FAMÍLIA ACUSA PS TERCEIRIZADO POR MORTE DE MENINA DE 11 ANOS APÓS INJEÇÃO PARA TRATAR FURÚNCULOS

FAMÍLIA ACUSA PS TERCEIRIZADO POR MORTE DE MENINA DE 11 ANOS APÓS INJEÇÃO PARA TRATAR FURÚNCULOS

INACEITÁVEL!

No último dia 17, o desespero tomou conta da mãe da menina Alessandra Rebeca da Silva Sousa, de 11 anos, que veio a óbito no  no Pronto Socorro (PS) do Jardim Rio Branco, na Área Continental de São Vicente.

Alice Maria de Sousa Silva, de 29 anos, acredita que houve negligência médica e que os profissionais da saúde erraram na aplicação dos medicamentos, já que ela faleceu após tomar várias injeções e remédios.

O caso repercutiu na imprensa local e a Prefeitura informou que está investigando rigorosamente a situação. Ao jornal A Tribuna, a mãe prometeu que vai lutar por justiça e quer entender o que aconteceu. Até agora a causa oficial da morte não foi divulgada.

Alessandra explicou que levou a filha ao hospital no dia 15/2, por conta de furúnculos na axila, já que a menina estava reclamando de dores e incômodo. Segue trecho da reportagem:

Acompanhada do irmão, que também se queixava de dores de ouvido, Alessandra passou normalmente pela triagem e foi atendida pela médica. O menino foi medicado e recebeu uma receita para tomar alguns remédios.

Em seguida, Alice relatou que a profissional que atendeu sua filha recomendou compressas no furúnculo e informou que iria medicála. “Ela ia passar a Benzetacil, só que verificou que não havia Benzetacil disponível naquele momento. Para minha filha não sair do hospital sem medicação, disse que aplicaria Diclofenaco injetável no bumbum. Eu autorizei, pois minha filha nunca teve alergia a nada, a nenhuma medicação”, conta Alice.

Os três voltaram para casa, mas, à tarde, Alessandra começou a apresentar vermelhidão pelo corpo, ficando “toda empelotada”, com febre do ombro para cima. “Eu olhei e pensei: ‘Meu Deus, será que ela teve alergia à injeção?’ Porque ela ficou toda vermelha, cheia de caroços, se coçando. Ela falava que a garganta coçava, então eu retornei ao hospital”.

Ao chegar lá, Alice percebeu que outro médico estava de plantão e explicou a situação.
“Eu disse que tinha levado minha filha por causa do furúnculo e que a médica havia passado Amoxicilina e uma injeção para aliviar a dor. O médico perguntou qual era a injeção e, quando respondi que era Diclofenaco, ele me olhou e disse: ‘Mãezinha, aqui nenhuma enfermeira aplica Diclofenaco em criança’. Eu insisti que minha filha havia tomado a medicação, então ele verificou o prontuário e confirmou que realmente a médica havia prescrito Diclofenaco para ela”, relembra a mãe de Alessandra.

O médico iniciou um tratamento para tentar interromper a reação alérgica. A menina recebeu adrenalina e xarope antialérgico. Após 45 minutos em observação, Alessandra relatou que estava se sentindo melhor, mas cansada e com sono. Alice questionou a enfermeira, que disse que era um efeito normal do antialérgico.

De volta para casa, a menina tomou banho e dormiu. No entanto, começou a sentir náuseas e passou a noite incomodada. Preocupada com a respiração da filha, Alice acionou a ambulância. “Chamei a ambulância porque eu já não tinha mais dinheiro para levá-la. Minha filha estava queimando de febre, e a vermelhidão voltou. Ela começou a inchar novamente. Quando chegamos ao hospital, era o mesmo médico que a atendeu antes”, conta Alice.

No hospital, Alessandra recebeu mais doses de adrenalina, antialérgico e soro com medicação. “Enquanto o médico estava lá, eu não a vi tão aflita. Mas os batimentos cardíacos dela subiam e desciam, e a respiração estava muito acelerada, por isso ela precisou de oxigênio”, explica a mãe.

Com a troca de turno, outra equipe assumiu o atendimento e continuou o tratamento, administrando mais medicações para alergia. Segundo Alice, no domingo, a menina apresentou um grande inchaço.

Exames
A equipe médica realizou exames iniciais, que não apontaram anormalidades no sangue, urina ou pulmões. No entanto, após a menina receber mais medicações, novos exames mostraram alterações no sangue, na urina e manchas no pulmão.

A mãe relatou ainda que os médicos decidiram administrar Benzetacil. “Fiquei preocupada porque minha filha já tinha muita medicação no corpo”.

Na madrugada de segunda-feira (17), o quadro de saúde da menina piorou. Como ela estava muito sonolenta devido às medicações e não conseguia se levantar para ir ao banheiro, os profissionais tentaram colocar uma sonda, mas não conseguiram e decidiram usar fraldas.

Os médicos informaram Alice que, caso o quadro de Alessandra piorasse e os batimentos cardíacos caíssem, seria necessária a intubação. “Minha filha começou a delirar. A médica explicou que era porque não estava chegando oxigênio suficiente ao cérebro.”

Pouco depois, a equipe tentou intubar a menina e pediu que a mãe aguardasse em outra sala.

Morte
Alice entrou em contato com o pai da criança para tentar conseguir uma vaga na UTI de outro hospital. O homem chegou ao local e aguardou junto com ela. Por volta das 8h40, a mãe foi chamada e informada que Alessandra havia falecido às 7h38. “Quando entrei na sala, minha filha já estava coberta com um plástico, pronta para ser levada. Não era assim que eu queria encontrála”, desabafa a mãe.

O corpo da menina seria transferido para o Hospital Guilherme Álvaro, em Santos, mas devido ao registro de um boletim de ocorrência, foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML). “No IML, disseram que encontraram pus no pulmão, no fígado e no rim dela, além de uma grande quantidade de substâncias medicamentosas no organismo. Não sabemos se ela faleceu por excesso de medicação ou se forçaram a intubação.”

Por conta disso, foi retirado um pedaço do pulmão da menina para exames em São Paulo, a fim de determinar a causa da morte.

Alice afirmou que a UPA não entregou os exames da filha e que já acionou um advogado para processar a unidade. “Estão dizendo que minha história é fake news, que demorei para levar minha filha ao hospital. Mas eu a levei por um furúnculo, não por outro problema.”

Segundo a Prefeitura de São Vicente, a Santa Casa de São Bernardo, organização social responsável pelo Pronto-Socorro do Rio Branco, informou que está investigado o caso rigorosamente.

A instituição afirmou que toda a assistência prestada seguiu os protocolos clínicos e que a paciente foi atendida em todas as suas passagens pela unidade, recebendo medicação e monitoramento conforme a evolução do quadro clínico.

Sobre a causa da morte, a Santa Casa informou que o laudo oficial do Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) ainda não foi divulgado, mas destacou que a principal hipótese é sepse de provável origem pulmonar. O caso segue sob investigação. “Não há registros de que a família tenha informado qualquer histórico de alergia a medicamentos, nem evidências de erro na administração do Diclofenaco”, afirma a entidade.

SSP
A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) informou que a menina, de 11 anos, morreu na manhã de segunda-feira (17) na Avenida Ulisses Guimarães, em São Vicente. O caso foi registrado como morte suspeita no 3º Distrito Policial (DP) da cidade e está sendo investigado.

O órgão acrescentou que segundo o pai da criança, de 30 anos, sua filha deu entrada em uma unidade de saúde, onde recebeu uma injeção e foi liberada. No entanto, ao chegar em casa, a menina voltou a passar mal e precisou retornar ao médico. Apesar de ter sido socorrida, ela não resistiu.

OS Santa Casa de São Bernardo é foco de denúncias
Médicas e médicos que trabalham para a OSS Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Bernardo do Campo, gestora dos hospitais, têm denunciado irregularidades no Hospital Municipal de Urgências (HMU) e do Hospital Municipal Pimentas-Bonsucesso (HMPB), em Guarulhos. Eles dizem que seus plantões não têm sido pagos e também reclamam de precarização das condições de trabalho.

De acordo com o Sindicato dos Médicos de São Paulo, os serviços das unidades municipais da Prefeitura de Guarulhos são terceirizados para a OS Santa Casa de Misericórdia de São Bernardo, que, por sua vez, subcontrata as e os profissionais da saúde para uma empresa quarteirizada, a Cárdio Serviços Hospitalares.

A entidade sindical divulgou, no último dia 26/2, um canal de denúncias para os profissionais. No texto que explica a crianção do canal, o Simesp ressalta que apesar de serem vinculados como “sócios minoritários”, médicas e médicos têm suas jornadas controladas e obrigações de celetistas, mas sem a garantia dos direitos trabalhistas.

“Somada a falta de pagamentos, geram-se assim uma série de problemas, como a alta rotatividade profissional. Além disso, as condições de trabalho nos hospitais são bastante precárias. Faltam insumos e leitos para atendimento e há defasagem de todas as categorias nas equipes profissionais, o que leva a longas filas de espera e pouca resolutividade nos atendimentos”, diz o sindicato.

CONTRA TODAS AS FORMAS DE TERCEIRIZAÇÃO E PRIVATIZAÇÃO!

Como se vê, terceirizar os serviços é fragilizar as políticas públicas, colocar a população em risco e desperdiçar recursos valiosos com ineficiência, má administração ou até má fé de entidades privadas.

Disfarçadas sob uma expressão que esconde sua verdadeira natureza, as organizações sociais (OSs), organizações da sociedade civil (OSCs) e oscips e não passam de empresas privadas, que substituem a administração pública e a contratação de profissionais pelo Estado. Várias possuem histórico de investigações e processos envolvendo fraudes, desvios e outros tipos de crimes.

No setor da saúde, essas “entidades”, quando não são instrumentos para corrupção com dinheiro público, servem como puro mecanismo para a terceirização dos serviços, o que resulta invariavelmente na redução dos salários e de direitos.
Embora seja mais visível na Saúde, isso ocorre em todas as áreas da administração pública, como Educação, Cultura e Assistência Social.

O saldo para a sociedade é a má qualidade do atendimento, o desmonte do SUS, das demais políticas públicas e, pior ainda: o risco às vidas.

Todos estes anos de subfinanciamento do SUS e demais serviços essenciais, de desmantelamento dos direitos sociais, de aumento da exploração, acirramento da crise social, econômica e sanitária são reflexos de um modo de produção que visa apenas obter lucros e rentabilidade para os capitais. Mercantiliza, precariza e descarta a vida humana, sobretudo dos trabalhadores. O modelo de gestão por meio das Organizações Sociais e entidades afins é uma importante peça desta lógica nefasta e por isso deve ser combatido.

Não à Terceirização e Privatização dos serviços públicos!