Negócios milionários conquistados por influência e direcionamento. Organizações sociais são grandes empresas ligadas a grupos políticos que se unem para transações ilegais ou imorais, feitas com o dinheiro público, especialmente na saúde.
Na oitiva realizada pela CPI das OSs, nesta terça-feira (4), na Assembleia do Estado de São Paulo, os deputados da comissão questionaram a Fundação do ABC por manter contrato com uma empresa de radiologia, cujo sócio é professor da Faculdade de Medicina ligada à FUABC e pertence à curadoria que integra a administração do Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André. O equipamento é gerenciado pela mesma FUABC e possui contrato com a referida empresa de radiologia.
A denúncia foi apresentada pelo deputado estadual Carlos Neder (PT), membro da CPI. A informação foi relatada pelo Sinttaresp (Sindicato dos Tecnólogos, Técnicos e Auxiliares em Radiologia do Estado de São Paulo). A entidade revelou que a empresa Radiologia São Paulo Diagnóstico por Imagem S/S, que venceu o certame para prestar serviços de radiologia no Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, Hospital e Pronto-Socorro Central e Hospital Municipal Universitário (HMU), os dois últimos em São Bernardo, tem como um de seus sócios Claudio Campi de Castro.
Como dissemos acima, Castro é professor na Faculdade de Medicina do ABC e faz parte da curadoria que integra a administração do equipamento estadual em Santo André, algo que não é permitido pela lei federal. Segundo Nader, a empresa na qual Campi é sócio atua no Mário Covas desde 2012 e o mesmo contrato foi aditado por sete vezes.
Os questionamentos sobre estas e outras irregularidades foram feitos aos representantes da Fundação do ABC, Luiz Mario Pereira de Souza Gomes, e do Hospital Estadual Mário Covas, Desiré Callegari.
Outras denúncias foram feitas no Hospital de Clínicas Radamés Nardini, em Mauá.
Ao ser questionado sobre o assunto, Callegari afirmou que tinha sido informado sobre a situação a poucos dias e admitiu a irregularidade. “Este contrato está sub judice e estamos averiguando, pois isso realmente é uma improbidade (administrativa), mas não sabíamos disso”.
Em Mauá
Sobre o contrato entre a Fundação do ABC e a Prefeitura de Mauá, os deputados questionaram sobre a falta de determinadas informações sobre valores, número de funcionários e de possíveis serviços realizados além dos previstos.
No final da oitiva, ao ser questionado sobre alguns números, o presidente da FUABC, Luiz Mario Pereira Souza Gomes, evitou confirmar valores, pois o relatório sobre a situação da instituição ainda não foi concluído. Apesar da justificativa, os parlamentares não esconderam a irritação. “Se o senhor vem para falar que acha que o número é esse, então é melhor falar que não sabe”, disse o presidente da CPI, Edmir Chedid (DEM).
“Infelizmente não houve a demonstração das informações. Agora foi dado o prazo de sete dias para esses números possam chegar aqui. Temos que verificar esses números prontamente para incluir no relatório”, explicou Neder.
O prazo para a CPI entregar o relatório final é o próximo dia 17.