrapassa os 23 mil óbitos e 360 mil casos confirmados de Covid-19, o Sindicato dos Enfermeiros do Rio (Sindenfrj) denuncia que pelo menos 10 mil profissionais de hospitais, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e do Serviço de Atendimento Médico de Emergência (Samu) estão sem pagamento.
São médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, maqueiros, auxiliares e motoristas de ambulância contratados por Organizações Sociais, cuja gestão é do governo do estado.
“A nossa prioridade é resolver a situação dos nossos salários. Tem muitos num quadro triste, sem recursos para se alimentar. Tem que cuidar de família, filhos. Muitos perderam suas casas porque tinham casas alugadas. Amigos nossos acabaram internados. Sem incluir os amigos que acabaram morrendo”, diz um profissional em matéria do site G1.
Veja abaixo a lista das unidades que sofrem com o atraso no pagamento dos profissionais e com más condições de trabalho:
Hospital Alberto Torres – julho, agosto e rescisões
Hospital Carlos Chagas – julho, agosto e setembro
Hospital de Saracuruna – julho, 15 dias de agosto e rescisões
Hospital da Mãe – julho e 6 dias de agosto
Hospital Anchieta – 45 dias
Hospital da Mulher – férias de outubro e novembro
Hospitais de Campanha – julho e rescisões
Hospital de Traumatologia e Ortopedia Baixada – junho e julho
Hospital de Traumatologia e Ortopedia Dona Lindu – agosto e setembro
UPA São Pedro – junho, julho e agosto
Samu – agosto, setembro e rescisões
CONTRA TODAS AS FORMAS DE TERCEIRIZAÇÃO!
Disfarçadas sob uma expressão que esconde sua verdadeira natureza, as organizações sociais (OSs), organizações da sociedade civil (OSCs) e oscips e não passam de empresas privadas, que substituem a administração pública e a contratação de profissionais pelo Estado. Várias possuem histórico de investigações e processos envolvendo fraudes, desvios e outros tipos de crimes.
No setor da saúde, essas “entidades”, quando não são instrumentos para corrupção com dinheiro público, servem como puro mecanismo para a terceirização dos serviços, o que resulta invariavelmente na redução dos salários e de direitos.
Isso ocorre em todas as áreas da administração pública, em especial na Saúde. No meio desta pandemia, além do medo de se contaminar e contaminar assim os seus familiares, profissionais da saúde terceirizados enfrentam também a oferta despudorada de baixos salários, atrasos nos pagamentos, corte de direitos e falta de estrutura de trabalho, o que contrasta com a importância da atuação deles no combate ao COVID-19.
É evidente que o saldo para a sociedade é a má qualidade do atendimento, o desmonte do SUS, das demais políticas públicas e, pior ainda: o risco às vidas.
Todos estes anos de subfinanciamento do SUS e demais serviços essenciais, de desmantelamento dos demais direitos sociais, de aumento da exploração, acirramento da crise social, econômica e sanitária são reflexos de um modo de produção que visa apenas obter lucros e rentabilidade para os capitais. Mercantiliza, precariza e descarta a vida humana, sobretudo dos trabalhadores. O modelo de gestão da Saúde por meio das Organizações Sociais e entidades afins é uma importante peça desta lógica nefasta e por isso deve ser combatido.
Não à Terceirização e Privatização dos serviços públicos!