Um absurdo que não é possível mensurar. Três pessoas que lutavam pela vida em uma unidade de saúde de Santo André (SP), pra variar terceirizada, morreram por falta de oxigênio. Na verdade, não houve de fato a falta do insumo. O que houve foi uma pane no equipamento que faz o bombeamento para pacientes internados na UTI para Covid-19.
Uma idosa e dois homens morreram sem o suprimento. Triste tragédia que escancara a irresponsabilidade que é colocar vidas na mão de empresas que existem apenas para extrair lucro de serviços públicos.
Abaixo reproduzimos na íntegra a matéria do G1 sobre o assunto:
Falta de oxigênio em Ambulatório Médico de Especialidades de Santo André, na Grande SP, provoca morte de três pacientes
Unidade de Saúde é administrada pelo estado em parceria com organização social. As vítimas são uma senhora de 80 anos e dois homens de 41 anos. Todos eles estavam internados com Covid na Unidade de Terapia Intensiva.
Por G1 SP — São Paulo
A falta de oxigênio no Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Santo André, na Grande São Paulo, provocou a morte de três pacientes na manhã desta terça-feira (1°).
Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde confirmou os óbitos e disse ter sido instaurada uma sindicância para apurar os fatos.
De acordo com o diretor-geral do ambulatório, Manuel Miranda, o problema ocorreu após uma pane no fornecimento de oxigênio dos três pacientes.
As vítimas são uma senhora de 80 anos e dois homens de 41 anos. Todos eles estavam internados com Covid na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
No texto, a pasta ainda afirma que determinou que a Fundação ABC, organização social de saúde gestora da unidade, afaste temporariamente os eventuais responsáveis até que os fatos sejam apurados.
Ainda de acordo com a gestão estadual, a manutenção da usina de oxigênio foi realizada e o serviço reestabelecido.
Caso em UPA da capital
Em março desta ano, dez pacientes da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ermelino Matarazzo, na Zona Leste de São Paulo, foram transferidos durante a madrugada do dia 20 por conta de problemas no fornecimento de oxigênio na unidade.Na ocasião, uma fila de ambulâncias se formou na porta da UPA para transportar pacientes com Covid-19 para outros serviços de saúde, com mostra o vídeo abaixo. A falha é alvo de investigação do Ministério Público.
SISTEMA FRAUDULENTO ORGANIZADO PARA LUCRAR ÀS CUSTAS DO ESTADO
Ocips e Organizações Sociais (OSs), ONGs e outros tipos de entidades “sem fins lucrativos” recebendo dinheiro público nada mais são que empresas com redes de atuação (muitas vezes bem organizadas e sofisticadas) para lucrar burlando os mecanismos de controle de gastos em áreas públicas e fraudando o estado. Quase sempre atuam em vários municípios de mais de um estado da federação.
Conforme documento da Frente em Defesa dos Serviços Públicos, Estatais e de Qualidade, “OSs e oscips somente se interessam em atuar em cidades e em serviços onde é possível morder sobretaxas nas compras de muitos materiais e equipamentos e onde pode pagar baixos salários. O resultado é superfaturamento nas compras (o modelo dispensa licitação para adquirir insumos e equipamentos), a contratação sem concurso público de profissionais com baixa qualificação e, por vezes, falsos profissionais.
O dinheiro que é gasto desnecessariamente nos contratos com estas empresas sai do bolso do contribuinte, que paga pelos serviços públicos mesmo sem utilizá-los e acaba custeando o superfaturamento e os esquemas de propinas para partidos e apadrinhados políticos”.
No meio desta pandemia, além do medo de se contaminar e contaminar assim os seus familiares, profissionais da saúde enfrentam também a oferta despudorada de baixos salários e falta de estrutura de trabalho, o que contrasta com a importância da atuação deles no combate ao COVID-19.
É evidente que o saldo para a sociedade é a má qualidade do atendimento, o desmonte do SUS e, pior ainda: o risco às vidas.
Todos estes anos de subfinanciamento do SUS, de desmantelamento dos demais direitos sociais, de aumento da exploração, acirramento da crise social, econômica e sanitária são reflexos de um modo de produção que visa apenas obter lucros e rentabilidade para os capitais. Mercantiliza, precariza e descarta a vida humana, sobretudo dos trabalhadores. O modelo de gestão da Saúde por meio das Organizações Sociais é uma importante peça desta lógica nefasta e por isso deve ser combatido.
Não à Terceirização e Privatização da Saúde Pública! Em defesa do SUS 100% Estatal e de Qualidade!