ALVO DE OPERAÇÃO DA PF QUE APREENDEU R$ 1,7 MILHÃO, RODRIGO MANGA AUMENTOU EM 24 VEZES PATRIMÔNIO DECLARADO EM 13 ANOS

ALVO DE OPERAÇÃO DA PF QUE APREENDEU R$ 1,7 MILHÃO, RODRIGO MANGA AUMENTOU EM 24 VEZES PATRIMÔNIO DECLARADO EM 13 ANOS

MANGA

O prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), dobrou o valor dos bens declarados à Justiça Eleitoral em um período de quatro anos. Na última eleição, em 2024, quando concorreu e venceu a reeleição à prefeitura, Manga declarou um patrimônio avaliado em R$ 528.645,00.

Já em 2020, na disputa pelo primeiro mandato, o político declarou R$ 237.602,07 em bens. Entre os itens registrados, estavam uma casa de R$ 94 mil, um terreno de R$ 34,7 mil e R$ 83,8 mil distribuídos em aplicações bancárias. Ele também declarou possuir R$ 25 mil em espécie.

Quatro anos depois, Manga informou possuir um apartamento de R$ 55,5 mil e uma Toyota Hilux avaliada em R$ 176,5 mil. As aplicações bancárias saltaram para R$ 127,8 mil. O prefeito ainda declarou, em 2024, ter R$ 23,3 mil em previdência privada e outros R$ 30 mil em dinheiro em espécie.

Se comparado com o patrimônio declarado em 2012, quando disputou a eleição para vereador, os bens de Rodrigo Manga aumentaram em quase 24 vezes. Naquele pleito, ele informou um patrimônio de R$ 22,3 mil. O valor refere-se a prestações quitadas do financiamento de um imóvel.

Na eleição seguinte, em 2016, quando disputou a reeleição para a Câmara Municipal de Sorocaba, o político declarou R$ 39,9 mil em bens patrimoniais, sendo R$ 35 mil de uma casa. O restante referia-se a R$ 3,5 mil em previdência privada e a R$ 1,3 mil em uma conta corrente.

OPERAÇÃO DA PF
Conhecido como “prefeito tiktoker” pela popularidade nas redes sociais, Rodrigo Manga foi um dos alvos, na última quinta-feira (10/4), de uma operação da Polícia Federal (PF) deflagrada contra uma organização criminosa voltada ao desvio de recursos públicos destinados à saúde.

Segundo a PF, o prefeito é suspeito de receber propina de um suposto esquema de desvio de dinheiro envolvendo um contrato com uma Organização Social de Saúde (OS) para gerir uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Sorocaba.

A investigação da PF partiu da suspeita de contratação emergencial, em 2021, da Organização Social ACENI – atualmente denominada Instituto de Atenção à Saúde e Educação (IASE) — durante o primeiro mandato de Manga. O republicano foi reeleito em 2024.

A partir da quebra de sigilo dos investigados, a PF identificou indícios de que Manga recebeu propina por meio de transações de imóveis e depósitos em espécie a operadores financeiros. Entre os operadores, segundo a investigação, estaria Marcos Mott, um amigo do prefeito e que também foi alvo da operação.

Segundo as investigações, a OS está em nome de um testa de ferro e é comandada, na verdade, pelos empresários Paulo Korek e Anderson Luis Santana, donos de companhias subcontratadas pela entidade.

Korek também é presidente do Água Santa, time de futebol de Diadema, na Grande São Paulo. Já Santana, segundo investigadores, tem histórico de prisão por tráfico de mais de 200 kg de cocaína.

Além de Manga, o ex-secretário de Saúde Vinicius Rodrigues foi alvo de buscas da PF.

DINHEIRO EM ESPÉCIE
A PF apreendeu R$ 1,7 milhão em dinheiro vivo durante a Operação Copia e Cola, que mirou Manga, por suspeita de envolvimento em um esquema de propina por meio de uma OS contratada pela Secretaria de Saúde.

O montante foi encontrado em endereços ligados a diferentes alvos, nas cidades de Itu, Sorocaba, Santos, Araçoiaba da Serra e São Paulo.

De acordo com a PF, transações suspeitas também ligam o esquema a uma igreja que pertence à cunhada do prefeito e o marido dela — ambos se identificam como bispos.

Em um carro ligado aos dois, foram encontradas caixas com R$ 863 mil em dinheiro vivo. A PF também está contabilizando dinheiro confiscado em um cofre.

O que diz Rodrigo Manga
Em nota, o prefeito Rodrigo Manga informou que “está havendo plena colaboração com as autoridades” envolvidas na operação “para que todos os fatos sejam devidamente esclarecidos, o mais brevemente possível”.

“Vale destacar que a operação acontece em um momento de grande projeção da cidade e do nome do prefeito Rodrigo Manga no cenário nacional”, diz a nota. “Não é a primeira vez na história que vemos ‘forças ocultas’ se levantarem contra representantes que se projetam como uma alternativa ao sistema e dão voz ao povo.”