Mais um caso de suspeita de negligência médica em hospitais terceirizados na Baixada Santista gera dor e comoção. O caso repercutiu na imprensa local nesta segunda (7). De acordo com uma reportagem publicada no G1, o pai da menina relata que uma fisioterapeuta teria realizado uma manobra que teria perfurado o pulmão da criança.
A vítima tinha apenas 29 dias e morreu no último sábado (5), no Hospital Irmã Dulce, em Praia Grande.
Em nota, o Hospital, gerenciado pela organização social (OS) SPDM, informou que os relatos estão sendo averiguados.
A família alega que a menina foi vítima de negligência médica após a realização de uma manobra. Além disso, os pais alegam que a unidade hospitalar não está disponibilizando o prontuário médico da menina para que seja realizado o exame necroscópico no Instituto Médico Legal (IML). O caso foi registrado como morte suspeita na Central de Polícia Judiciária (CPJ).
O pai da bebê, Paulo Opazo, disse em entrevista ao G1 que Isabella Gomes Opazo nasceu em 6 de outubro e que teve alta dois dias após o parto. Porém, no dia 16 de outubro, ela precisou ser internada no Hospital Irmã Dulce por causa de bronquiolite. Veja trechos da matéria:
Segundo ele, a filha estava apresentando melhora e já tinha previsão para ser desentubada, mas manobras realizadas por uma fisioterapeuta teriam ocasionado a piora de Isabella, que faleceu na noite do último sábado. “Ela estava com a saturação ótima, ia ser desentubada já. A fisioterapeuta mexeu nela, acabou perfurando o pulmão dela, só que eles estão negando”.
Na declaração de óbito, consta que as causas da morte de Isabella foram: choque séptico, hemorragia pulmonar, coagulação intravascular disseminada, sepse fúngica, pneumonia e bronquiolite.
Os pais da menina registraram um boletim de ocorrência. Segundo o documento, eles declararam que a filha estava internada no Hospital Irmã Dulce desde 16 de outubro em razão de bronquiolite e que no dia 4 de novembro, por volta das 16h, uma fisioterapeuta, ao realizar manobras na vítima, trocou de lugar o tubo de intubação.
A mãe relatou que ouviu um barulho e notou que a saturação da filha baixou para 40, sendo que anteriormente estava em 100. Ela questionou se o tubo havia saído do lugar, mas a fisioterapeuta disse que não.
Os pais solicitaram que fosse realizado um raio-X e o médico informou que estava normal, apenas que o tubo estava um pouco para baixo e o colocou no lugar. Eles notaram sangue no tubo e, ao questionar o médico, o profissional informou que era normal.
Ainda de acordo com o bolerim, no sábado (5), a saturação da bebê permaneceu baixa e, por volta das 12h, um médico informou que, segundo o exame de sangue, a vítima estava com fungo ‘cândida’ no sangue, o pulmão estava com muito catarro e início de anemia. Por volta das 20h45, a bebê faleceu.
Prontuário
Além do luto da perda da filha, os pais tentam para conseguir o prontuário médico para realização de um exame, que deve confirmar o que causou a morte da bebê.“Estou tentando que seja feita uma autopsia para comprovação da morte, mas o hospital não quer entregar o prontuário da menina para ser feito esse laudo, eles estão enrolando, dizem que não podem entregar”, disse Opazo.
De acordo com o pai, o hospital já liberou o corpo para ser encaminhado ao IML, porém o Instituto não aceita porque precisa do prontuário. “[O hospital] está negando entregar, está alegando que tem que falar com fulano, ciclano, que precisa de uns 15 dias no mínimo e em 15 dias não vai dar para constatar o motivo da morte”.
Hospital
Em nota, o Hospital Irmã Dulce informou que, para a necropsia, o IML solicita subsídios e não necessariamente a cópia do prontuário, e que o relatório médico para encaminhar ao IML está sendo elaborado.Além disso, o hospital informou que em relação aos questionamentos da assistência, os relatos estão sendo averiguados e que a unidade tem uma equipe técnica capacitada multidisciplinar para a assistência dos pacientes na unidade pediátrica e que fornece de forma humanizada o atendimento aos seus pacientes.
O g1 entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) sobre o IML não realizar o exame necroscópico sem o prontuário médico, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
CONTRA TODAS AS FORMAS DE TERCEIRIZAÇÃO!
Disfarçadas sob uma expressão que esconde sua verdadeira natureza, as organizações sociais (OSs), organizações da sociedade civil (OSCs) e oscips e não passam de empresas privadas, que substituem a administração pública e a contratação de profissionais pelo Estado. Várias possuem histórico de investigações e processos envolvendo fraudes, desvios e outros tipos de crimes.
No setor da saúde, essas “entidades”, quando não são instrumentos para corrupção com dinheiro público, servem como puro mecanismo para a terceirização dos serviços, o que resulta invariavelmente na redução dos salários e de direitos.
Isso ocorre em todas as áreas da administração pública, em especial na Saúde. É evidente que o saldo para a sociedade é a má qualidade do atendimento, o desmonte do SUS, das demais políticas públicas e, pior ainda: o risco às vidas.
Todos estes anos de subfinanciamento do SUS e demais serviços essenciais, de desmantelamento dos demais direitos sociais, de aumento da exploração, acirramento da crise social, econômica e sanitária são reflexos de um modo de produção que visa apenas obter lucros e rentabilidade para os capitais.
Mercantiliza, precariza e descarta a vida humana, sobretudo dos trabalhadores. O modelo de gestão da Saúde por meio das Organizações Sociais e entidades afins é uma importante peça desta lógica nefasta e por isso deve ser combatido.
Não à Terceirização e Privatização dos serviços públicos!