A morte de uma gestante após parto de gêmeos no Hospital dos Estivadores, em Santos, no último dia 12, trouxe segue gerando perplexidade aos familiares e amigos.
A jovem de 31 anos contraiu uma infecção no Hospital, que é terceirizado para a organização social Instituto Social Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Em postagem na página Viver em Santos e Região, o internauta Junior Carvalho, amigo da empresária falecida desabafou:
“Gostaria de prestar uma homenagem à minha amiga Débora Rodrigues que faleceu no último dia 12 após o parto de seus filhos gêmeos no Hospital dos Estivadores, em Santos. Ela tinha 31 anos e o sonho de ser mãe, que infelizmente foi interrompido após ter contraído uma bactéria hospitalar. Não sei de todos os detalhes, mas fui informado de que o parto foi normal e ela perdeu muito sangue. Uma fatalidade enorme… O que me conforta é que seus filhos, Lucas e Matheus, estão saudáveis e sendo muito bem cuidados pelo pai, Nilvan.”
Mostramos aqui no Ataque que no primeiro quadrimestre de 2018 a OS gestora não conseguiu cumprir a meta ligada à taxa de infecção hospitalar. A meta era ficar abaixo de 5%. Nos meses de fevereiro e março o percentual acende o sinal de alerta: 5,26% e 5%, respectivamente.
Os indicadores referentes às prestações de contas posteriores a 2019 não constam do Portal da Transparência da Prefeitura de Santos.
Ainda sobre 2018, o alto custo do contrato não impediu que a OS deixasse de alcançar outras metas. Leia aqui.
Há menos de 2 meses outra parturiente faleceu no local e gerou revolta por suspeita de negligência.
Matéria do jornal Costa Norte também repercutiu a notícia deste último caso envolvendo o parto dos gêmeos:
Morte de influenciadora de 31 anos após parto de gêmeos causa comoção em Santos, no litoral de SP
“Tô super ansiosa pela mudança. Quando eu vi o apartamento, eu falei liberdade”, anunciou, sem esconder o entusiasmo, em meados de abril deste ano, a jovem influenciadora de 31 anos Débora Rodrigues, então grávida de gêmeos. Pouco mais de quatro meses depois, na última sexta (12), Débora morreu após dar à luz os filhos, causando perplexidade em Santos, no litoral de SP.
“Por que a vida é assim? Uma pessoa que estava tão feliz que iria ser mãe de gêmeos e vem a vida e leva uma amiga que tive o prazer de conhecer. Com tanta humildade, sinceridade. Eu não tô acreditando que isso aconteceu logo depois de poder ver seus filhos em seus braços e sentir aquele prazer de ser mãe e planejar tantas coisas pra eles”, lamentou um amigo de Débora, um dia após a sua morte.
No ultimo dia 17, o mesmo amigo a homenageou outra vez em uma mensagem que viralizou em uma rede social regional. “Que os gêmeos tenham muita saúde nessa vida ingrata que nós temos”, disse ele, angustiado.
Casada, Débora vivia de uma loja virtual de vestuário e dirigia o “Vamos Crescer Juntas”, um grupo de fortalecimento de empreendedoras locais que, em pouco mais de dois anos de atividade, reuniu mais de 200 associadas e alguns milhares de seguidores nas redes.
Débora morreu após dar à luz filhos gêmeos na maternidade do Hospital dos Estivadores, em Santos. O tempo transcorrido entre o parto e a sua morte, bem como as causas do óbito, seguem por se esclarecer.
“Você deixou um legado lindo e um projeto incrível aqui na Terra”, lamentou uma manicure de Santos. “Fazia muito pelas mulheres empreendedoras”, complementou uma moradora de Praia Grande.
Sensibilizada, uma das empreendedoras do grupo idealizado por Débora, uma confeiteira de Santos, lançou no último domingo (13) uma campanha virtual batizada de ‘’Madrinhas dos Gêmeos” para arrecadar fundos para ajudar o viúvo e pai dos órfãos recém-nascidos, um supervisor de logística que trabalha em Cubatão. Em poucos dias, a vaquinha, ainda ativa, arrecadou mais que o volume inicial que tinha por meta.
“Essa vaquinha será destinada aos gêmeos, filhos da nossa querida Débora Rodrigues que infelizmente nos deixou devido a complicações pós-parto. O valor será entregue ao marido e pai dos gêmeos para ajudar com o custeio de leite, fraldas etc.”, explicou a confeiteira na campanha virtual.
Abalado, o viúvo de Débora preferiu não se manifestar. Em tentativas realizadas nesta quinta (18), a reportagem não conseguiu contato com os demais citados.
O que diz o Hospital dos Estivadores
Questionado nesta quinta, o Instituto Social Hospital Alemão Oswaldo Cruz, responsável pela gestão do Complexo Hospitalar dos Estivadores, lamentou a morte de Débora, mas não respondeu em que consistiam as complicações que levaram ao óbito dela.Por meio de nota, o hospital disse que “lamenta o falecimento da paciente” e que “durante a internação, todos os recursos médicos necessários foram empregados para a reversão do quadro”. O hospital também disse que forneceu todas as informações e “amplo acolhimento” aos familiares de Débora.
Dados do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo mostram que somente entre os anos de 2019 e 2021, o Instituto Oswaldo Cruz recebeu mais de R$ 447,4 milhões dos cofres públicos para gerenciar o Hospital.
Abaixo listamos mais matérias envolvendo denúncias de ineficiência na gestão do Hospital dos Estivadores pela OS Instituto Social Hospital Alemão Oswaldo Cruz:
MAIS UM LUTO POR SUSPEITA DE NEGLIGÊNCIA NO ESTIVADORES DESTROÇA FAMÍLIA EM SANTOS
TCE JULGA IRREGULARES OS ADITIVOS NO CONTRATO COM A OS DO ESTIVADORES, EM SANTOS
TCE: FISCALIZAÇÃO APONTA FALHAS NA GESTÃO DO HOSPITAL DOS ESTIVADORES
GESTORA PRIVADA DO HOSPITAL DOS ESTIVADORES APLICOU VACINAS VENCIDAS EM TERCEIRIZADOS
OS que comanda Estivadores não cumpre todas as metas no Hospital
Mãe que perdeu bebê no Hospital dos Estivadores pede investigação criminal no Ministério Público
Mãe relata drama após ter seu bebê no Hospital dos Estivadores
Gestantes denunciam práticas na Maternidade dos Estvadores
Pai vai à imprensa para denunciar falta de estrutura no Hospital dos Estivadores
Hospital dos Estivadores: advogado entra com representação criminal contra OS e Prefeitura
Mais um parto traumático no Hospital dos Estivadores, em Santos
CONTRA TODAS AS FORMAS DE TERCEIRIZAÇÃO!
Disfarçadas sob uma expressão que esconde sua verdadeira natureza, as organizações sociais (OSs), organizações da sociedade civil (OSCs) e oscips e não passam de empresas privadas, que substituem a administração pública e a contratação de profissionais pelo Estado. Várias possuem histórico de investigações e processos envolvendo fraudes, desvios e outros tipos de crimes.
No setor da saúde, essas “entidades”, quando não são instrumentos para corrupção com dinheiro público, servem como puro mecanismo para a terceirização dos serviços, o que resulta invariavelmente na redução dos salários e de direitos.
Isso ocorre em todas as áreas da administração pública, em especial na Saúde. No meio desta pandemia, além do medo de se contaminar e contaminar assim os seus familiares, profissionais da saúde terceirizados enfrentam também a oferta despudorada de baixos salários, atrasos nos pagamentos, corte de direitos e falta de estrutura de trabalho, o que contrasta com a importância da atuação deles no combate ao COVID-19.
É evidente que o saldo para a sociedade é a má qualidade do atendimento, o desmonte do SUS, das demais políticas públicas e, pior ainda: o risco às vidas.
Todos estes anos de subfinanciamento do SUS e demais serviços essenciais, de desmantelamento dos demais direitos sociais, de aumento da exploração, acirramento da crise social, econômica e sanitária são reflexos de um modo de produção que visa apenas obter lucros e rentabilidade para os capitais. Mercantiliza, precariza e descarta a vida humana, sobretudo dos trabalhadores. O modelo de gestão da Saúde por meio das Organizações Sociais e entidades afins é uma importante peça desta lógica nefasta e por isso deve ser combatido.
Não à Terceirização e Privatização dos serviços públicos!