Uma das Unidades de Terapia Intensiva do Hospital Estadual de Urgências de Goiás – Dr. Valdemiro Cruz (Hugo), em Goiânia, foi esvaziada por conta de uma infestação de piolhos, provocados por pombos.
Além disso, parte dos funcionários aderiu a uma paralisação. Os funcionários afirmam que estão com os salários atrasados e aqueles que chegaram a receber, foram pagos com valores errados.
Uma servidora, que preferiu não se identificar e que não aderiu à greve, disse ao POPULAR que foram afetados “setores como vigilância, recepção e manutenção do hospital, além de várias empresas terceirizadas que o Instituto não fez o repasse”.
Em nota, o hospital disse que os serviços estão suspensos em até 70% dos postos de trabalho, “fato que tem gerado muito desconforto para a gestão, colaboradores, pacientes e acompanhantes”.
OS dá calote
Os servidores apontam a Organização Social Centro Hospitalar de Atenção Emergências Médicas (Instituto Cem), que administra o Hugo, como causadora do problema, segundo a TV Anhanguera, pela falta de repasse dos salários.
Em nota enviada à imprensa local, o Hugo confirma o atraso de pagamento de terceirizados. Afirma que a gestão “passa por um processo de readequação entre os valores recebidos para execução dos serviços e a consequente quitação para fornecedores e prestadores de serviço”.
Os repasses para a quitação estão em discussão na Secretaria Estadual de Saúde, segundo a nota.
Já a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) se posicionou dizendo que que não há atrasos no repasse ao Instituto CEM para a gestão do Hugo. Destacou que o contrato funciona com repasse proporcional às metas estabelecidas e apurou um valor de 10 milhões (referente ao não-atingimento de metas por parte da OS contratada), “mas que diante dos problemas de gerenciamento verificados no momento, não está sendo aplicada agora”.
Piolhos
Segundo a TV Anhanguera, nove pacientes que estavam na Unidade de Terapia Intensiva foram transferidos para o Centro Cirúrgico por conta de uma infestação de piolhos. “Foi transferida parte dessas pessoas que estão internadas na UTI para o centro cirúrgico, sendo que o centro cirúrgico são só 10 salas. E lá já tá tendo uma falta de material”, informou uma funcionária que não quis ser identificada.
Sobre o tópico, o Hugo confirmou a identificação de um foco de piolhos “em um dos andares provocado por pássaros oriundos do Bosque que fica ao lado do hospital”.
Em nota, a unidade diz que “imediatamente foram tomadas medidas de contingência como proteção aos pacientes e colaboradores e imediata dedetização dos ambientes, garantindo que nenhum transtorno pudesse afetar pacientes, acompanhantes e colaboradores”.
A SES disse em nota que a situação foi pontual e restrito à UTI 4 do Hugo, e que o problema será solucionado.
CONTRA TODAS AS FORMAS DE TERCEIRIZAÇÃO E PRIVATIZAÇÃO!
Como se vê, terceirizar os serviços é fragilizar as políticas públicas, colocar a população em risco e desperdiçar recursos valiosos com ineficiência, má administração ou até má fé de entidades privadas.
Disfarçadas sob uma expressão que esconde sua verdadeira natureza, as organizações sociais (OSs), organizações da sociedade civil (OSCs) e oscips e não passam de empresas privadas, que substituem a administração pública e a contratação de profissionais pelo Estado. Várias possuem histórico de investigações e processos envolvendo fraudes, desvios e outros tipos de crimes.No setor da saúde, essas “entidades”, quando não são instrumentos para corrupção com dinheiro público, servem como puro mecanismo para a terceirização dos serviços, o que resulta invariavelmente na redução dos salários e de direitos.
Embora seja mais visível na Saúde, isso ocorre em todas as áreas da administração pública, como Educação, Cultura e Assistência Social. O saldo para a sociedade é a má qualidade do atendimento, o desmonte do SUS, das demais políticas públicas e, pior ainda: o risco às vidas.
Todos estes anos de subfinanciamento do SUS e demais serviços essenciais, de desmantelamento dos direitos sociais, de aumento da exploração, acirramento da crise social, econômica e sanitária são reflexos de um modo de produção que visa apenas obter lucros e rentabilidade para os capitais. Mercantiliza, precariza e descarta a vida humana, sobretudo dos trabalhadores. O modelo de gestão por meio das Organizações Sociais e entidades afins é uma importante peça desta lógica nefasta e por isso deve ser combatido.
Não à Terceirização e Privatização dos serviços públicos!