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VEREADOR USA CÂMARA COMO MÁQUINA DE HOMENAGENS A BOLSONARISTAS

São cômicas e ao mesmo tempo lamentáveis as posturas de alguns vereadores de Santos. Hoje vamos citar como exemplo o vereador Fábio Duarte (PL, 1º Mandato).  

Além de usar a tribuna da Câmara para a todo momento defender o ex-presidente condenado por vários crimes, Jair Bolsonaro, Duarte também propõe projetos inócuos e que ofendem o eleitor santista com mínimo de inteligência. 

São dele três trabalhos lamentáveis apresentados em outubro deste ano, em um intervalo de menos de 20 dias. Veja abaixo:

1. Criação do “Dia do Professor Olavo de Carvalho” no calendário oficial de eventos e datas comemorativas de Santos, a ser celebrado todo dia 22 de janeiro. Projeto de Lei nº 398/2025) 

Como o Regimento Interno da Câmara proíbe fazer homenagem póstumas, a saída do vereador foi criar um dia no calendário para o “guru” dos bolsonaristas. 

Em sua justificativa, o vereador diz que Olavo de Carvalho foi “um representante intelectual do conservadorismo no Brasil, com expressiva influência na extrema-direita, sendo apontado como um responsável pelo surgimento da Nova Direita brasileira. Foi considerado um guru do ex-presidente da República Jair Bolsonaro e do bolsonarismo, qualificação que rejeitava. Seu discurso era caracterizado pela recusa do que chamava de politicamente correto e pela presença de ataques ad hominem e de termos chulos, porém sábios e pragmáticos. Crítico da modernidade, demonstrava interesse por filosofia histórica, história dos movimentos revolucionários, tradicionalismo e religião comparada”.  

A filha de Olavo de Carvalho teve de ir a público mostrar que a idolatria ao guru era a compra de uma “fraude”. Ela escreveu o livro “Meu Pai, o Guru do Presidente – A Face Ainda Oculta de Olavo de Carvalho”, contando como Carvalho era na intimidade. Heloísa de Carvalho o responsabiliza por abandono intelectual dos filhos, que não puderam frequentar a escola nas fases adequadas. “Também coloca na conta do guru de Jair Bolsonaro a tentativa de suicídio da mãe, por depressão profunda. O motivo (da depressão) seria o casamento com Olavo de Carvalho, que se relacionava com outras mulheres sem tentar esconder”, diz um trecho da entrevista concedida ao site UOL, em 2019.

“Peraí, vocês estão comprando uma fraude. O cara fez tudo o que fez com a família, deu golpe financeiro em amigos, na editora que editava os livros dele. Ele diz que era da tariqa [organização esotérica islâmica], mas que não era muçulmano. Como não? Montou uma comunidade islâmica com 30 pessoas dentro de casa, tinha várias esposas. Eu fui casada no islamismo quando tinha 16 anos. Tive que me converter para ser do grupo. Era a comunidade que meu pai montou dentro de casa. Tem uma postagem dele dizendo que nunca saiu da Igreja Católica. Como assim?”, declarou.

No último dia 30 de outubro, o projeto do Dia do Professor Olavo de Carvalho teve parecer desfavorável da Procuradoria da Câmara, que detalhou as várias impropriedades do texto: “afrontam os princípios de clareza, precisão e ordem lógica previstos nos artigos 10 e 11 da Lei Complementar Federal nº 95/1998, que dispõe sobre a elaboração, a redação e a alteração das leis”. 

2. Requerimento para instalação de uma placa em homenagem ao médico pediatra Dr. Maurício Lahan, que receitava ivermectina na pandemia de Covid-19 para crianças santistas.

Neste trabalho, o objetivo é homenagear postumamente o médico Maurício Lahan, falecido no dia 2 de outubro de 2025, aos 76 anos. Em sua justificativa, o vereador não cita que em março de 2021, Lahan usou as redes sociais para receitar o medicamento ivermectina como forma de prevenir o contágio pela Covid-19. 

Conforme matéria do G1, o médico compartilhou uma imagem que dizia ser uma campanha nacional, o “Dia de Tomar Ivermectina”. A publicação dava orientações de dosagens para quem quisesse tomar o antiparasitário. “Para o Conselho Regional de Medicina, a divulgação e prescrição de medicamentos, por meio de canais públicos, pode configurar infração ao Código de Ética Médica”, esclareceu a reportagem. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o fabricante do vermífugo já haviam alertado inúmeras vezes que ele não é eficaz contra a Covid. Entidades médicas também se pronunciaram dizendo que o uso de medicamentos sem comprovação científica, como a ivermectina, deve ser banido.

Em entrevista ao G1, Lahan admitiu que começou a receitar este e outros medicamentos, como a hidroxicloroquina e azitromicina, para conhecidos, após se curar da doença com o uso dos remédios.

Como regimentalmente não pode recorrer a um projeto de Decreto Legislativo para fazer uma homenagem póstuma, a saída de Duarte foi usar um requerimento pedindo que a Prefeitura o faça. Porém, curiosamente, o parlamentar não cita no documento o histórico questionável do médico durante a pandemia. 

3. Medalha de “Honra ao Mérito Braz Cubas” ao ex-advogado geral da União André Mendonça, pastor evangélico, indicado por Bolsonaro para ocupar a vaga de ministro do STF. (Projeto de Decreto Legislativo 44/2025)

Em quase dois anos de atuação no Supremo Tribunal Federal, Mendonça proferiu alguns votos que seguem a cartilha bolsonarista. Sua posição, ao lado do ministro Nunes Marques, foi derrotada no plenário do STF que, em maioria, considerou obrigatória a cobrança de vacinação infantil contra Covid-19.

Nas eleições de 2026, Mendonça será o vice-presidente da corte que deverá ser presidida pelo ministro Nunes Marques. As duas nomeações são de Bolsonaro.

Quando esteve à frente do Ministério da Justiça de Bolsonaro, o pastor presbiteriano mandou a Polícia Federal investigar críticos do presidente com base na Lei de Segurança Nacional.

Vale lembrar que também no mês de outubro, quando a discussão era para homenagear uma professora negra na Semana do Professor, Duarte disse não e convenceu os demais vereadores de direita a fazerem o mesmo.  Tudo como uma forma de retaliação à autora do projeto, Débora Camilo, que tem votado contrariamente às homenagens de pessoas que não merecem honrarias. 

VEREADORES DE SANTOS, PARA QUEM ELES TRABALHAM?

VEREADOR FÁBIO DUARTE, A FAVOR DE QUEM LEGISLA?