O Ataque aos Cofres Públicos recebeu uma denúncia que mostra bem o descalabro que se tornou o atendimento da urgência e emergência em Santos. No relato, o denunciante conta a experiência do sogro na UPA Central, gerenciada pela organização social ficha suja InSaúde.
Abaixo mostraremos na íntegra o texto da denúncia do advogado, cujo nome preservamos:
“Meu sogro agora está na emergência da UPA Central. Anteriormente, na noite de 19 de maio, o meu sogro nos comunicou através do celular e pediu para chamarmos a enfermagem porque não estavam atendendo seu chamado local através do sistema sonoro da UPA. Telefonamos para a UPA e depois ele foi atendido porque necessitava ir ao banheiro. Depois desse acontecimento, o meu sogro não mais ligou e, no dia seguinte, 20/05/2025, por ocasião da visita, soubemos que o meu sogro, depois de chamar insistentemente e inutilmente a enfermaria, tentou se dirigir ao banheiro e sofreu uma queda, mas antes tinha defecado nas vestimentas. A enfermagem colocou um fraldão nele, mas ele estava muito grogue quando o visitamos de manhã, aparentando o tinham dopado para que ele não continuasse chamando a enfermaria. Com isso, a situação dele passou a piorar em razão da queda que lhe feriu a cabeça, ocasionando dificuldade para respiração e necessitando ir para a emergência. Teremos resposta sobre a condição dele às 16h de hoje (21/05/2025). É importante frisar que eu, minha esposa, meu cunhado e minha cunhada nos propusemos a fazer vigília para ajudar nas locomoções do meu sogro para ir ao banheiro para possibilitar suas necessidades fisiológicas e para tomar banho, mas fomos impedidos. Ao final, abandonaram o meu sogro à própria sorte durante as noites, aparentando que o doparam para que ele não reclamasse.”
Esse não é um caso isolado. Chegam todos os dias à Câmara denúncias de usuários sobre demora, ineficiência e negligência nas UPAs terceirizadas da Cidade.
Nesta terça (20), por exemplo, a queixa relatada pelo vereador Rafael Pasquarelli é de que desfalque de funcionários no atendimento para suprir equipe da ambulância da unidade.
“A retirada de médicos e enfermeiros do atendimento interno da UPA CENTRAL para suprir a falta de equipe na ambulância, compromete diretamente o funcionamento da unidade e pode causar prejuízos graves à assistência prestada aos demais pacientes. Além disso, é necessário verificar se a empresa terceirizada está cumprindo integralmente suas obrigações contratuais, especialmente no que diz respeito à formação das equipes.”, diz o vereador em justificativa de um requerimento com diversas perguntas, enviado ao Executivo.
Também esta semana, na quinta (22), outro requerimento denuncia a precariedade do atendimento prestado pela OS Insaúde. O suplente de vereador, Miro Machado, aponta que a necessidade de adoção de medidas urgentes para melhoria no atendimento da UPA Central, incluindo contratação de mais profissionais de saúde, reforço na triagem e melhorias na infraestrutura da unidade.
Em sua justificativa, ele cita que os usuários têm enfrentado longas filas de espera e superlotação na unidade, o que compromete gravemente o atendimento emergencial.
“Pacientes relatam horas de espera, inclusive em situações delicadas, enquanto os profissionais da unidade lidam diariamente com a falta de recursos e sobrecarga de trabalho. Essa situação não só afeta a qualidade do atendimento, como também coloca em risco a vida e a saúde da população, que depende do serviço público de saúde. É imprescindível que a Prefeitura adote medidas como a contratação de mais médicos, enfermeiros e técnicos, reforço na triagem para agilizar os casos de maior gravidade, além de investimentos em infraestrutura e equipamentos, garantindo um atendimento digno, eficiente e humanizado à população.”
CONTRA TODAS AS FORMAS DE TERCEIRIZAÇÃO E PRIVATIZAÇÃO!
Como se vê, terceirizar os serviços é fragilizar as políticas públicas, colocar a população em risco e desperdiçar recursos valiosos com ineficiência, má administração ou até má fé de entidades privadas.
Disfarçadas sob uma expressão que esconde sua verdadeira natureza, as organizações sociais (OSs), organizações da sociedade civil (OSCs) e oscips e não passam de empresas privadas, que substituem a administração pública e a contratação de profissionais pelo Estado. Várias possuem histórico de investigações e processos envolvendo fraudes, desvios e outros tipos de crimes.
No setor da saúde, essas “entidades”, quando não são instrumentos para corrupção com dinheiro público, servem como puro mecanismo para a terceirização dos serviços, o que resulta invariavelmente na redução dos salários e de direitos.
Embora seja mais visível na Saúde, isso ocorre em todas as áreas da administração pública, como Educação, Cultura e Assistência Social. O saldo para a sociedade é a má qualidade do atendimento, o desmonte do SUS, das demais políticas públicas e, pior ainda: o risco às vidas.
Todos estes anos de subfinanciamento do SUS e demais serviços essenciais, de desmantelamento dos direitos sociais, de aumento da exploração, acirramento da crise social, econômica e sanitária são reflexos de um modo de produção que visa apenas obter lucros e rentabilidade para os capitais. Mercantiliza, precariza e descarta a vida humana, sobretudo dos trabalhadores. O modelo de gestão por meio das Organizações Sociais e entidades afins é uma importante peça desta lógica nefasta e por isso deve ser combatido.
Não à Terceirização e Privatização dos serviços públicos!