COM SOBRECARGA ALTA, MÉDICOS DE SP AMEAÇAM GREVE NAS UNIDADES TERCEIRIZADAS

COM SOBRECARGA ALTA, MÉDICOS DE SP AMEAÇAM GREVE NAS UNIDADES TERCEIRIZADAS

Sindserv 28 anos (655)

 

 

sobrecargaNesta quinta (13), às 19h, em assembleia, médicos da Atenção Primária à Saúde de São Paulo decidem se entrarão em greve.

O motivo é a sobrecarga de trabalho e falta de condições para atuar diante do avanço da variante ômicron do novo coronavírus e da influenza. Os profissionais enfrentam unidades de saúde superlotadas, equipes desfalcadas por conta dos médicos e funcionários doentes, além da falta de medicamentos e insumos nas unidades.

O Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) afirma que, comparado com o início de dezembro de 2021, houve aumento de quase 200% de profissionais de saúde afastados do trabalho em janeiro.

Os trabalhadores denunciam estarem sendo convocados para trabalhar aos sábados sem pagamento adicional. Eles reivindicam contratação de mais equipes para atendimento e pagamento das horas extras.

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS), por sua vez, diz que autorizou o pagamento das horas extras dos profissionais pelas Organizações Sociais de Saúde.

A pasta afirmou, em nota enviada à imprensa, que solicitou a presença dos médicos nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) aos sábados, mas “em nenhum momento obrigou que as equipes sejam da Atenção Primária à Saúde (APS).”

“Em relação ao pagamento de horas extras, a SMS aguardava o novo ano fiscal para saldar o pagamento aos profissionais de saúde envolvidos diretamente ao atendimento à pandemia de Covid-19. Aos profissionais ligados às OSs, os parceiros iniciarão o cronograma de pagamento de horas extras a partir deste mês e, àqueles da administração direta, que iniciam a partir desta fase da pandemia o atendimento aos sábados, a SMS estará publicando portaria e pagamento de plantão extra”, promete a SMS.

“Até a próxima sexta-feira (14), a SMS juntamente com os parceiros estará fechando o montante de contratação para apoiar a porta de entrada dos equipamentos, inclusive, ampliando o quadro e horário de algumas unidades para às 22h ou, até mesmo, transformando unidades 12h em 24h.

Em relação aos insumos a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), informa que recebeu, em dezembro de 2021, mais de 867,5 milhões de unidades de medicamentos e insumos, com investimento total de R$ 116 milhões. A pasta prevê o recebimento de outros R$ 28 milhões em medicamentos e materiais médicos, além de mais R$ 52 milhões que serão empenhados para a compra dos suprimentos”, complementa o comunicado.

Médicos relatam exaustão

“O único recurso adicional é a sobrecarga. Os funcionários estão sendo convocados para trabalhar aos sábados sem saber como serão remunerados. Algumas organizações sociais de saúde] não estão pagando como horas extras, oferecem como banco de horas, mas, na prática, ninguém consegue tirar essas horas”, diz a médica Ana Paula Amorim, diretora da Associação Paulista de Medicina de Família e Comunidade e que também atua na rede municipal.

Segundo a médica Vanessa Araújo, representante do Simesp, os trabalhadores da saúde municipal estão complemente exaustos e desrespeitados pelo poder público. “A situação no município de São Paulo caminha para um colapso”, afirma.

Na manhã desta quarta (12), por exemplo, ela diz ter visitado a UBS Santa Cecília, no centro de São Paulo. A unidade deveria ter oito médicos e estava operando com apenas três. “Quatro médicos pediram recentemente demissão por exaustão e por não conseguirem mais fazer o trabalho de atenção primária, de acompanhar os doentes crônicos, de prevenir doenças. A cobrança é de atendimento de pronto-socorro o tempo todo”, diz.

 

CONTRA TODAS AS FORMAS DE TERCEIRIZAÇÃO E CONTRA A PEC 32!

Disfarçadas sob uma expressão que esconde sua verdadeira natureza, as organizações sociais (OSs), organizações da sociedade civil (OSCs) e oscips não passam de empresas privadas, que substituem a administração pública e a contratação de profissionais pelo Estado. Várias possuem histórico de investigações e processos envolvendo fraudes, desvios e outros tipos de crimes.

No setor da saúde, essas “entidades”, quando não são instrumentos para corrupção com dinheiro público, servem como puro mecanismo para a terceirização dos serviços, o que resulta invariavelmente na redução dos salários e de direitos dos trabalhadores.

Falando novamente em ensino público municipal, a Educação Infantil tem cada vez mais unidades subvencionadas para entidades que recebem dinheiro público e não são fiscalizadas. A assistência social também tem sido rifada desta mesma forma pelo atual governo.

É evidente que todo esse processo de terceirização à galope em todo o Brasil traz como saldo para a sociedade a má qualidade do atendimento e o desmonte das políticas públicas.

Todos estes anos de subfinanciamento do SUS e demais serviços essenciais, de desmantelamento dos direitos sociais da classe trabalhadora, aumento da exploração e acirramento da crise social, econômica e sanitária são reflexos de um modo de produção que visa apenas obter lucros e rentabilidade para os capitais.

Mercantiliza, precariza e descarta a vida humana, sobretudo dos trabalhadores, enquanto executores dos serviços ou enquanto usuários destes mesmos serviços. O modelo de gestão pública por meio das Organizações Sociais e entidades afins é uma importante peça desta lógica nefasta e por isso deve ser combatido sempre.

E vem aí a Reforma Administrativa por meio da PEC 32, em rápida tramitação no Congresso. O objetivo, como sempre, é simplesmente acabar com o serviço público como conhecemos e transformar as administrações em grandes cabides para contratação de indicados e cabos eleitorais com total respaldo da lei. Também vai, na prática, acabar com os concursos públicos.

O dinheiro público agora poderá ser desviado oficialmente para as empresas amigas, campanhas eleitorais e as rachadinhas (aquele esquema em que o político contrata alguém, mas exige que o contratado deposite parte do próprio salário na conta do político).

A Reforma não acaba com regalias, nem mexe com quem enriquece com elas. Ao contrário, mantêm os privilégios e os altos salários de juízes, políticos, promotores, diplomatas, cúpula dos militares e outros.

O único objetivo dessa Reforma é piorar os serviços públicos e atacar os servidores que atendem a população mais vulnerável.

Não à Terceirização e Privatização dos serviços públicos! Contra da PEC 32 e em defesa das políticas públicas!

Deixe um Comentário

Você precisa fazer login para publicar um comentário.