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SÉRGIO SANTANA PROPÕE E CÂMARA APROVA MEDALHA PARA POLICIAL ENVOLVIDO EM MORTE SUSPEITA DE JOVEM NA OPERAÇÃO ESCUDO!

A chamada Operação Escudo, que causou quase 30 mortes, em um mês, no litoral de São Paulo, foi motivada por vingança institucional pela morte de um policial militar. A conclusão é de um relatório elaborado por pesquisadores da Universidade Federal Fluminense e pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo. O documento foi divulgado no último dia 28 de julho, dois anos após o início da operação policial. 

Dez dias após o relatório vir a público, o vereador Sérgio Santana (PL, 4º Mandato), que faz parte da chamada bancada da bala da Câmara de Santos, conseguiu aprovar que o Poder Público Municipal santista gaste recursos dos munícipes com um evento de homenagem e a confecção da Medalha de Honra ao Mérito “Brás Cubas” a um policial que participou de uma das mortes suspeitas durante a Operação Escudo. 

Trata-se do Projeto de Decreto Legislativo Nº 17/2025, aprovado nesta quinta (7), visando homenagear o cabo da Polícia Militar  Wendel Evangelista Ferreira. 

De acordo com o boletim de ocorrência, a intervenção policial realizada na Vila Progresso, no dia 21 de agosto de 2023, vitimou Vinicius de Souza Silva, 20 anos. Como mostrou a Agência Pública à época, o jovem foi a vigésima pessoa morta por intervenção policial durante a Operação Escudo, que iniciou no fim de julho daquele ano, como resposta à morte do soldado da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA), Patrick Bastos Reis.

“O corpo do Vinicius estava muito machucado, todo apanhado. Tinha marca de botina. Ele estava de barriga para cima, na parte do estômago e peito estava fundo e com marca de botina”, contou um familiar de Vinicius.

Uma testemunha afirmou à reportagem que a polícia chegou atirando contra um grupo de jovens que estava conversando e que “depois que ele (Vinícius) levou um tiro na coxa, não conseguiu correr com todo mundo. Caiu no meio do mato e a polícia matou ele pisando na cabeça. Ele foi pisoteado até ele parar de se mexer. Depois pegaram o corpo dele e jogaram numa lona, levaram para outro local e esperaram até o Corpo de Bombeiros chegar e levar o corpo dele”.

A Agência Pública teve acesso, com exclusividade, à declaração de óbito de Vinícius, emitida dia 22 de agosto pela Santa Casa da Misericórdia de Santos. O documento aponta que a causa da morte foi choque “hemorrágico, trauma torácico e ferimento por arma de fogo”.

A pedido da reportagem, o perito forense Eduardo Llanos analisou a declaração de óbito de Vinicius. Segundo Llanos, “para produzir um trauma torácico, a bala teria que subir pela perna, passar pela pelve, atingir a barriga e posteriormente o tórax. Não existe esse desvio de trajeto num corpo em movimento quando ele é atingido por um projétil na perna”. Ou seja, além de assassinato, houve tortura. 

Os policiais alegam que durante o patrulhamento se depararam com homens armados e que houve troca de tiros. Testemunhas e familiares negam. Durante a ocorrência, os policiais atiraram 37 vezes: “Jeferson Bastidas da Silva efetuou cinco disparos, Rodrigo Paes de Lira três disparos, Wendel Evangelista Ferreira efetuou três disparos, Luiz Fernando Calixto Shenki efetuou cinco disparos, Juscelino Marcos dos Santos efetuou quatorze disparos e Bruno Nunes Viana efetuou sete disparos”, aponta a matéria baseada no B.O.

Homenagem em tempos de aumento da violência policial

Nesta semana de retorno dos trabalhos legislativos foram divulgados dados alarmantes do último Anuário de Segurança Pública de 2025. Dados que ilustram as consequências lamentáveis de ações policiais como a que o futuro homenageado participou. 

De acordo com o documento, São Paulo vive uma escalada de violência policial, enquanto a média no país registra queda nos índices de violência. As mortes violentas aumentaram, os assassinatos por intervenção policial dispararam e na Baixada Santista está o epicentro desses dados estarrecedores: duas das três cidades com maior proporção de mortes causadas por policiais estão na região – Santos e São Vicente.

O aumento dos óbitos decorrentes de ações policiais não é simples obra do acaso. Pelo contrário! É projeto de sociedade dos que estão no poder. São dados que refletem uma política de segurança pública operada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e seu secretário de Segurança, Guilherme Derrite, que transformaram a Operação Verão/Escudo na Baixada Santista em modelo nefasto para todo o Estado. 

Um movimento que atinge essencialmente a população preta e periférica e que, em Santos, como ficou claro na sessão desta quinta, será expresso em homenagem com o título mais significativo da Cidade.  

“Conheço a postura, a integridade e o comprometimento deste profissional”, disse o vereador autor, Sérgio Santana, sobre o colega de farda futuramente premiado pelo Legislativo Santista.

VEREADORES DE SANTOS, PARA QUEM ELES TRABALHAM?