Um técnico em enfermagem da UPA de Peruíbe (SP) foi condenado a 17 anos de prisão por importunação sexual. A unidade, que é terceirizada, foi palco do escândalo após pelo menos oito colegas de trabalho denunciarem o agressor, que chegou a ser preso por estupro em 2021.
O funcionário tinha 46 anos na época em que os crimes foram praticados, em 2021. De acordo com as vítimas, ele passava a mão nas partes íntimas delas enquanto elas dormiam na sala de descanso para profissionais da unidade. Ele também foi preso por estupro de vulnerável.
Segundo a promotoria, tanto a defesa quanto a acusação do réu recorreram no processo antes da audiência, que aconteceu no Fórum de Peruíbe. Cabe recurso ao condenado. Os crimes aconteceram de 2018 em diante.
Um vídeo mostra o técnico em enfermagem tentando passar a mão em uma colega de trabalho enquanto ela dormia. As imagens mostram o suspeito deitado em um colchão no chão da sala de descanso da UPA e outra funcionária dormindo em cama próxima. É possível vê-lo colocando a mão na cama dela, por baixo do cobertor.
Casos de abuso em unidades terceirizadas não é novidade
Aqui no Ataque aos Cofres Públicos mostramos várias vezes casos de funcionários terceirizados em unidades públicas de saúde alvo de denúncias de tentativa de estupro de outras trabalhadoras ou até mesmo de pacientes. Situação que não se repete nos serviços executados por servidores de carreira, que passam por concurso público e por uma rigorosa seleção antes de serem nomeados. Veja alguns links:
Paciente denuncia abuso sexual na UPA Central de Santos, terceirizada para FUABC
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CONTRA TODAS AS FORMAS DE TERCEIRIZAÇÃO!
Disfarçadas sob uma expressão que esconde sua verdadeira natureza, as organizações sociais (OSs), organizações da sociedade civil (OSCs) e oscips e não passam de empresas privadas, que substituem a administração pública e a contratação de profissionais pelo Estado. Várias possuem histórico de investigações e processos envolvendo fraudes, desvios e outros tipos de crimes.
No setor da saúde, essas “entidades”, quando não são instrumentos para corrupção com dinheiro público, servem como puro mecanismo para a terceirização dos serviços, o que resulta invariavelmente na redução dos salários e de direitos.
Isso ocorre em todas as áreas da administração pública, em especial na Saúde. No meio desta pandemia, além do medo de se contaminar e contaminar assim os seus familiares, profissionais da saúde terceirizados enfrentam também a oferta despudorada de baixos salários, atrasos nos pagamentos, corte de direitos e falta de estrutura de trabalho, o que contrasta com a importância da atuação deles no combate ao COVID-19.
É evidente que o saldo para a sociedade é a má qualidade do atendimento, o desmonte do SUS, das demais políticas públicas e, pior ainda: o risco às vidas.
Todos estes anos de subfinanciamento do SUS e demais serviços essenciais, de desmantelamento dos demais direitos sociais, de aumento da exploração, acirramento da crise social, econômica e sanitária são reflexos de um modo de produção que visa apenas obter lucros e rentabilidade para os capitais. Mercantiliza, precariza e descarta a vida humana, sobretudo dos trabalhadores. O modelo de gestão da Saúde por meio das Organizações Sociais e entidades afins é uma importante peça desta lógica nefasta e por isso deve ser combatido.
Não à Terceirização e Privatização dos serviços públicos!