Uma reportagem veiculada no G1 nesta sexta mostra o quanto terceirizar atividade fim, em especial em áreas essenciais como a Saúde, é nocivo.
De acordo com a matéria, um médico foi flagrado jogando paciência no computador na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ilha Comprida, no litoral de São Paulo, enquanto os pacientes aguardavam por mais de uma hora para serem atendidos.
O usuário que flagrou a cena ficou indignado e denunciou que tudo aconteceu nesta quinta-feira (29). Após uma hora de espera, o autônomo Roberto Forge foi pedir informações sobre o motivo da demora e flagrou o clínico geral, que estava de plantão, jogando ‘paciência’ no computador, dentro do consultório.
O morador chamou o profissional e questionou a situação. E disse para o médico que ele deveria honrar o juramento [de Hipócrates, da Medicina] e respeitar os pacientes.
E disse ainda que após abordar o profissional, este garantiu que estava vendo as fichas dos pacientes. A prefeitura afastou o funcionário.
O autônomo, de 45 anos, disse ter ido à UPA, no último sábado (25), acompanhar a esposa que sofria uma crise de cálculo renal e suspeita de cálculo na vesícula. Ele conta que outros dez pacientes aguardavam consulta.
“Minha esposa estava com dor. Cálculo renal não é uma simples dor de cabeça. E o médico jogando paciência no computador? É o cumulo!”, disse Forge.
“Ele ainda teve a cara de pau de me falar que estava vendo ficha de pacientes. Ele colocou a culpa nas enfermeiras que não teriam avisado que pacientes aguardavam. Após confrontá-lo, pedi para outro médico atender minha esposa, por saber que ele não faz o atendimento correto”, disse.
Após as reclamações feitas ao médico e aos demais funcionários, o autor do flagrante relatou que em 15 minutos todos foram atendidos e não havia mais fila.
Resposta
Em nota, a Prefeitura de Ilha Comprida informou que o médico plantonista presta serviço à saúde do município por intermédio de empresa contratada. “Em razão da reclamação, o município solicitou à empresa o afastamento do médico do quadro até a apuração das circunstâncias”.
A administração municipal afirma que já foi constatado que o fato não teve desdobramentos que pudessem colocar em risco a vida dos pacientes.
CONTRA TODAS AS FORMAS DE TERCEIRIZAÇÃO!
Disfarçadas sob uma expressão que esconde sua verdadeira natureza, as organizações sociais (OSs), organizações da sociedade civil (OSCs) e oscips não passam de empresas privadas, que substituem a administração pública e a contratação de profissionais pelo Estado. Várias possuem histórico de investigações e processos envolvendo fraudes, desvios e outros tipos de crimes.
No setor da saúde, essas “entidades”, quando não são instrumentos para corrupção com dinheiro público, servem como puro mecanismo para a terceirização dos serviços, o que resulta invariavelmente na redução dos salários e de direitos dos trabalhadores.
No caso acima, vimos que o modelo de terceirização não é por OSs, mas é também prejudicial, pois deixa de contratar profissionais por meio de concurso público. No lugar de servidores de carreira, entram profissionais que não tem qualquer comprometimento com o SUS e com o serviço público de modo geral.
É evidente que todo esse processo de terceirização à galope em todo o Brasil traz como saldo para a sociedade a má qualidade do atendimento e o desmonte das políticas públicas.
Todos estes anos de subfinanciamento do SUS e demais serviços essenciais, de desmantelamento dos direitos sociais da classe trabalhadora, aumento da exploração e acirramento da crise social, econômica e sanitária são reflexos de um modo de produção que visa apenas obter lucros e rentabilidade para os capitais.
Mercantiliza, precariza e descarta a vida humana, sobretudo dos trabalhadores, enquanto executores dos serviços ou enquanto usuários destes mesmos serviços. O modelo de gestão pública por meio das Organizações Sociais e entidades afins é uma importante peça desta lógica nefasta e por isso deve ser combatido sempre.
Não à Terceirização e Privatização dos serviços públicos! Contra da PEC 32 e em defesa das políticas públicas!