Muitas autoridades públicas parecem não ter memória – ou fingem que não têm – em se tratando modelos de gestão fadados ao fracasso. Felizmente, de vez em quando a imprensa ainda resgata o passado manchado de algumas Organizações Sociais que seguem garfando altas somas em dinheiro públicos, por meio de contratos com prefeituras e governos de estado.
Reportagem do jornal Extra, do Rio de Janeiro, mostra que a OS Mahatma Gandhi, uma das pivôs de escândalos de corrupção no Governo fluminense, continua sendo beneficiada pela terceirização irresponsável na saúde.
Veja abaixo a íntegra da matéria:
OS paulista envolvida em escândalos no governo Wilson Witzel avança em licitação da Prefeitura do Rio
Defenestrada das unidades de saúde estaduais, depois de se ver envolvida nos escândalos que levaram ao impeachment do ex-governador Wilson Witzel, aos poucos a OS paulista Mahatma Gandhi volta a dar o ar da graça no Rio — agora na capital.
Acaba de ser classificada na primeira etapa do processo seletivo da Prefeitura do Rio para administrar o Hospital Psiquiátrico Pinel, na Urca.
O valor do teto da licitação é R$ 79 milhões, por dois anos.
Delação
Na delação do ex-secretário Edmar Santos, ele disse que houve direcionamento para que a Mahatma Gandhi vencesse as licitações no Instituto do Cérebro e HTO Baixada.
A Mahatma Gandhi ainda foi mencionada por Edson Torres — empresário que tinha ligação com o presidente nacional do PSC, Pastor Everaldo — como uma das cinco OSs das quais o grupo que ele fazia parte teria recebido “vantagens indevidas”.
Pequena
A OS, que já foi muito grande no Estado, hoje só está em dois municípios, administrando UPAs em Itaboraí e Maricá.
CONTRA TODAS AS FORMAS DE TERCEIRIZAÇÃO E PRIVATIZAÇÃO!
Como se vê, terceirizar os serviços é fragilizar as políticas públicas, colocar a população em risco e desperdiçar recursos valiosos com ineficiência, má administração ou até má fé de entidades privadas.
Disfarçadas sob uma expressão que esconde sua verdadeira natureza, as organizações sociais (OSs), organizações da sociedade civil (OSCs) e oscips e não passam de empresas privadas, que substituem a administração pública e a contratação de profissionais pelo Estado. Várias possuem histórico de investigações e processos envolvendo fraudes, desvios e outros tipos de crimes.
No setor da saúde, essas “entidades”, quando não são instrumentos para corrupção com dinheiro público, servem como puro mecanismo para a terceirização dos serviços, o que resulta invariavelmente na redução dos salários e de direitos.
Embora seja mais visível na Saúde, isso ocorre em todas as áreas da administração pública, como Educação, Cultura e Assistência Social. O saldo para a sociedade é a má qualidade do atendimento, o desmonte do SUS, das demais políticas públicas e, pior ainda: o risco às vidas.
Todos estes anos de subfinanciamento do SUS e demais serviços essenciais, de desmantelamento dos direitos sociais, de aumento da exploração, acirramento da crise social, econômica e sanitária são reflexos de um modo de produção que visa apenas obter lucros e rentabilidade para os capitais. Mercantiliza, precariza e descarta a vida humana, sobretudo dos trabalhadores. O modelo de gestão por meio das Organizações Sociais e entidades afins é uma importante peça desta lógica nefasta e por isso deve ser combatido.
Não à Terceirização e Privatização dos serviços públicos!