O novo Pronto-Socorro do Jardim Rio Branco foi inaugurado na sexta-feira (24) na Área Continental de São Vicente e está em funcionamento sob a responsabilidade da organização social Santa Casa de Misericórdia de São Bernardo do Campo.
Mais uma unidade de saúde entregue para gestão terceirizada, que tantos problemas tem trazido para os cofres públicos e para a população usuária na Baixada Santista, no Estado e em todo o Brasil.
O novo equipamento deve atender os mais de 150 mil moradores da região e conta com recepção, sala de espera, guichês de atendimento, sanitários, sala de triagem, consultórios médicos, sala de assistente social, ouvidoria, coleta de exames, espaço de espera e de medicação e salas de inalação e curativos.
O serviço vai disponibilizar atendimento odontológico e no caso de pediatria e ortopedia, haverá plantão 24h.
OS chamou paciente falecida para consulta 5 anos depois dela ter solicitado atendimento
A imprensa de Guarulhos publicou recentemente uma matéria que sinaliza o baixo nível de eficiência da organização social Santa Casa de Misericórdia de São Bernardo do Campo.
De acordo com a reportagem, o internauta Wagner Salles queixou-se da gestão da Saúde em na Cidade, apontando situação que envolveu sua família e que demonstra o quanto chega a ser demorado para se conseguir uma consulta ou exame. Veja abaixo:
Desde 2016, sua esposa, Rita de Cássia Napolitano, aguardava consulta com Fisioterapia Ortopédica na rede municipal. Ela tinha fibromialgia e veio a falecer em outubro de 2021.
Para surpresa dele, recebeu mensagem do Cemeg (Centro de Especialidades Médicas de Guarulhos), convocando-a para consulta no Hospital Pimentas-Bonsuceso, que seria realizada no dia 10/2.
Como a mensagem pedia resposta, confirmando ou não o comparecimento, Salles escreveu:
“Referente a essa solicitação de 2016, desde quando descobriu que estava com fibromialgia, infelizmente demorou demais: ela faleceu em outubro/2021. Passa para outro na fila. Isto é, se ainda estiver vivo”.
Salles atua como motorista de aplicativo, percorre várias cidades da região e afirma que a situação da saúde pública em Guarulhos é mais grave do que em outros municípios.
“Ela aguardou esse retorno por mais de 5 anos. Infelizmente, não deu tempo”, escreveu.
O programa Zera Fila foi instituído graças a verba estadual e tem por objetivo reduzir ao mínimo possível a fila de espera por exames e consultas. Para executá-lo, a Prefeitura firmou aditivo dos contratos que mantém com a Santa Casa de Misericórdia de São Bernardo do Campo, à qual está confiada a gestão do HMU (Hospital Municipal de Urgência), no Bom Clima; e do Hospital Municipal Pimentas-Bonsucesso.
No início da implantação do programa, a Prefeitura informou que estavam pendentes 380.520 consultas, cirurgias e exames. Eram 207.828 pacientes esperando consultas especializadas, 171.560 que aguardam exames e 1.132 solicitações de cirurgias eletivas. Entre dezembro e janeiro foram efetivados 182 mil exames e consultas, segundo dados da Secretaria da Saúde.
Em outra matéria, referente à saúde em Itú, há referência sobre valores defasados pagos a profissionais pela mesma OS, que assumiu no ano passado a gestão da Santa Casa do município. Veja aqui:
Segue impasse dos funcionários da Santa Casa de Itu pelo recebimento de direitos
CONTRA TODAS AS FORMAS DE TERCEIRIZAÇÃO E PRIVATIZAÇÃO!
Como se vê, terceirizar os serviços é fragilizar as políticas públicas, colocar a população em risco e desperdiçar recursos valiosos com ineficiência, má administração ou até má fé de entidades privadas.
Disfarçadas sob uma expressão que esconde sua verdadeira natureza, as organizações sociais (OSs), organizações da sociedade civil (OSCs) e oscips e não passam de empresas privadas, que substituem a administração pública e a contratação de profissionais pelo Estado. Várias possuem histórico de investigações e processos envolvendo fraudes, desvios e outros tipos de crimes.
No setor da saúde, essas “entidades”, quando não são instrumentos para corrupção com dinheiro público, servem como puro mecanismo para a terceirização dos serviços, o que resulta invariavelmente na redução dos salários e de direitos.
Embora seja mais visível na Saúde, isso ocorre em todas as áreas da administração pública, como Educação, Cultura e Assistência Social. O saldo para a sociedade é a má qualidade do atendimento, o desmonte do SUS, das demais políticas públicas e, pior ainda: o risco às vidas.
Todos estes anos de subfinanciamento do SUS e demais serviços essenciais, de desmantelamento dos direitos sociais, de aumento da exploração, acirramento da crise social, econômica e sanitária são reflexos de um modo de produção que visa apenas obter lucros e rentabilidade para os capitais. Mercantiliza, precariza e descarta a vida humana, sobretudo dos trabalhadores. O modelo de gestão por meio das Organizações Sociais e entidades afins é uma importante peça desta lógica nefasta e por isso deve ser combatido.
Não à Terceirização e Privatização dos serviços públicos!