FUNCIONÁRIOS DE UBSs TERCEIRIZADAS EM EMBU NÃO RECEBEM RESCISÃO E DENUNCIAM CALOTE EM SALÁRIOS

FUNCIONÁRIOS DE UBSs TERCEIRIZADAS EM EMBU NÃO RECEBEM RESCISÃO E DENUNCIAM CALOTE EM SALÁRIOS

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Centenas de profissionais de saúde de Embu das Artes, dispensados de empresas (organizações sociais) contratadas pelo prefeito Ney Santos (Republicanos) para gestão de unidades municipais de saúde estão há meses sem receber pelos dias de serviço e sem direitos como rescisão.

Matéria do jornal O Verbo cita que os trabalhadores foram submetidos a “rotina humilhante” por parte das terceirizadas que atuam na cidade há pelos menos quatro anos. “Antes restrito aos prontos-socorros “colocados” por Ney em Embu, o “calote” avança para a terceirização das UBSs”.

Abaixo trechos da matéria, publicada no último dia 28.

Desde 2019, pelo menos, com a primeira organização contratada por Ney para gestão dos PSs de Embu – a Edusa -, funcionários não recebem salário em dia e, após desligamento, não têm o dinheiro por tempo de serviço pago, por conta de que o prefeito atrasa ou repassa recursos aquém do previsto nos próprios contratos que assina. Em 2021, Ney “resolveu” também contratar uma empresa para gerir os postos de saúde, a Mãos Amigas, que agora deve a ex-colaboradores.

O VERBO foi procurado por vários profissionais que trabalharam na Mãos Amigas e recebeu números de telefone com apelos para entrar em contato com ex-colegas que também estão sendo lesados por falta de pagamento. Uma agente comunitária de saúde – que pediu para não ter o nome revelado por medo de perseguição – foi demitida após trabalhar 2 anos na empresa, em uma UBS, em junho. “Como faço uma denúncia sobre a prefeitura de Embu?”, disse.

“Fui mandada embora da Mãos Amigas junto com outras pessoas, porém eles não querem pagar. Fui dispensada no dia 7 de junho e até agora não pagaram a rescisão, sem contar duas férias vencidas que tenho na casa. Já tentei de várias formas falar com eles para fazerem o pagamento, mas nada. O FGTS não estava sendo efetuado desde novembro de 2021 e continua sem depósito. Pela minhas contas, tenho a receber entre R$ 18 e R$ 20 mil”, diz. Ela gravou vídeo (veja abaixo).

A técnica de enfermagem Iolete Lopes trabalhou na Mãos Amigas, na UBS Centro, por um ano, sob sufoco. “Sempre o pagamento, condução [auxílio-transporte] e até vale-alimentação, tudo atrasado. Fui mandada embora em julho. Até hoje não recebi nada [rescisão]. Nem o FGTS estavam depositando. E fiquei de receber o retroativo do piso [da enfermagem] desde maio. Triste, porque trabalhei, sempre dei o meu melhor e saí sem nada. Entrei com ação trabalhista”, conta.

Uma auxiliar de saúde bucal – cujo nome não será divulgado – foi funcionária da Mãos Amigas por quase 3 anos, na UBS Pinheirinho. Ela teria sido demitida de forma inusitada, em outro ponto suspeito do contrato de gestão local. “Não trabalho mais lá desde 18 de novembro, porém não fui dispensada nem pela OS nem pela prefeitura […], que mesmo sabendo da minha dispensa me fez caminhar no centro de Embu no ‘Outubro Rosa’. Segui trabalhando até o dia 30”, relata.

Ela afirma que tem a receber FGTS e os dias extras trabalhados, além de multa por atraso. “Não peguei meu salário inteiro”, conta. Ela fala, aliás, que ainda falta a rescisão, em outra situação irregular. “Na carteira digital estou empregada ainda. Eles não chamaram para assinar a dispensa nem nada”, observa, em meio a jogo de empurra. “Venho falando com o prefeito, a empresa e [o vereador licenciado] Renato [Oliveira]. Renato mandou que eu entrasse na Justiça”, diz.

Também auxiliar de saúde bucal, Juliana Polinário trabalhou na Mãos Amigas igualmente por quase 3 anos, nas UBSs Eufrásio e São Luiz. Ela decidiu sair. “Pedi pelo fato da empresa não depositar nada corretamente. No dia 17 de outubro às 19h28 recebi uma mensagem de WhatsApp de que fui desligada. E até então não recebi a rescisão. Me mandaram a folha de seguro-desemprego. Detalhe: pela carteira profissional digital, estou como se ainda estivesse trabalhando”, diz.

Juliana cobra ainda FGTS corrigido, férias não pagas. “Sou mãe solo, quero receber o meu por direito”, avisa. Ela também enfrentou a “prática” da OS. “Ela só pagou certo nos primeiros meses. Depois de 1 ano, começou a não depositar FGTS, atrasar salário, não pagar multa, fora que os funcionários eram coagidos a não falar mal da empresa e menos do prefeito. Tive que passar no médico, estava com síndrome de Burnout [distúrbio emocional]. Tomo remédio até hoje”, explica.

OUTRO LADO
No início deste mês, Ney chegou a dizer, em um áudio, que a prefeitura ia “assumir” o pagamento aos ex-funcionários da Mãos Amigas, em admissão de responsabilidade sobre a má gestão financeira. Mas depois “esqueceu”, não falou mais nada. Questionado sobre o “calote”, Ney ficou em silêncio, mesmo sob insistência deste portal, que o interpelou nos dias 14, 16 e 18. Só após a pressão, ele resolveu anunciar que a administração vai pagar aos profissionais lesados.

Em vídeo que divulgou no dia 22, Ney alegou que as empresas que passaram por Embu, entre elas a Mãos Amigas, não pagaram as rescisões e os “colaboradores devem procurar o Sindbeneficente [Cotia e Região], sindicato que está preparando uma estrutura via WhatsApp e presencialmente para organizar os acordos já em janeiro do próximo ano”. “Mais de R$ 25 milhões serão pagos a quem tem direito”, diz. Profissionais desconfiam da nova promessa.

VEJA VÍDEO EM QUE EX-FUNCIONÁRIA DA MÃOS AMIGAS RELATA ‘CALOTE’ – ‘VAI PAGAR O POVO, PREFEITO; O POVO NÃO QUER SHOW, QUER DINHEIRO PARA PODER ALIMENTAR A FAMÍLIA’

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