MP ENTRA COM AÇÃO COM PEDIDO DE LIMINAR PARA IMPEDIR COLAPSO NO HOSPITAL MUNICIPAL DE CUBATÃO

MP ENTRA COM AÇÃO COM PEDIDO DE LIMINAR PARA IMPEDIR COLAPSO NO HOSPITAL MUNICIPAL DE CUBATÃO

Sindserv 28 anos (1060)

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Diante do iminente colapso do atendimento no Hospital Municipal de Cubatão, o Ministério Público propôs nesta terça (22) uma ação civil pública com pedido de liminar contra a Prefeitura para tentar garantir o funcionamento do equipamento. 

De acordo com a promotora de Justiça Vanessa Bortolomasi, o contrato do Município com a Fundação São Francisco Xavier vence no próximo dia 30 e organização social recusou proposta do Município de prorrogação excepcional, declarando que irá encerrar suas atividades na data final do ajuste.

“Ocorre que, até a presente data, o Município não tomou qualquer providência para garantir a continuidade da prestação do serviço, não tendo sequer lançado edital de licitação para a contratação de nova empresa, o que, por óbvio, não estará concluído até o dia 30 de novembro de 2022″, alerta a promotora na ação.

Ela conclui que é “iminente o risco de colapso no atendimento de saúde do Hospital Municipal de Cubatão quando a Fundação encerrar a prestação de seus serviços sem que o Município tenha tomado medidas para garantir a ininterrupção deste, que é essencial”.

Histórico

O prefeito Ademário de Oliveira firmou o contrato n. 111/2017 com a FSFX, empresa ligada à Usiminas, em 30 de novembro de 2017, pelo prazo de 60 meses.

Na época, o Ataque aos Cofres Públicos fez diversas matérias mostrando que a entrega do hospital para gestão da iniciativa privada seria prejudicial à população, já que parte dos leitos do hospital até então 100% público deixaria de ser ofertada aos munícipes via SUS e passaria a ser objeto de obtenção de lucro para a OS e seu plano de saúde.

Mostramos que os princípios da universalidade, integralidade e igualdade no acesso aos serviços foi totalmente desprezado pela administração municipal. Não demoraram a chegar as denúncias e reclamações de munícipes sobre restrições de acesso aos vários serviços no equipamento.

Como sabemos, a Usiminas demitiu nos últimos anos parte expressiva de trabalhadores, o que provavelmente diminuiu a demanda pelo plano de saúde. É plausível que a empresa não considere mais interessante financeiramente manter sob seu comando um hospital inteiro na Cidade.

É isso o que acontece quando os governos terceirizam serviços essenciais como a Saúde: a oferta de atendimento passa a ser mediada por interesses econômicos e não pelos princípios constitucionais que prevêem que todo o ser humano tem direito a serviços fundamentais para a devida manutenção da dignidade humana.

Enquanto é interessante, as empresas sugam ao máximo os recursos do SUS via contratos com Governos e, em muitos casos, via desvios e corrupção. Quando as margens de lucro caem ou as possibilidades de ganhos indiretos minguam, simplesmente se retiram e migram para áreas e governos mais “rentáveis”.

Inquéritos

Dois inquéritos estão em andamento no Ministério Público Federal (MPF) e no Ministério Público Estadual (MP-SP) para investigação de supostas irregularidades na administração do Hospital. O pedido foi feito pela Câmara, com base em um relatório de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) concluído em abril.

O relator da CEI, vereador Alessandro Donizete de Oliveira (PL), enviou os pedidos de inquérito ao
MPF e ao MP-SP. Ele afirmou que o grupo constatou que a forma de escolha da entidade e o
modelo de contratação eram “completamente irregulares”.

“E pior, o serviço vem sendo mal prestado, com muitas queixas da população”, diz.

Oliveira afirma ter alertado em suas redes sociais que o contrato da FSFX com a Prefeitura
estava próximo do fim e não havia chamamento público por parte da Prefeitura para escolher
um novo gestor. “Estamos acompanhando e não vamos aceitar que a Prefeitura faça algum contrato
emergencial ou qualquer outro atropelo às regras e que a população continue sofrendo com
uma gestão problemática do nosso único hospital”, declara.

O relatório da CEI aponta que entre os problemas na gestão do serviço estaria um instrumento jurídico de concessão do hospital criado pela Procuradoria do Município. Conforme o relatório, a Prefeitura firmou um contrato direto com a entidade, sem licitação. O documento apontou que as ações tomadas pela Administração no processo de reabertura da unidade hospitalar foram inconstitucionais. Também se mencionou a falta de mecanismos para fiscalizar o contrato.

O Hospital Municipal de Cubatão tem 125 leitos, dos quais 25 atendem apenas pacientes que podem pagar a internação ou que disponham de plano de saúde.

Ele foi fundado em 1997. Fechou em 2016, depois que a Prefeitura rompeu o contrato com a antiga OS numa gestão cheia de irregularidades. Essa empresa, por sua vez, foi contratada para substituiu a Pró-Saúde, outra OS ficha suja. Agora, de acordo com o prefeito, a FSFX alega prejuízos para não dar continuidade no contrato.

Liminar

No pedido de liminar proposto nesta terça (22), o MP requer que a Prefeitura seja obrigada a adotar providências imediatas, mesmo que cautelares, para garantir a continuidade do adequado atendimento aos pacientes do SUS, impedindo a paralisação do serviço de saúde no Hospital Municipal de Cubatão, a partir de 30 de novembro de 2022. 

A promotora ainda pede que a Justiça determine que a Prefeitura comprove em até 48 horas as providências adotadas, sob pena de multa diária no valor de R$ 10 mil reais em caso de descumprimento.

CONTRA TODAS AS FORMAS DE TERCEIRIZAÇÃO

Disfarçadas sob uma expressão que esconde sua verdadeira natureza, as organizações sociais (OSs), organizações da sociedade civil (OSCs) e oscips não passam de empresas privadas, que substituem a administração pública e a contratação de profissionais pelo Estado. Várias possuem histórico de investigações e processos envolvendo fraudes, desvios e outros tipos de crimes.

No setor da saúde, essas “entidades”, quando não são instrumentos para corrupção com dinheiro público, servem como puro mecanismo para a terceirização dos serviços, o que resulta invariavelmente na redução dos salários e de direitos dos trabalhadores.

É evidente que todo esse processo de terceirização à galope em todo o Brasil traz como saldo para a sociedade a má qualidade do atendimento e o desmonte das políticas públicas.

Todos estes anos de subfinanciamento do SUS e demais serviços essenciais, de desmantelamento dos direitos sociais da classe trabalhadora, aumento da exploração e acirramento da crise social, econômica e sanitária são reflexos de um modo de produção que visa apenas obter lucros e rentabilidade para os capitais.

Mercantiliza, precariza e descarta a vida humana, sobretudo dos trabalhadores, enquanto executores dos serviços ou enquanto usuários destes mesmos serviços. O modelo de gestão pública por meio das Organizações Sociais e entidades afins é uma importante peça desta lógica nefasta e por isso deve ser combatido sempre.

Não à Terceirização e Privatização dos serviços públicos!

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