Uma criança de apenas quatro anos fez inalação com um copo plástico descartável, durante a noite do último dia 19 de junho. A mãe foi ao atendimento médico após a filha passar mal e apresentar um quadro gripal há algum tempo. O caso em questão aconteceu no Hospital de Clínicas de Campo Limpo Paulista, que é gerenciado pela organização social Associação Nacional de Saúde Social (ANSS).
O médico que realizou o atendimento informou que a criança estava com uma suspeita de pneumonia, tornando-se necessário fazer um procedimento com aparelho de inalação três vezes a cada 20 minutos. Na sequência, ela tinha que passar por um exame de raio X e voltar ao hospital. Porém, quando as familiares foram direcionadas à equipe de enfermagem, a mãe relatou que não tinha mais espaçador disponível.
“Tomei um susto, eles não estavam com esse espaçador. A enfermeira falou para mim: ‘olha, a gente não está com o espaçador aqui, mas vamos improvisar e colocar um copinho’. Aí eu falei: ‘moça, isso não vai dar certo’ . Ela falou assim: ‘não vai ser 100% eficaz igual com o espaçador, mas é o que a gente tem para trabalhar no momento”, disse.
A mãe da paciente também questionou a enfermeira sobre o procedimento. “Questionei sobre o que estava acontecendo e ela disse: ‘olha, o hospital até tem o espaçador, porém, não tem profissionais para fazer a esterilização, a higienização deste aparelho, e a quantidade de espaçador que o hospital tem não é suficiente, por isso a gente está o dia todo quebrando galho com copo descartável”.
A munícipe também disse que, pouco tempo depois, outra mãe chegou ao local com uma criança para fazer o mesmo procedimento, e a medicação foi realizada da mesma forma, com copo de plástico.
Sindicância
A Prefeitura de Campo Limpo Paulista disse que abriu uma sindicância para apurar o caso. Em nota, a administração do município informou que tomará as devidas decisões e irá punir a organização social que administra o Hospital de Clínicas.
“O órgão também reforça que repudia esse tipo de atitude e que o acontecimento não interfere no desempenho da equipe do hospital”.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que ouviria os funcionários do Hospital de Clínicas da cidade e também a direção da organização social ANSS, a qual é responsável pela administração da unidade.
“Imediatamente foi aberta sindicância, na forma da lei, para a apuração da veracidade das fotos, sobre o local onde foram tiradas, sobre eventual responsabilidade de colaboradores dessa entidade (…) E de cumpridora de todas as obrigações legais, sociais e humanitárias dos pacientes sob seus cuidados, de forma que não pactua e jamais pactuaria com os atos supostamente efetivados nas fotos apresentadas”, informaram.
Por fim, a ANSS disse que todos os equipamentos necessários para o atendimento dos pacientes do hospital estão disponíveis nos estoques.
CONTRA TODAS AS FORMAS DE TERCEIRIZAÇÃO!
Disfarçadas sob uma expressão que esconde sua verdadeira natureza, as organizações sociais (OSs), organizações da sociedade civil (OSCs) e oscips não passam de empresas privadas, que substituem a administração pública e a contratação de profissionais pelo Estado. Várias possuem histórico de investigações e processos envolvendo fraudes, desvios e outros tipos de crimes.
No setor da saúde, essas “entidades”, quando não são instrumentos para corrupção com dinheiro público, servem como puro mecanismo para a terceirização dos serviços, o que resulta invariavelmente na redução dos salários e de direitos dos trabalhadores.
No caso acima, vimos que o modelo de terceirização não é por OSs, mas é também prejudicial, pois deixa de contratar profissionais por meio de concurso público. No lugar de servidores de carreira, entram profissionais que não tem qualquer comprometimento com o SUS e com o serviço público de modo geral.
É evidente que todo esse processo de terceirização à galope em todo o Brasil traz como saldo para a sociedade a má qualidade do atendimento e o desmonte das políticas públicas.
Todos estes anos de subfinanciamento do SUS e demais serviços essenciais, de desmantelamento dos direitos sociais da classe trabalhadora, aumento da exploração e acirramento da crise social, econômica e sanitária são reflexos de um modo de produção que visa apenas obter lucros e rentabilidade para os capitais.
Mercantiliza, precariza e descarta a vida humana, sobretudo dos trabalhadores, enquanto executores dos serviços ou enquanto usuários destes mesmos serviços. O modelo de gestão pública por meio das Organizações Sociais e entidades afins é uma importante peça desta lógica nefasta e por isso deve ser combatido sempre.
Não à Terceirização e Privatização dos serviços públicos! Contra da PEC 32 e em defesa das políticas públicas!