Precarização das condições de trabalho e descumprimento de direitos são alguns dos graves reflexos nefastos que a terceirização dos serviços públicos provoca. E quando isso acontece, quem sofre são os trabalhadores e a população usuária, que paga impostos mas não recebe atendimento a contento.
A cidade de Bertioga é um dos muitos exemplos destes efeitos nocivos da contratação de organizações sociais na saúde pública. Abaixo, reproduzimos na íntegra a matéria do jornal A Tribuna sobre o não pagamento de direitos trabalhistas por parte da OS Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS), que inclusive tem problemas de sobra no currículo. Veja nos links abaixo:
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Confira a reportagem de A Tribuna, publicada nesta segunda (11), sobre o calote da INTS aos trabalhadores do Hospital de Bertioga:
Hospital é alvo de ação no litoral de São Paulo por não pagar funcionários e situação gera revolta; entenda
Falta de pagamento de benefícios e dissídios é cobrada por trabalhadores e pelo sindicato da categoria. Prefeitura fala em tratativas realizadas
Os funcionários da Saúde de Bertioga, no litoral de São Paulo, estão indignados com a falta do pagamento de benefícios. Os dissídios e os valores do vale-alimentação não estão sendo cumpridos, o que tem gerado indignação dentro do Hospital Municipal de Bertioga. Em nota, a Prefeitura disse que estão sendo feitas tratativas para que o pagamento ocorra ainda em 2024.
Uma funcionária, que não quis se identificar, comentou que se sente muito mal com a situação. “Não posso cobrar o que é meu por direito. Para onde está indo essa verba se os funcionários estão trabalhando exaustos e desanimados, sem ter a quem recorrer?”, reclamou a denunciante.
A mulher também reclamou sobre o uso de bancos de horas por parte dos funcionários: “Eles nos obrigaram a tirar os nossos bancos de horas em folgas, sendo que teriam que pagar em espécie porque já havia se passado um ano e teriam que nos remunerar”, comentou.
Segundo a denunciante, o dissídio não está sendo cumprido há um ano. “O dissídio não está sendo pago desde outubro de 2023, e agora, em outubro deste ano, seria outro reajuste”, contou.
Sindicato
O Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Santos (Sintrasaúde Santos) informou que tem uma Convenção Coletiva de Trabalho firmada com o Sindicato das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Estado de São Paulo (Sindhosfil-Linosesp), sindicato patronal que representa organizações sociais (OS) do setor.Segundo a entidade, a data-base é em outubro. Em relação ao dissídio de 2023, o sindicato tem uma ação de cumprimento na Justiça do Trabalho pelo não cumprimento da Convenção Coletiva de Trabalho. O sindicato informou ainda que a a ação deste ano já foi encaminhada ao Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS), responsável pela gestão do Hospital Municipal de Bertioga, para aplicação imediata.
Prefeitura de Bertioga
Em nota enviada pela Prefeitura, o Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS) informou que os pagamentos aos colaboradores estão sendo feitos regularmente no primeiro dia útil de cada mês.“Todos os funcionários recebem refeição no local, gratuitamente, em um modelo que é inclusive mais favorável, tanto do ponto de vista nutricional quanto financeiro”, diz o posicionamento. Em relação ao dissídio, a Prefeitura ressaltou ser importante esclarecer que a convenção trabalhista da categoria só foi publicada este ano, o que “impediu o provisionamento no orçamento corrente”. Ainda assim, segundo o município, estão sendo feitas tratativas para que o pagamento ocorra ainda este ano.