PROBLEMAS EM HOSPITAL TERCEIRIZADO CAUSAM REVOLTA

PROBLEMAS EM HOSPITAL TERCEIRIZADO CAUSAM REVOLTA

Sindserv 28 anos (862)

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“Falta de higiene, medicamentos fora de hora e déficit no quadro de profissionais. Estas são algumas denúncias feitas sobre o Hospital Regional Jorge Rossmann (HRJR), em Itanhaém, no litoral de São Paulo”.

Assim começa a matéria do portal de notícias G1, publicada no último dia 6, a respeito do serviço gerenciado de forma terceirizada pela organização social Instituto Sócrates Guanaes.

A historiadora Luana Ramos não aguentou ver tanto descaso com seu pai, internado no local após ser acometido por um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Ela denunciou diversas falhas no atendimento.  “O negócio está feio”.

Luana conta que o pai deu entrada no hospital no dia 13 de maio e precisou ser internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), ficando até o dia 17. Porém, no dia 19 precisou retornar à UTI, sendo transferido para o leito de enfermaria na segunda-feira (30).

A filha conta que Luiz foi cuidado, recebeu alta da UTI após cerca de dez dias, mas as preocupações com a saúde do pai aumentaram. Entre as queixas estão a demora com os cuidados essenciais e o déficit de funcionários.

“Estou no quarto com meu pai e o negócio está feio. Eles demoraram mais de uma hora para trocá-lo [mudar a roupa]. Ele acabou ficando assado, o que causou muito desconforto”. Luana ressalta que o problema não se restringe à falta de higiene: “(O pai) tirou a sonda de alimentação e passou horas sem receber alimentação via sonda”, afirma.

À reportagem ela disse, ainda, que nenhum médico a procurou na terça-feira (31) para falar sobre o estado clínico do pai, e que, na quarta-feira (1) pela manhã era para ter recebido uma medicação, que foi administrada só na quinta-feira (2), quando recolocaram a sonda de alimentação.

Luana ressalta que as críticas são voltadas à administração do hospital, uma vez que cita observar um déficit de profissionais. “Não é má vontade dos funcionários, mas eles não têm tempo de fazer o serviço porque atendem muitos pacientes”, justificou.

Ela afirma que, ainda durante o tratamento, o pai desenvolveu uma inflamação nos brônquios. “A inflamação foi por ele engolir saliva e ela não ter ido para o estômago e sim para os brônquios”, afirmou a filha.

Banho de madrugada e falta de higiene

A filha do idoso também se diz preocupada com os horários dos banhos, que, segundo ela, acontecem muito tarde ou de madrugada, como já aconteceu, à 1h20. “Absurdo essa hora darem banho em um paciente que não faz três dias que saiu da UTI e que estava com inflamação nos brônquios”, desabafa.

Luana também diz que falta mais atenção dos profissionais na hora de limpar e trocar os pacientes que usam fraldas. “Avisei [a um profissional do hospital] que o moço ao lado [de Luiz] defecou e a fralda abriu. Ficou um cheio horrível. Não dava para ficar lá dentro, mas foram atender o outro quarto”.

Ela revela ter ocorrido um problema semelhante com Luiz, que estava com sonda uretral e ficou mais de um dia sem urinar. Acontece que, quando o paciente urinou, o volume transbordou e “demoraram mais de uma hora para limpá-lo e trocá-lo”, disse.

Na última quinta-feira (2), Luana decidiu relatar os problemas à ouvidoria do hospital e pedir melhores condições para o tratamento do pai.

Confira a nota da Secretaria Estadual de Saúde
O Hospital Regional Jorge Rossmann informa que acompanha o paciente com equipe multiprofissional e presta toda assistência necessária a seu caso. A unidade preza pela humanização do atendimento e segue todas as normas do Conselho Federal de Enfermagem, incluindo o número de funcionários para o melhor acolhimento da população. O Hospital à disposição do paciente e família para mais informações.

Na época em que o hospital regional estava para ser entregue a uma organização social, o Ataque fez diversas matérias abordando os riscos da terceirização para a população e para os cofres públicos.

Autoridades, inclusive os representantes do legislativo municipal se omitiram e nada fizeram para impedir a entrega do equipamento pelo Governo do Estado.

Os problemas começam a vir à tona logo após a publicização e estes mesmos parlamentares passaram a se posicionar contrariamente ao modelo de gestão e a pedir explicações ao Governo e à OS. Claro que de nada adiantou. A OS, que tem ficha suja em outras cidades, segue à frente do serviço, em contrato milionário e sem a devida fiscalização.

Confira abaixo, nos links, algumas dessas denúncias:

Um hospital público moderno, de ponta, gerido por uma empresa

Tudo errado na terceirização do Hospital de Itanhaém

Com OS, custo da gestão de hospital em Itanhaém quase dobra

Hospital de Itanhaém será nova vítima de OS com histórico nebuloso

Retrocesso: ISG deve assumir Hospital de Itanhaém

Liminar na Justiça suspende terceirização do Hospital de Itanhaém para Organização Social

Reviravolta judicial no Hospital de Itanhaém

Problemas na terceirização do Hospital de Itanhaém irritam a população

PAI FAZ PARTO DIFÍCIL E SALVA FILHO APÓS HOSPITAL TERCEIRIZADO DISPENSAR GESTANTE EM TRABALHO DE PARTO

SISTEMA FRAUDULENTO ORGANIZADO PARA LUCRAR ÀS CUSTAS DO ESTADO

Ocips e Organizações Sociais (OSs), ONGs e outros tipos de entidades “sem fins lucrativos” recebendo dinheiro público nada mais são que empresas com redes de atuação (muitas vezes bem organizadas e sofisticadas) para lucrar burlando os mecanismos de controle de gastos em áreas públicas e fraudando o estado. Quase sempre atuam em vários municípios de mais de um estado da federação.

Conforme documento da Frente em Defesa dos Serviços Públicos, Estatais e de Qualidade, “OSs e oscips somente se interessam em atuar em cidades e em serviços onde é possível morder sobretaxas nas compras de muitos materiais e equipamentos e onde pode pagar baixos salários. O resultado é superfaturamento nas compras (o modelo dispensa licitação para adquirir insumos e equipamentos), a contratação sem concurso público de profissionais com baixa qualificação e, por vezes, falsos profissionais.

O dinheiro que é gasto desnecessariamente nos contratos com estas empresas sai do bolso do contribuinte, que paga pelos serviços públicos mesmo sem utilizá-los e acaba custeando o superfaturamento e os esquemas de propinas para partidos e apadrinhados políticos”.

No meio desta pandemia, além do medo de se contaminar e contaminar assim os seus familiares, profissionais da saúde enfrentam também a oferta despudorada de baixos salários e falta de estrutura de trabalho, o que contrasta com a importância da atuação deles no combate ao COVID-19.

É evidente que o saldo para a sociedade é a má qualidade do atendimento, o desmonte do SUS e, pior ainda: o risco às vidas.

Todos estes anos de subfinanciamento do SUS, de desmantelamento dos demais direitos sociais, de aumento da exploração, acirramento da crise social, econômica e sanitária são reflexos de um modo de produção que visa apenas obter lucros e rentabilidade para os capitais. Mercantiliza, precariza e descarta a vida humana, sobretudo dos trabalhadores. O modelo de gestão da Saúde por meio das Organizações Sociais é uma importante peça desta lógica nefasta e por isso deve ser combatido.

Não à Terceirização e Privatização da Saúde Pública! Em defesa do SUS 100% Estatal e de Qualidade!

 

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