O Jornal A Tribuna visitou o Complexo Hospitalar dos Estivadores, em Santos, após denúncias de negligência e mau atendimento serem publicadas pelo próprio veículo e também por outros sites e jornais, inclusive o Ataque aos Cofres Públicos (veja aqui a nossa matéria).
Depois das histórias serem divulgadas, outros relatos de pacientes ou parentes de pacientes que passaram pelo hospital foram enviadas ao jornal, que também foi até o complexo hospitalar. Abaixo reproduzimos o texto publicado pelo periódico na última sexta (9).
Após Hospital de Santos ser chamado de “açougue” e “matadouro”, A Tribuna visita o local
Após A Tribuna ter noticiado casos envolvendo o Complexo Hospitalar dos Estivadores, em Santos, na última semana, a equipe de reportagem recebeu diversos relatos por meio das redes sociais e canais de informação, como WhatsApp.
O primeiro caso de repercussão foi o de Denyse Alves Gouveia Ribeiro, de 26 anos, cuja filha nasceu morta e precisou ser reanimada. Por sua vez, a mãe perdeu o útero, as trompas e os ovários após o parto. O segundo caso foi o de Maria Jaine Viana Salviano, de 30 anos, que ouviu que seu bebê estava morto e precisava retirá-lo, entretanto a filha estava viva.
Nas redes sociais de A Tribuna, foi possível verificar outros relatos, como os listados a seguir.
Em um dos relatos, uma mãe diz que “grande foi o livramento, mas me gerou um trauma enorme”. Em outro comentário, uma outra mãe comenta que ficou três dias induzindo o parto. Ainda houve pessoas que se referiram ao complexo hospitalar com “matadouro”, “açougue” e “carnificina”.
Em contrapartida, também há comentários exaltando a eficiência do atendimento hospitalar do Complexo dos Estivadores. Confira:
Após a repercussão dos casos e dos comentários em redes sociais, a Prefeitura de Santos convidou a reportagem de A Tribuna para reunião com uma comissão dentro do complexo hospitalar.
Estiveram presentes no encontro o secretário municipal de Saúde, que também é médico ginecologista e obstetra, Adriano Catapreta; o secretário adjunto de Saúde, Denis Valejo; a diretora interina do hospital, Francies Oliveira; o gerente médico, Luiz Otávio Abrantes, e o coordenador médico da Ginecologia e Obstetrícia do hospital, Francisco Lázaro Pereira de Sousa.
À Reportagem, a equipe disse lamentar o ocorrido e se dispôs a esclarecer as principais dúvidas. “Nós quisemos falar com A Tribuna, porque casos isolados não podem tirar a excelência que o hospital tem. Claro que cada caso isolado é 100% com aquela família, eu sempre falo isso e nós damos toda assistência a essa família”, explica o secretário de Saúde.
Catapreta ainda explicou que, apesar de “isolados”, os casos não têm menos importância e que, por se tratar de uma maternidade que recebe uma alta demanda de gestantes, os incidentes estão dentro das estatísticas. “Para a família é um caso trágico e para nós também, a gente não quer que ocorra nenhum caso desse, mas a medicina tem a sua estatística ruim também”.
Casos como de Denyse Alves Gouveia Ribeiro e Maria Jaine Viana Salviano seguem investigados dentro do hospital
Em números
A Prefeitura de Santos também compartilhou que, somente em 2023, o Complexo Hospitalar dos Estivadores
registrou, até o mês de novembro, 2.365 bebês nascidos vivos, com taxa de parto cesárea de 43,5%. Nesse período, 778 (32,9%) recém-nascidos tiveram necessidade de internação em UTI Neonatal.No mesmo período, houve 10 óbitos, sendo 5 prematuros extremos e 5 por malformação de órgãos. “A estrutura física aliada a equipamentos de alta tecnologia, aos rígidos protocolos e à qualificação profissional da equipe foram fatores determinantes para que o coeficiente de mortalidade neonatal fosse de 4,1 por mil nascidos vivos (média nacional 8,4)”, aponta a Administração Municipal.
Complexo hospitalar
A Tribuna ainda teve acesso à maternidade do hospital e conheceu as instalações do complexo, como a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal. Ainda pelo tour, especialistas explicaram sobre os procedimentos realizados no hospital e mostraram fichas que pacientes e médicos preenchem em parto. Além disso, fizeram uma demonstração do parto a vácuo, que foi realizado em Denyse. A comissão do hospital ainda garante que segue todas as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde.
CONTRA TODAS AS FORMAS DE TERCEIRIZAÇÃO E PRIVATIZAÇÃO!
Como se vê, terceirizar os serviços é fragilizar as políticas públicas, colocar a população em risco e desperdiçar recursos valiosos com ineficiência, má administração ou até má fé de entidades privadas.
Disfarçadas sob uma expressão que esconde sua verdadeira natureza, as organizações sociais (OSs), organizações da sociedade civil (OSCs) e oscips e não passam de empresas privadas, que substituem a administração pública e a contratação de profissionais pelo Estado. Várias possuem histórico de investigações e processos envolvendo fraudes, desvios e outros tipos de crimes.No setor da saúde, essas “entidades”, quando não são instrumentos para corrupção com dinheiro público, servem como puro mecanismo para a terceirização dos serviços, o que resulta invariavelmente na redução dos salários e de direitos.
Embora seja mais visível na Saúde, isso ocorre em todas as áreas da administração pública, como Educação, Cultura e Assistência Social. O saldo para a sociedade é a má qualidade do atendimento, o desmonte do SUS, das demais políticas públicas e, pior ainda: o risco às vidas.
Todos estes anos de subfinanciamento do SUS e demais serviços essenciais, de desmantelamento dos direitos sociais, de aumento da exploração, acirramento da crise social, econômica e sanitária são reflexos de um modo de produção que visa apenas obter lucros e rentabilidade para os capitais. Mercantiliza, precariza e descarta a vida humana, sobretudo dos trabalhadores. O modelo de gestão por meio das Organizações Sociais e entidades afins é uma importante peça desta lógica nefasta e por isso deve ser combatido.
Não à Terceirização e Privatização dos serviços públicos!