TERCEIRIZAÇÃO E LUCRO ACIMA DA VIDA: MAIS UMA MORTE EVITÁVEL NO HOSPITAL DOS ESTIVADORES

TERCEIRIZAÇÃO E LUCRO ACIMA DA VIDA: MAIS UMA MORTE EVITÁVEL NO HOSPITAL DOS ESTIVADORES

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Um caso muito triste que aumenta as estatísticas de mortalidade materno-infantil em Santos foi divulgado nesta terça (30), no jornal A Tribuna e no G1. Trata-se da morte de uma munícipe de 33 anos, que teve parto realizado no Hospital dos Estivadores, terceirizado para a organização social Instituto Social Hospital Alemão Oswaldo Cruz. O bebê passa bem. O óbito ocorreu no último dia 24, após a paciente apresentar uma hemorragia.  Para a família, trata-se de negligência e erro médico. A polícia está investigando o caso.

Muitos são os episódios parecidos que culminaram com morte ou quase morte de mãe ou bebê. Veja nos prints dos comentários retirados das postagens da reportagem no site, Instagram e Facebook de A Tribuna:

A matéria de A Tribuna, na íntegra, segue na sequência. Para ler diretamente no site do jornal, clique aqui.

Mulher tem hemorragia e morre após parto no Hospital dos Estivadores, em Santos; Polícia instaura inquérito

Amanda Porfírio da Silva, de 33 anos, morreu após ser submetida a um trabalho de parto no Hospital dos Estivadores em Santos, no litoral de São Paulo. A família registrou o caso junto à Polícia Civil para apurar possível negligência ou erro médico, afirmando que a vítima passou cerca de 24 horas sem o atendimento adequado, mesmo estando com uma hemorragia grave.

O marido de Amanda, Thiago Rodrigo Pereira Jusis, informou que a esposa deu entrada no hospital em 12 de abril, com 39 semanas de gestação e encaminhamento para um parto por cesariana. No entanto, no pronto atendimento, a realização do procedimento foi negada.

Segundo Thiago, o hospital informou que a cesariana só poderia ser realizada caso Amanda já estivesse em trabalho de parto. A paciente, então, foi submetida a procedimentos do parto normal, como a indução.

Segundo o marido, no decorrer do processo, Amanda disse à médica que estava sendo “forçada” a realizar o parto normal. “Aí pararam de fazer, mas ela ficou com dor. Foi várias vezes ao chuveiro para parar a dor”, conta Thiago.

O parto foi realizado normalmente, porém o médico informou que havia um sangramento interno. Na sequência, a paciente deixou o centro cirúrgico e ficou sob observação durante o dia.

No dia seguinte, Thiago recebeu uma mensagem de sua esposa dizendo que retornaria ao centro cirúrgico. “Quando eu fui para o hospital, já estava entubada. E os médicos falaram que o estado dela era super grave, que estava com compressa dentro da barriga, porque eles não tinham achado onde estava o sangramento”, conta.

Amanda precisou receber transfusão de sangue devido ao sangramento excessivo – que foi localizado, porém o pulmão de Amanda ‘havia parado’ de funcionar. “Aí começou o pesadelo dentro do hospital. Falta de informação, os pedidos que eu fazia não eram atendidos”, afirma Thiago.

De acordo com ele, não foi disponibilizado o prontuário médico da paciente para a família, nem foi revelado o que provocou a hemorragia durante o procedimento. “Muitas falhas, muitas perguntas que fazia e não me respondiam”, conta.

Amanda, segundo Thiago, ainda teve o funcionamento dos rins comprometido. Ela faleceu na última quinta-feira (24), após ficar mais de dez dias internada no hospital. “Meu filho, de apenas 9 anos, me pergunta: ‘Por que ela não volta?’ E eu não sei como responder”, diz.

O advogado da família, Lucas Pórpora, informou que um boletim de ocorrência foi registrado no 4° Distrito Policial de Santos para que sejam iniciadas as devidas investigações pela Polícia CIvil. “A documentação médica a ser fornecida pelo município será submetida à análise pericial, por profissional técnico habilitado na área da saúde.

No âmbito administrativo, será formalizada representação junto ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), a fim de que seja instaurada sindicância destinada à apuração de eventuais infrações éticas atribuídas à equipe médica responsável pelo atendimento”, diz a defesa da família, em nota.

A defesa ainda informou que serão adotadas as medidas judiciais cabíveis, como uma ação visando a reparação dos danos materiais e morais causados.

Posicionamento
Em nota, o Complexo Hospitalar dos Estivadores lamentou o falecimento da paciente. O hospital informou que ela foi atendida “de forma integral, entre os dias 12 e 14 de abril, de acordo com as melhores práticas, com o empenho de equipes especializadas e de recursos necessários”. “Os familiares, com os quais nos solidarizamos, receberam informações irrestritas durante todo período”, diz a nota.

O hospital informou, ainda, que todos os óbitos ocorridos na unidade de saúde são investigados pela Comissão de Óbito. No caso de morte materna, também é realizada avaliação externa por autoridades sanitárias competentes. O hospital destacou que segue à disposição dos familiares para quaisquer outros esclarecimentos.

Várias matérias foram com denúncias de erro e negligência dentro do Hospital foram publicadas aqui no Ataque aos Cofres Públicos nos últimos anos. Veja abaixo alguns links.

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CONTRA TODAS AS FORMAS DE TERCEIRIZAÇÃO E PRIVATIZAÇÃO!

Terceirizar os serviços é fragilizar as políticas públicas, colocar a população em risco e desperdiçar recursos valiosos com ineficiência, má administração ou até má fé de entidades privadas.

Disfarçadas sob uma expressão que esconde sua verdadeira natureza, as organizações sociais (OSs), organizações da sociedade civil (OSCs) e oscips e não passam de empresas privadas, que substituem a administração pública e a contratação de profissionais pelo Estado. Várias possuem histórico de investigações e processos envolvendo fraudes, desvios e outros tipos de crimes.No setor da saúde, essas “entidades”, quando não são instrumentos para corrupção com dinheiro público, servem como puro mecanismo para a terceirização dos serviços, o que resulta invariavelmente na redução dos salários e de direitos.

Embora seja mais visível na Saúde, isso ocorre em todas as áreas da administração pública, como Educação, Cultura e Assistência Social. O saldo para a sociedade é a má qualidade do atendimento, o desmonte do SUS, das demais políticas públicas e, pior ainda: o risco às vidas.

Todos estes anos de subfinanciamento do SUS e demais serviços essenciais, de desmantelamento dos direitos sociais, de aumento da exploração, acirramento da crise social, econômica e sanitária são reflexos de um modo de produção que visa apenas obter lucros e rentabilidade para os capitais. Mercantiliza, precariza e descarta a vida humana, sobretudo dos trabalhadores. O modelo de gestão por meio das Organizações Sociais e entidades afins é uma importante peça desta lógica nefasta e por isso deve ser combatido.

Não à Terceirização e Privatização dos serviços públicos!