ISSO É TERCEIRIZAÇÃO: FUNCIONÁRIOS DO HOSPITAL SILVÉRIO FONTES E POLICLÍNICAS RESPONDEM COM GREVE O ATRASO NOS SALÁRIOS

ISSO É TERCEIRIZAÇÃO: FUNCIONÁRIOS DO HOSPITAL SILVÉRIO FONTES E POLICLÍNICAS RESPONDEM COM GREVE O ATRASO NOS SALÁRIOS

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Terceirizar os serviços é fragilizar as políticas públicas, colocar a população em risco e desperdiçar recursos valiosos com ineficiência, má administração ou até má fé de entidades privadas.

Disfarçadas sob uma expressão que esconde sua verdadeira natureza, as organizações sociais (OSs), organizações da sociedade civil (OSCs), oscips e empresas terceirizadas em geral substituem a administração pública e a contratação de profissionais pelo Estado mesmo quando possuem histórico de investigações e processos envolvendo fraudes, desvios e outros tipos de crimes.

No setor da saúde, as OSs e afins, quando não são instrumentos para corrupção com dinheiro público, servem como puro mecanismo para a terceirização dos serviços, o que resulta invariavelmente na redução dos salários e de direitos.

É o que estamos vendo mais uma vez em Santos, como mostra a reportagem do Jornal A Tribuna, do último dia 9.

Vigilantes que prestam serviço para o Hospital Silvério Fontes e para policlínicas de Santos reclamam que os seus salários, vale-refeição e Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), não estão em dia. Por conta disso, na manhã desta quinta-feira (8), eles cruzaram os braços e iniciaram uma greve contra a empresa que repassa os seus salários, a Hedge Segurança.

A Tribuna conversou com alguns trabalhadores que decidiram relatar o que estão passando. O vigilante Claudio Soares, de 41 anos, trabalha no Hospital Silvério Fontes. Segundo ele, o serviço é terceirizado e a empresa não responde mais a nenhuma solicitação. “Até agora nada, estamos desesperados, a empresa nos abandonou”, desabafa.

Ele lembra que, mesmo durante o período de pandemia ou outros também difíceis, não parou de trabalhar. “Estamos largados às traças, sem salários, sem benefícios. Eu pago aluguel, tenho um filho pequeno”, diz.

Segundo o profissional da segurança, o salário dele está atrasado, o FGTS está há oito meses sem depósito e outros benefícios também não estão em dia. “A maioria dos vigilantes contratados desde 2019 estão com mais de duas férias vencidas, e nada de fiscalizarem”, disse.

“A situação é desagradável e desesperadora”
Um outro vigilante, de 27 anos e que trabalha há mais de cinco na empresa, preferiu não se identificar. Ele diz que trabalha em uma policlínica de Santos e que sofre com o mesmo problema. “A situação é desagradável e desesperadora”, diz.

Segundo ele, existem suspeitas de que a empresa responsável faliu e não deixou qualquer explicação aos funcionários das unidades de saúde. “Já estamos há dois anos com os mesmos problemas e a prefeitura renovou por mais um ano o contrato, mesmo sabendo que a empresa deve aos funcionários”, reclamou.

De acordo com ele, a greve só deve terminar quando os pagamentos e os benefícios forem acertados e colocados em dia. “A empresa nos abandonou”, justifica.

A vigilante Monica Barrada, de 42 anos, diz que trabalha em diversos postos de saúde da Baixada Santista e vem enfrentando o problema com a mesma empresa. “Estamos sem salário, a empresa nos abandonou aqui e não temos contato com mais ninguém de lá”.

Mônica diz que a impressão que dá é que a empresa quer que os colaboradores trabalhem de graça, pois já faz anos que este problema existe sem ser resolvido. “Nem relógio trabalha de graça, a gente precisa receber”.

Posicionamento
A Reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Santos, que informou, por meio de nota, que está em dia com os pagamentos à empresa que presta o serviço de segurança. Em relação ao FGTS, a prefeitura diz que se apresenta em dia, por meio de consulta ao site da Caixa Econômica Federal.

A Prefeitura informou, ainda, que já notificou a empresa responsável por atraso com tributos federais, o que, inclusive, a desabilitou a participar de novos processos licitatórios. A Tribuna também tentou contato com a Hedge Segurança, que não atendeu aos telefonemas e nem respondeu aos questionamentos enviados.

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