O pós feriado foi de luta para médicos, enfermeiros e servidores de diversas especialidades do Hospital Federal de Bonsucesso, no Rio de Janeiro.
Empunhando cartazes “saúde não é mercadoria”, “não é servidor da saúde quem causa prejuízo no Brasil” e “não à privatização do SUS”, os profissionais participaram de uma manifestação na manhã desta terça-feira (3), na entrada principal da unidade.
O Hospital foi consumido parcialmente por um incêndio na semana passada. No momento do incêndio, quase 300 pessoas estavam internadas no local, muitas na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e precisaram ser transferidas para outras unidades de saúde. Oito pacientes morreram.
Os servidores fizeram um abraço simbólico à instituição, um dia antes da abertura parcial do equipamento. Segundo o Ministério da Saúde, os prédios 3, 4, 5 e 6 reabrem nesta quarta-feira (4).
A manifestação teve o intuito de denunciar o fim de parte dos atendimentos, com a suspensão temporária de algumas especialidades e a transferência de médicos e enfermeiros para outras unidades de saúde.
Moradores e representantes de diversas associações do entorno no hospital, boa parte do Complexo da Maré, participaram do ato. A dona de casa Maria Euzete da Costa Pequeno, de 59 anos, moradora da Vila do João, conta que é no HFB que pessoas atingidas por balas perdidas na Maré são socorridas e atendidas.
“Eu vim aqui em solidariedade ao HFB. Aqui é referência, e cuida principalmente da minha comunidade. Quando acontece algo lá é para cá que o pessoal vem. Esse hospital tem que ficar aberto”, disse, em entrevista ao jornal Extra.
O periódico também falou com Carolina Murga Fonseca. A técnica de enfermagem segurava um cartaz “salvamos vidas” enquanto estava em prantos durante o ato. Ela lembrou que, no dia do incêndio, conseguiu salvar vários pacientes que estavam em estado grave. Carolina está no HFB há pouco mais de seis meses.
Durante o abraço simbólico formado por centenas de funcionários e pacientes do HFB de mãos dadas, houve apoio dos motoristas que passavam na Avenida Brasil.
Segundo Mônica Armada, presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Rio, o maior “o receio é que o governo federal entregue o local à iniciativa privada”.
“O maior medo é que aqui seja entregue para a iniciativa privada ou para uma Organização Social (OS) ficar com a direção. Esse ato é a defesa do hospital. Pedimos a reabertura imediata do hospital com segurança para todos: funcionários e pacientes. Tem prédios que não foram acometidos e podem funcionar. A transferência de funcionários daqui para outros locais é um risco para o fechamento permanente “, alertou em entrevista ao jornal.
A médica residente em oftalmologia Izabela Gomes Costa, que trabalha no hospital, afirma que muitos dos pacientes que procuram a unidade são de comunidades carentes. Boa parte deles chega com alguma doença grave nos olhos, como glaucoma.
“Atendemos a muitas crianças, muitos idosos. Na grande maioria, são pessoas humildes e com doenças que precisam de cirurgias. O funcionamento dessa unidade é importante para o estado”, destacou a especialista.
Segundo dados da unidade de saúde, a oftalmologista do local faz 1.842 cirurgias por ano. Além disso, 13.070 consultas são realizadas pela especialidade.
NÃO ÀS OSs E À TERCEIRIZAÇÃO!
Disfarçadas sob uma expressão que esconde sua verdadeira natureza, as OSs não passam de empresas privadas, que substituem a administração pública e a contratação de profissionais pelo Estado. Várias possuem histórico de investigações e processos envolvendo fraudes, desvios e outros tipos de crimes.
No setor da saúde, essas “entidades”, quando não são instrumentos para corrupção com dinheiro público, servem como puro mecanismo para a terceirização dos serviços, o que resulta invariavelmente na redução dos salários e de direitos. No meio desta pandemia, além do medo de se contaminar e contaminar assim os seus familiares, profissionais da saúde enfrentam também a oferta despudorada de baixos salários e falta de estrutura de trabalho, o que contrasta com a importância da atuação deles no combate ao COVID-19.
É evidente que o saldo para a sociedade é a má qualidade do atendimento, o desmonte do SUS e, pior ainda: o risco às vidas.
Todos estes anos de subfinanciamento do SUS, de desmantelamento dos demais direitos sociais, de aumento da exploração, acirramento da crise social, econômica e sanitária são reflexos de um modo de produção que visa apenas obter lucros e rentabilidade para os capitais. Mercantiliza, precariza e descarta a vida humana, sobretudo dos trabalhadores. O modelo de gestão da Saúde por meio das Organizações Sociais é uma importante peça desta lógica nefasta e por isso deve ser combatido.
Não à Terceirização e Privatização da Saúde Pública! Em defesa do SUS 100% Estatal e de Qualidade!
TODA A SOLIDARIEDADE AOS PROFISSIONAIS E USUÁRIOS DO HOSPITAL FEDERAL DE BONSUCESSO