Aeronave, obras de arte e carros de luxo são apreendidos em operação contra fraude que pode te levado à morte pacientes com câncer

Aeronave, obras de arte e carros de luxo são apreendidos em operação contra fraude que pode te levado à morte pacientes com câncer

operacao_metastase

Em Goiânia (GO), uma operação da Polícia Civil ainda repercute diante do grau de perversidade dos reflexos de possíveis desvios de dinheiro da saúde. Enquanto alguns empresárias estariam se locupletando com aeronaves, carros de luxo e obras de arte, pacientes com câncer tiveram sua morte antecipada por tratamentos inadequados propositalmente.

Essa é a tese dos investigadores da Operação Metástase, deflagrada nesta última quinta (12), que apura supostos desvios de R$ 50 milhões em fraudes nas auditorias médicas entre o Instituto de Assistência dos Servidores do Estado de Goiás (Ipasgo) e o Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (Ingoh).

Os policiais apreenderam uma aeronave, carros de luxo, obras de arte e documentos em 19 endereços de Goiânia, ligados principalmente ao Ingoh. Na sede do instituto, os agentes recolheram medicamentos e prontuários de pacientes atendidos em clínicas da rede.

Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em casas e apartamentos de diretores do Ingoh e ex-gestores do Ipasgo. Além disso, a polícia pediu a prisão preventiva de oito investigados. Elas não foram autorizadas pela Justiça.

 

A investigação

Foram seis meses de investigações que permitiram os policiais traçarem três formas usadas pelos investigados para fraudar as auditorias médicas. A primeira acontecia automaticamente com a ajuda de um robô. A segunda, por meio de empresas terceirizadas e a terceira através de médicos a serviço do Ipasgo e do Ingoh.

Por meio destes métodos, os repasses a receber do Ingoh foram aprovados sem cortes (as chamadas glosas nas notas fiscais) e com faturamento até 10 vezes superior ao recebido pelas demais clínicas credenciadas.

Quimioterapia

O mais perverso é que os reflexos do esquema prejudicavam pessoas em situação extremamente fragilizada, em luta para vencer o câncer. Isso porque o Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia foi credenciado no Ipasgo em 2013, por meio de regime especial, para fazer tratamento de quimioterapia em pacientes com câncer. À época da licitação, o Ingoh se comprometeu a dar descontos de até 15% nos medicamentos usados. Só que as investigações revelaram, no entanto, que o instituto cobrava preços acima do praticado no mercado, usava dosagens menores do que o indicado e produtos de baixa qualidade para lucrar mais.

A polícia apurou que um idoso morreu no início de 2017 por causa das práticas executadas pelo instituto e pelo uso de medicamentos de baixa qualidade.

Ao site G1 o delegado responsável, Luiz Gonzaga Júnior disse: “Essa pessoa tinha um tratamento adequado em um local. Segundo depoimento da própria filha, ela procurou uma segunda opinião. O pai já estava em estágio avançado da doença”.

O delegado ressalta que o paciente recebeu um tratamento inadequado no Ingoh, além de remédios em desconformidade com normativas de saúde sobre o câncer. “Ele teve um encurtamento da sobrevida e chegou ao resultado morte”, afirmou o delegado.

O secretário estadual de Segurança Pública, Rodney Miranda, destaca que o suposto esquema é antigo e pode ter colocado em risco a vida de outros pacientes atendidos no instituto.

Esse é o preço que se paga quando a lógica mercadológica se insere na saúde. Um preço que ninguém gostaria de pagar – a morte – mas que quem vive movido pela sanha do lucro não se importa em cobrar. Por isso terceirizar a saúde, em especial a saúde pública, é colocar a vida de centenas de pessoas em risco.

O que dizem os investigados

Em nota, o Ingoh, disse que recebeu as informações sobre a operação com “total tranquilidade” e que colabora com as investigações. O Ipasgo, por sua vez, disse em nota que apoia as investigações sobre o suposto esquema nas gestões passadas. (veja as notas do Ipasgo e do Ingoh na íntegra ao final da reportagem).

Deixe um Comentário

Você precisa fazer login para publicar um comentário.