O Primeiro Comando da Capital (PCC) se infiltrou em ao menos 13 cidades de São Paulo, incluindo Guarulhos, a segunda maior do Estado para fraudar licitações e obter contratos públicos para desviar dinheiro de impostos e lavar dinheiro do tráfico de drogas, segundo as investigações do Ministério Público de São Paulo (MPSP) divulgadas nesta terça-feira (16/4).
E dentre as empresas citadas na Operação Munditia, está a Mova Empreendimentos, que atua em Cubatão fornecendo força de trabalho terceirizada na área de limpeza, vigilância e, mais recentemente, no serviço de apoio à inclusão escolar. Recentemente o Ataque aos Cofres Públicos fez uma matéria mostrando que a empresa, especializada em limpeza e construção civil, foi contratada por R$ 8.757.045,60 para fornecer e gerenciar profissionais sem qualificação, que lidam diariamente com crianças com deficiência e transtorno do espectro autista nas escolas municipais.
Em seu site, a Mova descreve que “abrange as área de: LIMPEZA PROFISSIONAL, PRODUTOS E EQUIPAMENTOS DE HIGIENIZAÇÃO, FACILITY SERVICES, COMERCIALIZAÇÃO DA MARCA PRÓPRIA E CONSTRUÇÃO.”
Leia o texto na íntegra clicando na manchete abaixo.
As prisões
Como publicamos mais cedo, políticos de quatro partidos foram presos na parte da manhã por suspeita de envolvimento no esquema de cartel articulado pela facção criminosa.
Ao todo 13 pessoas foram presas temporariamente, entre empresários, advogados e agentes públicos. Entre os presos estão três vereadores e outros dois políticos, todos ligados aos quadros do PSD, MDB, Podemos e União Brasil.
Os vereadores detidos são Ricardo Queixão (PSD), de Cubatão; Flavio Batista de Souza (Podemos), o “Inha” de Ferraz de Vasconcelos e Luiz Carlos Alves Dias (MDB), conhecido como “Luizão Arquiteto” e parlamentar na Câmara Municipal de Santa Isabel.
Eleito pelo PL, o vereador se filiou ao MDB na última semana. O partido decidiu suspender a filiação de forma cautelar. Já o PSD, de Ricardo Queixão, disse que acompanha as apurações. Mesma postura foi adotada pelo Podemos, de Flavio Batista.
Além deles, também foram presos nesta terça Dário Reisinger Ferreira, presidente do União Brasil em Suzano, e Vagner Borges Dias, conhecido como Latrell Brito – principal alvo da operação do MPSP.
Entenda a operação
O envolvimento da facção criminosa ocorreu por meio da associação com empresários que já tinham expertise em fraudar licitações e contatos com agentes públicos que aceitavam propina para viabilizar os contratos.
A quadrilha alvo da operação agia, segundo o MPSP, nas seguintes cidades: Guarulhos, Ferraz de Vasconcelos, Mogi das Cruzes, Guararema, Poá, Santa Isabel e Arujá, na região metropolitana; Santos, Guarujá e Cubatão, na Baixada Santista; e Itatiba, Sorocaba e Buri, no interior do estado.
Tal expansão foi possível porque os empresários que faziam parte da facção formaram cartéis com outros empresários que não tinham ligação com o tráfico de drogas. Estes, no entanto, já agiam de forma criminosa anteriormente, fraudando licitações para vencer contratos e, depois, desviar dinheiro público por meio do superfaturamento ou outras práticas — ou seja, já tinham expertise no esquema.
Empresas ligadas ao PCC
Uma das empresas que teria ligação direta com o PCC é a CJM Comercial e Utilidades, que tem, entre os sócios, um homem chamado Márcio Zeca da Silva. Segundo o MPSP, Márcio Zeca já foi condenado por tráfico de drogas, após ter sido flagrado com 200 porções cocaína no fundo falso de um Mercedes-Benz em Diadema, na Grande São Paulo. Ele seria membro da facção.
Os promotores, contudo, ainda apuram se os agentes públicos suspeitos de favorecer o acesso dessas empresas aos contratos públicos sabiam que, ao negociar o recebimento de propina, estavam lidando com pessoas ligadas ao tráfico de drogas e ao PCC ou se imaginavam que lidavam apenas com empresários corruptos.
Além das prisões, foram cumpridos 42 mandados de busca e apreensão, apreendidos R$ 600 mil em espécie, R$ 3,5 milhões em cheques, US$ 8,7 mil, quatro armas, munições, 22 celulares e 22 notebooks.