CADASTRE-SE PARA RECEBER NOSSAS NOTÍCIAS
MELHOR CIDADE PARA SE VIVER? PREFEITURA PARA MULTA DIÁRIA POR SITUAÇÃO PRECÁRIA E ATRASO NA REURBANIZAÇÃO DA VILA PANTANAL
A Vila Pantanal é uma chaga social na entrada do município-polo da Baixada Santista, que há anos usa o marketing de “Melhor Cidade para se Viver”.
Quando se olha a realidade nua e crua, Santos está longe de merecer o título, muito também em função do péssimo trabalho de fiscalização e cobrança dos vereadores em relação às políticas habitacionais.
Com um orçamento anual perto dos R$ 6 bilhões, a Cidade convive com verdadeiros bolsões de pobreza desprovidos de saneamento básico e pavimentação e ainda paga multa diária por isso, conforme reportagem publicada nesta quarta (9), no Jornal A Tribuna.
Confira abaixo a matéria:
Prefeitura de Santos paga multa diária por situação precária e atraso na reurbanização da Vila Pantanal; entenda
Os moradores enfrentam problemas diários, como a falta de saneamento básico, esgoto a céu aberto e ruas sem pavimentação
Com esgoto a céu aberto, falta de água, alagamentos frequentes e ruas sem pavimentação, moradores da Vila Pantanal, em Santos, seguem vivendo em condições precárias, mesmo após uma decisão judicial que obriga a Prefeitura e a Companhia de Habitação Popular (Cohab) a urbanizar a área.
Pelo descumprimento da sentença, o Ministério Público obteve a execução de uma penalidade de R$ 182 mil e cobra ainda uma multa diária enquanto a ordem não for cumprida. A Prefeitura afirma que a Procuradoria Geral do Município analisa as medidas cabíveis.
Localizada no bairro Saboó, próxima à entrada de Santos e ao Centro de Treinamento dos Meninos da Vila, a área tem sido alvo de cobranças do Ministério Público desde 1998, que exige da Prefeitura soluções para os problemas sociais e ambientais do local, conforme esclarece a advogada Gabriela Ortega. Ela acompanha as reivindicações desde 2019.
“Somos eu, você, todo mundo que paga, é um dinheiro que poderia estar sendo investido na cidade e é usado para pagar uma multa”, complementou.
A advogada ainda pontua que, no dia 6 de fevereiro deste ano, houve uma reunião com moradores e técnicos da Prefeitura na Escola 28 de Fevereiro. Segundo ela, foi informado aos presentes que não há o que ser feito no momento, pois a Prefeitura alega falta de recursos e aguarda uma resposta do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal.
Atualmente, além de uma multa de R$ 182 mil, a Administração Municipal também precisa arcar com uma multa diária de R$ 2 mil. “O poder público tem agido de forma vergonhosa fazendo uma ou outra melhoria, muito pontual e inexpressiva frente a tantas demandas, e principalmente, frente à decisão judicial que aborda a urbanização”, destacou.
Apesar de ser uma área pequena, a Vila Pantanal é ‘bem cheia’, relata Gabriela. Com a pandemia, houve um crescimento significativo da população, resultando em várias casas construídas lado a lado, muitas delas ampliadas para duplex e até triplex. Ela ainda ressalta: “Há algumas vielas que não passam nem um carrinho de mão, nem moto, nada”.
Como vive a população da Vila Pantanal?
Os moradores da Vila Pantanal enfrentam problemas diários, como esgoto a céu aberto, alagamentos frequentes, ruas sem pavimentação, falta de água e saneamento básico. Além disso, Gabriela Ortega destaca que há muito lixo espalhado pelo local, já que os moradores precisam se deslocar até os contentores para descartá-lo.
“A Vila Pantanal é um problema porque ela é um território pequeno e moram mil famílias de baixa renda. Então, eu entendo que é complexo, mas eu entendo também que a Prefeitura de Santos tem condições financeiras de se organizar para resolver esse problema e não o faz”.
A presidente da Sociedade de Melhoramentos da Vila Pantanal, Ana Bernarda dos Santos, ressalta que seria um sonho ver toda essa situação resolvida. Ela também pontua que a comunidade não conta com uma secretaria de habitação presente, nem com pessoas com quem possa dialogar para dar visibilidade à situação, especialmente em relação à urbanização.
“Eu sou cadeirante. Eu não precisava passar por cima do esgoto, do buraco, porque não chegaram os serviços, né? Os meus direitos não chegaram, não foram atendidos. E é por isso a minha luta, por mim e por todos os demais”, enfatiza.
Ana explica que um dos problemas enfrentados pelos jovens da Vila Pantanal é a dificuldade para conseguir trabalho. Segundo ela, quando informam que moram na comunidade, muitos têm seus cadastros recusados. Para Ana, há um forte descarte e exclusão dessas pessoas pela sociedade.
Posicionamento
A Prefeitura de Santos informou, em nota, que foi notificada da decisão e a Procuradoria Geral do Município analisa as medidas cabíveis. Também afirma que a urbanização da Vila Pantanal requer profunda remodelação do tecido urbano e a necessidade de construção de unidades habitacionais para reassentamento das famílias, uma vez que a área é cortada por cursos d’água que compõem a bacia do Rio Lenheiros, que são altamente suscetíveis a inundações.
“Por este entendimento, a Prefeitura vem buscando fontes de custeio para a reurbanização do local, contemplando a regularização fundiária e urbanística do território”, pontuou em nota.
A Administração Municipal aguarda a análise do Ministério das Cidades do Projeto de Reurbanização do núcleo, encaminhado no último dia 21 (inserido na etapa 2025 do Novo PAC), que prevê a melhoria da qualidade de vida e redução de riscos dos moradores do local, com a substituição de habitações precárias e insalubres por moradias de melhor qualidade.
Segundo a Prefeitura, a proposta conta com acesso a saneamento básico, eletricidade, água potável, infraestrutura adequada, mobilidade acessível e segura, além de consolidação das edificações passíveis de regularização fundiária. “Vale lembrar que a primeira tentativa de aprovação junto ao Governo Federal desta proposta foi em 2023”.
Quando questionada sobre os problemas enfrentados pelos moradores, a Prefeitura informou que uma visita técnica à Vila Pantanal está programada até o final desta semana, cuja ação envolverá equipes técnicas da Prefeitura Regional da Zona Noroeste e da Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos.
“Será realizado um levantamento detalhado das ações necessárias para obras de drenagem e esgotamento sanitário, previstos no projeto de reurbanização do local. Tratativas com a concessionária Sabesp para intervenções na Vila Pantanal também já estão em andamento”, complementou.
MAIS PROBLEMAS HABITACIONAIS
Em novembro do ano passado, mostramos aqui na Página que a quantidade de moradias em favelas aumentou 79% em Santos, em 12 anos. Eram 10.767 unidades em 2010, pulando para 19.257 em 2022, de acordo com os dados dos últimos dois censos realizados pelo IBGE. Clique aqui para ler a matéria.
Se compararmos a evolução desde o censo de 2000, quando 5.998 habitações precárias foram registradas, o aumento da favelização é de 221%.
VEREADORES DE SANTOS, PARA QUEM ELES TRABALHAM?
PREFEITOS DE SANTOS, A FAVOR DE QUEM GOVERNAM?