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VEREADORES CONSERVADORES DA CÂMARA REMONTAM CENSURA E MOSTRAM IRRESPONSABILIDADE COM AUMENTO DA GRAVIDEZ PRECOCE E ISTs

Enquanto o vereador e ex-secretário de Saúde de Santos, Adriano Catapreta (PSD, 2º Mandato), apresentou um projeto de lei na Câmara de Santos que visa, como numa ditadura, que a Casa aprove a proibição em eventos públicos e privados da discussão e ‘fomento’ de práticas de aborto, outros 12 vereadores fizeram uma verdadeira operação para barrar um projeto de lei que visava levar prevenção da gravidez precoce, de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e de assedio sexual nas escolas.

Sobre o primeiro PL, a ideia é que o assunto não seja sequer discutido em âmbito científico, dentro de uma universidade de medicina, por exemplo. Debater aborto ficaria sumariamente proibido em qualquer lugar.

Já no segundo caso, a votação enterrou uma ideia de um estudante da Câmara Jovem, chamado Rafael Quintal Lopes. O PL, que foi derrotado por 12 votos a 7, na sessão da última terça (18), visava incluir o inciso “Educação em Sexualidade” à Lei 3.187, de 2015, que trata do ensino de temas transversais de educação nas escolas da rede municipal.

Em resumo, o Ministério da Educação classifica de transversais os assuntos que se relacionam à realidade dos estudantes e que podem ser abordados em matérias do currículo escolar para contribuir na formação de cidadãos.

A proposta do jovem Rafael foi encampada pelo vereador Cacá Teixeira (PSDB, 4º Mandato). Ele tentou explicar que a preocupação do integrante da Câmara Jovem, chamado Rafael Quintal Lopes, era com casos de assédio sexual, gravidez precoce, infecções sexualmente transmissíveis e estupros. Para ele, a conscientização nas escolas ajudaria a reduzir ocorrências.

Mas a bancada conservadora, após duas horas de discussão, conseguiu arquivar o projeto, dizendo que ele era muito perigoso. Oi?

“Professores não possuem competência para tratar dos temas citados. Crianças têm que ser educadas pelos pais, não por terceiros”, disse Rafael Pasquarelli (União, 1º Mandato).

As declarações absurdas não pararam por aí. “A redação é muito ampla e dá margem para a sexualização de nossas crianças. É uma porta aberta para o diabo”, declarou Fábio Duarte (PL, 2º Mandato).

“Sexualidade é com o pai e a mãe”, disse Lincoln Reis (Podemos, 3º Mandato). Já Rui De Rosis Jr. (PL, 1º Mandato) perguntou: “Para que colocar um dispositivo dúbio que pode ser uma porta aberta para uma guerra cultural?”.

Débora Camilo (PSOL, 2º Mandato) tentou rebater as falas contrárias citando dados e fatos. “Os dados demonstram como o tema é necessário, principalmente nas escolas, para a criança, o adolescente (…) denunciar os abusadores, que geralmente estão dentro de casa”.

Por sua vez, Marcos Caseiro (PT, 1º Mandato) perguntou: “Vocês acham normal uma criança com menos de 14 anos ser mãe? (…) Uma cidade que tem os maiores indicadores de sífilis do mundo? De HIV?”

Benedito Furtado (PSB, 9º Mandato), Renata Bravo (PSD, 1º Mandato), Chico Nogueira (PT, 3º mandato) e Cláudia Alonso (Podemos, 1º mandato) também tentaram salvar o projeto “Quanto mais conservador, menos ele (o pai) conversa com sua família sobre sexualidade. Porque no conservadorismo está implícito o machismo”, afirmou Furtado.

“Discutir essa pauta é essencial. Informação e conhecimento são libertadores. Quanto mais informações, mais dignidade e respeito”, avaliou Renata Bravo, ex-secretária da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos.

“O projeto não fala de erotização, mas de educação. A gente está falando de cuidar, tirar dúvida, tirar preconceito. O professor é acolhedor e tem, sim, essa capacidade”, defendeu Cláudia Alonso.

O mais triste é que a todo momento os contrários ao projeto pediam o encerramento da discussão, mostrando a fragilidade dos argumentos e aversão ao assunto que deveria ser encarado como uma questão de saúde pública.

VEJA ABAIXO OS VEREADORES QUE VOTARAM CONTRA A EDUCAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS

Adilson Jr. (PP, 4º Mandato)
Adriano Catapreta (PSD, 1º Mandato)
Adriano Piemonte (União Brasil, 2º Mandato)
Alisson Sales (PL, 1º Mandato)
Chita Menezes (PSB, 2º Mandato)
Fábio Duarte (PL, 2º Mandato)
Lincoln Reis (Podemos, 3º Mandato)
Marcelo Téo (PP, 1º Mandato)
Paulo Miyasiro (2º Mandato, Republicanos)
Rafael Pasquarelli (União Brasil, 1º Mandato)
Rui de Rosis Jr (PL, 1º Mandato)
Sérgio Santana (PL, 4º Mandato)
Zequinha Teixeira (4º Mandato, PP)

VERADORES DE SANTOS, PARA QUEM ELES TRABALHAM?