O presidente da Associação das Diversidades Intelectuais (Adin) de Tangará da Serra (MT), a 242 km de Cuiabá, Rui Alberto Wolfat, foi preso na manhã da última quarta-feira (26), durante a Operação Neurodiverge, deflagrada pela Polícia Civil. A organização da sociedade civil (OSC) oferece suporte a crianças neurodivergentes da rede municipal de ensino, por meio de convênio com a Prefeitura.
Além do presidente, outros três funcionários, incluindo o filho de Rui, foram levados à delegacia para prestar depoimento.
A investigação foi iniciada em setembro de 2024, após uma denúncia anônima feita pelo Disque 100, apontando irregularidades na gestão da Adin. De acordo com o delegado Gustavo Espíndula, a associação recebeu R$ 2 milhões da Prefeitura nos três primeiros meses deste ano e há indícios de apropriação indevida de parte desse valor.
“São muitos crimes investigados, principal deles corrupção ativa. Além disso, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e uma possível organização criminosa que está sendo apurada ainda”, descreve o delegado.
Mandados e bloqueios
Durante a operação, foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão, além de sequestro de bens móveis e imóveis, bloqueio de contas bancárias e afastamento do presidente e demais representantes da Adin.
A análise do material apreendido, incluindo celulares e computadores, deve trazer mais informações sobre o esquema fraudulento.
Fundada em 2022, a Adin oferece suporte a crianças neurodivergentes da rede municipal de ensino e já realizou mais de 7.800 atendimentos. Em 2024, a entidade recebeu R$ 665 mil do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) para sua estruturação e manutenção.
Para evitar a paralisação dos serviços, a juíza responsável pelo caso deverá nomear um interventor que assumirá a administração da instituição durante as investigações.
CONTRA TODAS AS FORMAS DE TERCEIRIZAÇÃO E PRIVATIZAÇÃO!
Como se vê, terceirizar os serviços é fragilizar as políticas públicas, colocar a população em risco e desperdiçar recursos valiosos com ineficiência, má administração ou até má fé de entidades privadas que visam lucro a qualquer custo.
Disfarçadas sob uma expressão que esconde sua verdadeira natureza, as organizações sociais (OSs), organizações da sociedade civil (OSCs) e oscips e não passam de empresas privadas interessadas em substituem a administração pública e a contratação de profissionais pelo Estado com força de trabalho barata e precarizada. Várias possuem histórico de investigações e processos envolvendo fraudes, desvios e outros tipos de crimes.
No setor da saúde, essas “entidades”, quando não são instrumentos para corrupção com dinheiro público, servem como puro mecanismo para a terceirização dos serviços, o que resulta invariavelmente na redução dos salários e de direitos. Embora a precarização seja mais visível na Saúde, isso ocorre em todas as áreas da administração pública, como Educação, Cultura e Assistência Social.
O saldo para a sociedade é a má qualidade do atendimento, o desmonte do SUS, das demais políticas públicas e, pior ainda: o risco às vidas.
Todos estes anos de subfinanciamento do SUS e demais serviços essenciais, de desmantelamento dos direitos sociais, de aumento da exploração, acirramento da crise social, econômica e sanitária são reflexos de um modo de produção que visa apenas obter lucros e rentabilidade para os capitais. Mercantiliza, precariza e descarta a vida humana, sobretudo dos trabalhadores. O modelo de gestão por meio das Organizações Sociais e entidades afins é uma importante peça desta lógica nefasta e por isso deve ser combatido.
Não à Terceirização e Privatização dos serviços públicos!