Clientes da Unimed deixam de ser atendidos em hospitais de SP

Clientes da Unimed deixam de ser atendidos em hospitais de SP

O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado sob os pilares da saúde pública, integral e universal.  Como já foi visto em centenas de exemplos, as tentativas de implantar a lógica privada no sistema criado para ser de todos e para todos foram trágicas. Quando o lucro é o foco, o mesmo acontece na saúde privada. É o que tem acontecido com operadoras de saúde como a Unimed Paulistana.

Conforme reportagem publicada no site G1, clientes da operadora ficaram sem atendimento porque o plano está perdendo hospitais importantes por falta de pagamento. Pacientes que já estão em tratamento são obrigados a procurar outros centros médicos ou procurar a Justiça.

Cerca de 2 mil segurados que se tratavam no Hospital AC Camargo, um centro de referência em câncer, deixaram de ser atendidos lá. Segundo a direção, a empresa parou de pagar pelo tratamento dos seus clientes e, por isso, foi possível manter somente quem passava por quimioterapia e radioterapia.

Para manter o atendimento, alguns pacientes tiveram que recorrer à Justiça.

Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar, a ANS, que regula os planos de saúde, quando um hospital pede para ser descredenciado por falta de pagamento, a operadora apenas precisa garantir atendimento em outra unidade. E os clientes também precisam ser  avisados imediatamente.

Não foi o que aconteceu com o aposentado Henrique Donatelli. “O hospital veio me comunicar, a Unimed não falou nada.” Uma parente dele está internada há 7 meses no Hospital Bandeirantes, por consequência de uma diverticulite. Ele recebeu a notícia de que seria preciso transferir a paciente porque o hospital não atenderia mais a Unimed Paulistana.

O aposentado chegou a receber faturas no valor total de R$ 190 mil caso quisesse que a mulher permanecesse no hospital. “Ela está com o abdômen aberto, bolsa de colonoscopia, na UTI. Não dá simplesmente para transferir.”

A alternativa também foi entrar na Justiça. A juíza primeiro determinou que a operadora pagasse todas as despesas e mantivesse a paciente no Bandeirantes. Na quinta-feira (11/12), outra liminar pediu que ela seja transferida. A advogada da família tenta mudar essa decisão.

Os hospitais Bandeirantes e AC Camargo confirmaram que encerraram contrato com a Unimed Paulistana por problemas de pagamento, mas disseram que estão prestando assistência aos pacientes, e providenciando remoções.

A Unimed Paulistana respondeu que negociações entre operadoras e hospitais são comuns e que esses processos são comunicados à ANS e aos clientes. Segundo a operadora, a rede credenciada é capaz de absorver os atendimentos. Sobre a parente do aposentado Henrique, a empresa disse que um médico atestou a possibilidade de remoção da UTI sem risco.

A ANS informou que a Unimed Paulistana está sob intervenção da agência. Ela acrescentou que há hoje 26 planos com as vendas suspensas por causa do excesso de queixas dos clientes.

 

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